O meu Meio-Dia, começou às 9h40 da manhã. Apesar do adiantado da hora, mais uma vez dormi as mesmas cinco horas de praxe, não importando que tenha, como ontem, estado em atividade o dia inteiro. Uma vez acordado, já é Meio-Dia. Sol a pino, ainda que chova. Meus Meios-Dias se repetem pelas horas que se seguem como estados d’alma.
Leio as postagens deste #blogvember e passeio por textos que me inspiram. No de ontem, Roseli Pedroso escreveu uma preciosidade em poucas linhas sobre encontros fortuitos, calados, mas definitivos. Como resposta, lembrei de um: “Foi assim que cruzei com os olhos verdes de uma moça que aguardava o ônibus no ponto. A porta traseira foi aberta para que entrasse passageiros – idos do final dos anos 70 – e eu me fixei no brilho do olhar de alguém que jamais voltei a encontrar. Escrevi versos para esse (d)encontro, guardados em algum lugar…”.
Lunna Guedes, deu por si ao Meio-Dia de ontem, quando aniversariava. Fala sobre os plúmbeos e chuvosos novembros de sua vida, incluindo o do dia de seu nascimento. Hoje, não foi diferente. Aproveitei o sol que despontava e saí para ir ao supermercado comprar ingredientes para o estrogonofe do almoço. Voltando das compras, as nuvens toldaram o Sol em dois minutos e uma pesada chuva desabou como se fosse um balde de água fria em cachorros no cio. Era Meio-Dia.
Mariana Gouveia homenageou a nossa editora aniversariante com uma linda missiva. A força do abraço que pulsa em coração lunar é expresso em “palavras que atravessam tempos e se esparramam em cadernos”. Concordo com ela que, com a Lunna, acabamos por criar uma comunidade afetiva em torno da boa escrita.
Assim como Suzana Martins lembra das belezas acidentais de novembro e nos diz que “gosta da confusão equinócia a rasgar o tempo!” – um elogio aos dias intempestivos que aprendeu a apreciar com Lunna.
Em casa, trocada a roupa molhada, começo a assistir mais um jogo da Copa do Mundo de Futebol. França e uma das suas antigas colônias africanas – Tunísia – reproduzem em campo a rivalidade derivada do saldo pesado que toda dominação de um povo pelo outro produz. Terminada a partida, o time do colonizador (carregado de jogadores oriundos de povos colonizados) perdeu o jogo. O time do colonizado ganhou, mas não levou. São os dramas operísticos a reproduzir a História do mundo em realidades simuladas.
Após a chuva, rápida e impertinente, raios solares são refletidos em janelas e paredes. A Luz incursiona por frestas, folhagens, fios elétricos, telhados e peles. Quem disse que chovera meia-hora antes? Minhas roupas molhadas juram que sim. Mas meu olhar perdoa o pequeno inconveniente diante de belos Meios-Dias desta tarde lavada que se repetirão até a chegada da Meia-Noite – o Meio-Dia final…
Participam: Roseli Pedroso / Suzana Martins / Lunna Guedes / Mariana Gouveia