Com a chegada de datas marcadas como importantes — aniversário, por exemplo — passamos por reflexões acerca da passagem do Tempo, lembranças fugidias ou outras, mais palpáveis, porém de certa maneira dolorosas. Em 2014*, escrevi:
“Por poucos anos, tive uma convivência normal com o meu pai. Ele era (é) um homem elegante, com tez amorenada e os olhos puxados, devido a sua ascendência indígena. Eu me pareço mais com o pai dele, o ‘Seu’ Eustáquio Humberto, mas não são poucas as vezes que o vejo em mim, no espelho ou fotografias, e o ouço reproduzido em minha voz. Quando houve a cisão definitiva entre ele e minha mãe, que fisicamente já passou, deixei igualmente de tê-lo mais assiduamente por perto. O Senhor Ortega ainda está presente em meu tempo e espaço e o homenageio, mesmo que de modo torto, mostrando que, um dia, formamos uma família como pai e filho”.
Post Scriptum: Não o imagino me segurando em seu colo muito tempo depois da foto. Ele não afeito a certas formalidades e certamente não se mostrava carinhoso. Na minha memória, no entanto, ele era o meu herói. Essas contradições se pacificaram na tremenda objeção ao seu comportamento que acabei por usá-lo como a um exemplo não ser seguido. O meu pai faleceu há alguns anos… cinco anos, talvez. Não foi marcante como deveria, a não ser pelo fato de que, prestes a entregar um projeto para a Scenarium Livros Artesanais — RUA 2 — sequei. Posteriormente, consegui desenvolver o livro de contos curtos, mas o tema recorrente foi a morte.




