Vivemos um minuto após o outro,
entre chegadas e partidas
de dores e amores.
Em tempos como estes,
caminhamos de metro em metro,
quentes ou frios,
em meio a gentes boas e estúpidas.
Que saibamos escolher quais merecem
o nosso melhor esforço… e nosso calor.
Mês: Junho 2025
09 / 06 / 2025 / Amor Amado
Eu a amo…
Amor não correspondido.
Prefiro assim.
Tem maior valor o meu Amar…
Eu o tenho como tão precioso,
que não quero vê-lo exposto,
devassado por outros olhos
que não os meus,
no espelho de minh’Alma…
Sei de sua Força,
de sua Chama,
que me chama para perto de sua Luz,
ainda que me distancie do Sol…
Caminho por estrada de mão única.
Não me importo que vá Só…
Querer Você e não a ter,
me faz completo.
Paciente, fico à espera
que o Vento me disperse,
que o Tempo peça
que de si me despeça,
Amado Amor…
08 / 06 / 2025 / For Exportation*


Acima, Pedro Paulo Pallermo, eu e meu irmão, Humberto.
Após uns vinte anos, mais ou menos, o Humberto e eu reencontramos o Pedro Paulo que, a frente da Banda For Exportation, nos chamou para realizarmos dezenas de eventos ao longo dos primeiros 10 a 12 anos da Ortega Luz & Som. Pai do Zé Paulo, da Banda HD, o filhão o chamou para o palco e o veterano interpretou da mesma forma, com a velha potência na voz, mais uma antiga, mas vibrante canção. Histórias não faltaram em nossas conversas e a cada menção do nome de companheiros ausentes, percebemos que o tempo passa como num sonho de uma noite de Verão, enquanto esperamos o Outono findar.
*Postagem de exatos três anos.
06 / 06 / 2025 / Projeto Fotográfico 6 On 6 On 06 / Minhas Leituras de Outono
O tempo urge. De tal maneira que ele nos atropela e 24 horas já não são suficientes para conseguir fazer tudo o que queremos, principalmente se somos pressionados por limitações temporais. É o caso deste “6 On 6“, em que acrescentei outro “On 6“, por estarmos no mês seis, o último do primeiro semestre de 2025. O tema remeteria aos textos e livros que eu tenho lido nesta estação do ano em que a temperatura começa a baixar, mas que os sinais de sua chegada haviam se antecipado, com a queda das folhas das árvores já em meados do último Verão. Esse atropelo temporal, também ocorre no Clima, cada vez mais instável e imprevisível. Mesmo a edição deste coletivo faço um dia depois, como se fosse parte do processo. Estava ocupado com o meu trabalho e não houve como publicá-lo na data correta, ontem. Para arrematar esta introdução, pensei em relatar as minhas leituras de livros, mas como tenho me dedicado a “pescar” os meus próprios textos em publicações no mar das redes sociais ao longo dos anos, decidi colocar parte delas, ainda que sejam pequenas notas, para ilustrar o projeto fotográfico. São pequenos capítulos de minha trajetória como escritor-repórter do meu tempo.

Bem me quer?
O medo de não ser querido
impede que eu faça à margarida
a pergunta decisiva: “bem me quer?…
Ou mal me quer?”…
Ainda que o amor me diga “sim!” ou “não!,
jazerá,
a branca flor,
tristemente despetalada
ao chão…
Há, dentro de mim, uma briga
Momentos em que o meu coração grita
Esperneia dentro do peito
Com o pulmão se atrita
Rebela-se contra os órgãos que abastece de sangue
Veja se pode?
Autoritário, tenta impor as suas certezas
Rumar contra as correntezas
Chega a sugerir que sonhe a mente
Mente que aguentará outras aventuras
Que não sofrerá com outra aversão
Confia na sua característica demente
A da mente que se engana facilmente
Porque sabe que ela não se exprime
Para além dos sentidos
Aprecia pela visão
Enternece-se pelo som
Subjuga-se pelo toque
Submete-se pelo gosto
É uma mente limitada
Ao mundo que apreende pelas demandas do corpo
Onde está a minha alma, que não toma o controle?
Por que não assume a posição de senhora?
No conjunto, creio que saibamos a resposta
Buscamos todos
Ainda que pela experiência sensorial
Pelas vidas afora
Encontrar outra alma perdida
De mim, para mim
Amém!
LONGO MAL SÚBITO
Ronco de motores rodovia movimentada
motoqueiro fantasma sem capacete
deve ser parado pária da sociedade
calção chinelos camiseta pobre
desce do cavalo se posiciona com respeito
aqui é autoridade autoritarismo
práticas de tempos passados
por chefes no poder incensados
não reclama não fala se cala
continua sem voz além das muitas na sua cabeça
tomo remédio olha as cartelas
não queremos saber você é fora da lei
eu só quero respeito não cometi crime nenhum
está sem capacete nós estamos protegidos com os nossos
somos senhores da vida e da morte
você deve aprender e quem nos observa também
fica assolado no chão nossas botas na sua canga
vamos aplicar a nossa sentença
culpado por ser brasileiro sem rumo sem ganho
sem profissão
para ganhar o pão
um verme como tantos outros
porque essa tortura?
queria voltar para a casa
vai para a nossa casa ambulante
receberá a lição estamos em guerra
contra quem nos interpõe
representamos o topo do poder
nunca mais repetirá a ousadia de contestar
mataram mais de vinte no Rio
um a mais ou a menos
não sou bandido sou trabalhador
tenho família filhos pai mãe primos
todos tem
ratos que se multiplicam
olha a nossa viatura
a chamamos de carro de dedetização
eliminamos pragas as degustamos com pimenta
me tirem daqui
me desamarrem
abram a caçamba
não sou lixo sequer indigente
sou gente
ah! meus filhos mulher não estou aguentando
me perdoem
não consigo respirar
estou deixando a escuridão
vou para um lugar sem Luz
e sem resposta
mesmo sendo de Santos Jesus
até quando?
Umbaúba, Sergipe, em 26 de Maio de 2022 – dois anos depois da morte de George Floyd, em outro Hemisfério e outro “não consigo respirar”.
UM DIA DEPOIS (10 de Agosto de 2020)
Um dia depois do Dia dos Pais,
o que mudou no País?
Para tantos pais, filhos e famílias,
o segundo domingo de agosto não foi comemorado.
Pais não receberam seus filhos,
filhos não abraçaram quem os gerou
cuidou,
trabalhou,
viveu por…
Muitos, estavam vivos, mas distantes
e distanciados, por força do isolamento
ou pela desavença e litígio.
Eu, mesmo,
passei os últimos anos de meu pai,
alienado da sua presença.
Outros, partiram pela doença do descaso.
Cem mil vezes pranteados.
Há ainda os que estão acamados,
entubados,
estratificados.
Todos, marcados
por estatísticas macabras.
Eu pude estar com as minhas filhas.
Percebi o quanto sou agraciado
por ser beijado,
abraçado,
por me sentir amado,
entrelaçado
pelo enredo familiar.
A minha alegria carregava um travo.
Em domingos sequenciais,
vivemos dentro de uma bolha boçalizada,
em ilhas isoladas,
de mar que se nega a aprofundar.
É como se o oceano não fosse salgado,
suas águas não quebrassem em ondas ao chegarem às praias,
não se permitisse abrigar sereias,
miríades de outros seres,
tesouros naufragados
e continentes perdidos — raso de vida, mistérios e poesia.
Contudo, se aproveitam da crença no fantástico
e renegam a profundidade da Ciência.
Existimos em realidade paralela,
afirmando nossa indecência.
Negamos o conhecimento e festejamos a morte.
Entre plantas — coqueiros e bambuzais —
o supremo mandatário deglute a nossa humanidade.
À caminho da segunda centena de milhar,
o chefe do jogo do bicho medonho continua sem paradeiro.
Quem o impedirá o testa de ferro insubordinado de continuar a jogar?
Há remédio
para evitar que muitos mais pais e filhos
estejam separados no próximo Dia dos Pais,
por arte e obra da desconsideração por brasileiros,
por arte e obra da estultice de eleitores brasileiros?
Ao varrer esta plataforma, encontrei marcas que não havia percebido antes. Como faz alguns anos que foi feita, fiquei me perguntando quem teria deixado este registro para a posteridade. Lembrei das amigas que nos deixaram fisicamente. Não deve ter sido a Penélope, labradora que tinha o corpo e o coração grandes demais. Talvez fosse da Dorô, tão doce e amada por ter crescido junto com as crianças humanas. Ou da Frida, as de olhos de avelãs, quieta ilusionista, que surgia do nada em algum ponto da casa. Da Domitila, que ainda está conosco, também não, pelo tamanho maior do que está marcado. Enfim, o que sei é que daquele patamar as marcas poderão sumir um dia por alguma reforma no piso. Do meu coração, enquanto eu existir, jamais!
Natural (Outubro de 2021)
Nascido há 60 anos em terra, no centro de São Paulo, na maternidade de mesmo nome (hoje demolida), sob Libra, signo do Ar, é na Água que me sinto em meu elemento. Adorei saltar, flutuar em queda, atravessar o azul, mas ao mergulhar é que me percebo um com a Natureza…
Em 2019, escrevi:
“Quem tem cachorros (na verdade, são eles que têm a nós), não deveria usar roupa preta. Ou não se importar com demonstrações de carinho. Pelo amor, nunca pelo contrário, só a favor…
Participam:
Claudia Leonardi / Mariana Gouveia / Lunna Guedes / Roseli Pedroso / Silvana Lopes
05 / 06 / 2025 / Prato Cheio
O prato acima está cheio. Não, não estou falando de comida, mas de memórias. O que também pode ser um rico alimento para a alma. Até o outro dia era um prato simplesmente, igual a outros que temos por aqui, até a Tânia me dizer que a minha mãe deu a ela porque era o meu favorito. Talvez fosse em relação a outros, mas não me lembro de preferi-lo como tal. Mas a minha mãe me conhecia melhor do que eu, não duvido que o utilizasse mais frequentemente. De qualquer forma, passei a utilizá-lo mais vezes desde então. É como se tentasse reaver as lembranças que o preenchia de antigos sabores. Reparei apenas que o arroz e feijão ficou mais apetitoso. A mente é realmente um grande ingrediente em qualquer prato…








