31 / 07 / 2025 / Velho Aos 10

Desde jovem sou apaixonado por Maysa. Quando descobri um disco dela perdido entre outros, tão ou mais antigos quanto, eu simplesmente não parava de ouvi-lo, a ponto de deixar todo mundo em casa maluco. O meu pai tinha um disco de 48 rotações que de um lado tinha “Meu Mundo Caiu” e, do outro, “Ouça”. Eram belíssimos exemplos das chamadas músicas “dor-de-cotovelo”. Eu tinha cerca de dez anos e já sofria por amor não correspondido, vê se pode…

30 / 07 / 2025 / Quando Me Resgatei*

Numa quinta-feira, final de Julho de 2021*, escrevi: “#TBT recente, de Fevereiro deste ano, momento em que precisei voltar ao útero marinho para me salvar. Esta imagem, feita em Ubatuba, onde passei quatro luas, portava um colar de contas. Escrevi à respeito: ‘Os Pataxó são um povo indígena brasileiro de língua da família Maxakali, do tronco Macro-Jê. Em sua totalidade, os índios conhecidos sob o etnônimo englobante Pataxó Hãhãhãe abarcam, hoje, as etnias Baenã, Pataxó Hãhãhãe, Kamakã, Tupinambá, Kariri-Sapuyá e Gueren.

Apesar de se expressarem na língua portuguesa, alguns grupos conservam seu idioma original, a língua Patxôhã. Praticam o ‘Xamanismo‘ e o Cristianismo. Vivem no sul da Bahia e em 2010, totalizavam 13.588 pessoas, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. A @ingriidortega trouxe da região onde os portugueses aportaram pela primeira vez em Pindorama, esse colar de contas. A minha ascendência indígena me permite usá-lo para além de objeto decorativo, por carregar vários significados. Para mim, é como voltar para a kijeme“.

O uso do colar de contas representou para mim uma volta à minha origem. Quando garoto, nas brincadeiras em que havia simulação de lutas entre Cowboys e Guerreiros Indígenas, eu abdicava dos pedaços de madeira simulando revólveres Colts e adotava varetas simulando arcos e flexas. Quase sempre morria… mas morria com honra. Sentia que era um resgate do meu ser original…

29 / 07 / 2025 / Cavalo De Tróia

Graças à Deus, o pessoal da Ultradireita é burro e não consegue sair da bolha em que vive. Visão de longo alcance? Apenas no sentido de obter resultados financeiros numa jogada “oficializada” por seus asseclas no Congresso. Não tem problema nenhum se algumas medidas venham a impactar o povo como um todo, incluindo os seus descendentes, como o caso do “PL da Devastação”, que causará já quase de imediato graves repercussões ao equilíbrio do Meio Ambiente. As repercussões presenciamos todos os dias.

Vários setores do Agronegócio e outros de extração mineral ou de recursos naturais como árvores de valor de mercado maior, além de empreiteiras que visam construir rodovias em pontos nevrálgicos do Ecossistema nacional, impedidas que estavam pelos impactos ambientais comemoraram, incluindo os envolvidos na liberação que defendiam a sua aprovação. Isso torna a classe política uma referência de corrupção inconteste para o cidadão comum. O mesmo que vota nesses agentes do Mal. É como se pensassem: “Como todos são corruptos, votarei no meu”.

O tal do 03 é um desses sujeitos que se embriagam pela falsa suposição da força que tem junto ao Governo do Agente Laranja. Usado como Cavalo de Tróia pelo Agente Laranja, que está mais preocupado com o Brasil no BRICS, além do Pix como forma de pagamento alternativa ao Dólar — que financia o déficit dos EUA e que prejudica os negócios das empresas americanas de crédito — percebeu que encontraria aliados ao seu movimento dentro do próprio País prejudicado.

Alegando haver uma “perseguição” ao Ignominioso Miliciano, julgado por ter tentado dar um Golpe de Estado, o usou como referência logo no início da carta aberta ao Governo brasileiro. Além de tentativa de obstrução de justiça no processo que está em curso no Supremo Tribunal Federal contra o seu pai e aliados, 03 defende as medidas tomadas pelo Grande Irmão do Norte contra o País e seus empresários e empregados, cometendo um crime de Lesa-Pátria e até de Traição, ao ir contra os interesses nacionais.

A Lei Nº 7,170 de 1993 define os crimes contra a Segurança Nacional, a Ordem Política e a Social. O Artigo 20 da referida Lei enumera diversos atos criminosos como os praticados com intuito de inconformismo político ou para obter fundos para manter organização ilícita, sendo passíveis de pena de reclusão de 3 a 10 anos.

As consequências imediatas trazidas por esse movimento tão ousado como incauto é que as chances de reeleição de Lula em 2026 (à priori) aumentaram consideravelmente, prejudicando todos os possíveis candidatos da Direita e Ultradireita que, um tanto baratinados num primeiro momento, como aquele que colocou o boné do MAGA quando o Agente Laranja foi eleito e não conseguiu desmentir-se ao não atacar o tarifaço de 50% a todos os produtos brasileiros. Incluindo os produzidos por São Paulo, Estado que elegeu o ex-militar carioca para conduzi-lo. Apenas para não contrariar o grupo de seu padrinho político.

Internamente, a Direita e Ultradireita estão numa sinuca de bico. É bem verdade que a política brasileira muda de cenário tão rápido quanto o clima em tempos de crise climática. Mas dadas as condições atuais, o venenoso Agente Laranja conseguiu fazer contra essa visão disfuncional nacional muito mais do que todas as propostas e/ou os movimentos da Esquerda durante os últimos anos.

28 / 07 / 2025 / Ódio (Ou Desprezo)

O ódio é um sentimento pessoal e intransferível? No meu caso, sim. Eu procuro não sentir ódio porque me sentiria intoxicado a ponto de adoecer. E nem quero exportar o meu sentimento íntimo ao próximo. Odiar me faz mal. Mas não deixo de sentir raiva. Para evitar um ciclo vicioso da raiva se transformar em ódio acabo por cultivar um sentimento que me desgastaria inutilmente, eu acabo por desenvolver um sentimento pior — o desprezo.

O desprezo é um sentimento pior porque pressupõe uma manifestação de superioridade em relação ao outro que não faz parte dos meus princípios. Além disso, sei que ninguém deve se considerar acima das forças da vida que equaliza a todos nós como seres pequenos demais para nos sentirmos superiores aos semelhantes. Ser um convicto também é algo que carrega um peso extra — o da imobilidade mental. É uma característica dos loucos.

Em contraponto, alguns considerariam que mudar de posicionamento seja uma questão de fraqueza moral. Por outro lado, a imagem que eu tenho é de estarmos sendo atacados com bolas de fogo jorrados por um vulcão em erupção e mudança de opinião é um movimento de autodefesa, evitando ser transformado em cinzas. Mas não fujo do campo de batalha. Pode parecer contraditório, mas considero uma maleabilidade racional, principalmente em tempos em que temos informações demais e, muitas, falsas, jogadas ao ar como se fossem bombas.

A batalha que mais se aproxima de soldado de uma guerra é a de me colocar contra o movimento de Ultra-Direita capitaneada a partir dos EUA pelo Agente Laranja. Assim como o veneno usado pelos EUA durante a Guerra do Vietnã,que ocorreu de 1962 a 1971um herbicida desfolhante que até hoje, segundo recentes pesquisas realizadas continuam a contaminar o solo e os habitantes do País asiáticoas suas ações, ainda que combatidas de frente, terá repercussões durante décadas.

Esse movimento encontrou dentro do Brasil aliados entusiasmados que mesmo ao prejudicar a nação não se importam em não apenas aceitarem como colaborarem com o movimento de ataque de guerra econômica ao País. O Agente Laranja, aproveitou seu posicionamento ideológico para justificar taxar em 50% todos os produtos exportados por nós ao País “amigo” por conta de uma suposta perseguição do Brasil ao seu “amante” –– como o próprio amante se coloca.

Essa tarifação supera qualquer outra impingida aos outros países e se configura como uma chantagem, como se fosse o resgate de um sequestro. O movimento que lidera, o MAGA, em suas bases carrega um grupo que mais se assemelha a componentes da Ku Klux Klan. Ou até do Neonazismo. Carregam a mesma raiz — ódio dirigido aos diferentes de suas convicções, com exponencial viés racial e um ideário religioso que avilta os mandamentos cristãos que dizem aceitar buscando, em última instância, a “purificação” do povo americano.

Querer a “América Grande” outra vez de fato idealiza deixar todos os outros países abaixo os seus pés. Isso não acontecerá. O inimigo anterior era a Rússia, agora é a China que cometeu o grandíssimo pecado de levarem o Capitalismo à sério, o transformando em política de Estado. Sua imensa população de 1,5 bilhão de pessoas tem saboreado com a paciência desenvolvida em 5.000 mil anos de existência alcançar pouco a pouco um patamar de desenvolvimento positivo como nunca na História da Humanidade.

A ideia de que se trata de um País comunista — apesar de não entenderem do que Comunismo se trata — faz com que encontre temerosos agentes de combate contra a sua ideologia. Mas a política empreendida pelo País asiático tem um método que não é usado pelos EUA — o de capacitar seu parceiro de negócios com estruturas que viabilizem as trocas comerciais como a construção de portos e vias de transporte como ferrovias e rodovias, além de fábricas locais. Talvez seja o comportamento mais próximo do que se significa, ainda que com características capitalistas, do que seja Comunismo.

O meu desprezo aos recalcitrantes de plantão, daqueles que estão à serviço do retrocesso, negociadores da pobreza para se sentirem ricos, de comerciantes do racismo e da negação de que somos iguais em direitos, aos defensores da religião como modo de desunião em vez de comunhão entre os cidadãos de um País e entre os povos do planeta.

27 / 07 / 2025 / Sensitivas

Hoje, estive em São José dos Campos. Ao sair do apartamento do meu cunhado, me deparei com a placa da Rua das Sensitivas. Quase que imediatamente pensei, “como são quase todas as mulheres”. Sim, porque durante milhares de anos de dominação pelo Patriarcado, o gênero feminino desenvolveu a intuição de modo eficaz como se fosse um sexto sentido para se antecipar às mais diversas situações em que ficariam em perigo somente por estarem na hora errada no lugar errado ou para saber sem maiores provas factuais que algo aconteceu. Questão de sobrevivência.

Atualmente vivemos uma epidemia de feminicídios. Por mais que existam mecanismos de proteção, a situação de violência contra as mulheres tem escalado para padrões absurdos. Sou pai de três moças que namoram ou moram juntos com companheiros. Sempre respeitei as suas escolhas. Eu as estimulei que se emancipassem e alcançasse os seus lugares de desejo. Mas quando uma delas desenvolveu um relacionamento de brigas constantes, resolvi intervir, mesmo porque viviam no recesso do nosso lar. Ela, de início, não gostou dessa intervenção. Mais tarde, constatou que a minha atitude foi de proteção e ainda que não me falasse algo à respeito, sei que me “perdoou” pela intervenção.

O que eu desejo é que esses seres superiores possam utilizar a sensitividade desenvolvida em milhares de anos no caminho do autoconhecimento para finalmente ocuparem o seu lugar no mundo — o de substituir o gênero masculino como protagonistas dos novos tempos.