09 / 11 / 2025 / Blogvember / As Palavras Mudam…

…de minuto a minuto…
de fato as palavras se reproduzem como larvas em carniça
ou como fogo em palha
ou como avalanche em estação de esqui
matando centenas de esquiadores
espinhas em adolescentes
ofensas em briga de casal
mas palavras também florescem feitos margaridas na primavera
jasmins nos jardins
beijos entre namorados
pássaros nos ninhos
frutos nos campos
e amor entre quem quer amar…

Participação: Lunna Guedes / Mariana Gouveia

08 / 11 / 2025 / Blogvember / Os Trajetos São Irreconhecíveis

porque nunca são os mesmos mesmo quando achamos que são
aliás ainda que tracemos o rumo exatamente igual ao anterior
será num tempo diferente ainda que cronometricamente idêntico
porque serei outro seremos outros sentiremos de forma diversa
estaremos menos ágeis mais experientes menos inocentes
menos inconsequentes mais óbvios mais capazes menos criativos
seremos menos singulares mais iguais a tantos menos incongruentes
as condições externas serão inconformes nossos corpos disformes
a pressão externa mais pesada ou mais leve a experiência menos sedutora
ainda que seja a vida tamanha
ao fim nada será como antes amanhã…

Participação: Lunna Guedes / Mariana Gouveia

Foto por Kaique Rocha em Pexels.com

07 / 11 / 2025 / Bologvember / Um Dia Se Despiu…

… para o sol e foi feliz!

sim
porque o sol é a razão da vida existir no planeta
e acredita o ser humano que seja singular no incomensurável universo
o único inteligente até mesmo na terra
e nisso erra
esquece de bichos que são sencientes de outra
maneira
que conseguem conviver com as forças naturais
que se adaptam até com as agressões daquele que está no topo
da cadeia alimentar que destrói em nome do poder
que detém o bicho homem a conceder
quem vive e quem morre
é tão triste o que ocorre
esse egocentrismo destempero desespero
por ser tão diminuto
sabendo que na eternidade vive apenas um minuto
que nos tempos estelares não passa de poeira cósmica
e que no grande teatro da metagaláxia
não passa de uma tragédia cômica…

Participação: Lunna Guedes / Mariana Gouveia



05 / 11 / 2025 / Blogvember / Todas As Manhãs Travar o Mesmo Duelo

certa vez ouvi que acordar se assemelhava com um parto
mas poderia dizer que sendo adulto travo um duelo com quem é refletido
no espelho
nunca venço porque aquele que se parece comigo tem argumentos irrefutáveis
e me con…vence que deveria voltar para o cama… ou berço… ou útero
do qual fui literalmente arrancado
me pergunto… por que?
por que a razão de tudo…
por que nascemos se morremos?
por que crescemos se envelhecemos?
por que caminhamos se caímos?
por que casamos se separamos?
por que desejamos se sofremos?
por que sonhamos se acordamos?
por que amamos se somos deixados?
sairei para mais um dia
como se vivesse uma vida antiga
sorrirei conversarei beijarei o rosto dela
agora
só minha amiga…

Participação: Lunna Guedes / Mariana Gouveia

Foto por Lucas Pezeta em Pexels.com

03 / 11 / 2025 / Blogvember / Deslizar De Alegria Nos Cortes Que O Silêncio Impõe

caminho por ruas calmas de uma primavera indecisa
como são todas primaveras
não é a toa que nasci em outubro
a estação parece mimetizar a minha personalidade em desatino
ou sou eu a imitar suas preferências titubeantes
entre chover ou queimar as cabeças dos transeuntes
com o sol a pino
passo por casas antigas que imitam um tempo passadiço
por algum motivo lembro de minha mãe
deslizo de alegria nos cortes de alegria que o silêncio impõe
numa época que o novo deus é chamado de inteligência artificial
numa delas um velho casal se surpreende por sua cachorrinha vir em minha direção
abanando o rabo como se me conhecesse de outra vida
perguntou a ela (não a mim) se já me conhecia
respondi que talvez tenha reconhecido a minha aura
massageei o seu pescoço de pelo cor de cobre com um carinho paternal
fui pai de outros tantos durante toda a minha vida
que não duvido que ela seja a reencarnação de um deles
mais à frente passo por um jardim composto com requintes de simplicidade
duas rolinhas se posicionam descansando da faina de trazer alimento para os filhotes
parei para observá-las se deixaram fotografar
registrei como quem escreve uma cena de uma tarde que arrefece
entre o tudo e o nada
direciono o meu olhar escolho a composição da página
eternizo o verso e reverso do casal de poesia alada…

Participação: Lunna Guedes / Mariana Gouveia