02 / 07 / 2025 / Calma*

A minha sobrinha, Verônica Ortega, lançou ontem o clipe da música “Calma”, composta num momento em que precisava compreender como se colocaria diante de tantas tribulações pelas quais passava. Como já aconteceu comigo mesmo em textos e poemas, “Calma” foi recebida como resposta em forma de canção. A Pandemia apenas acentuou situações que recrudesceram as nossas mazelas e nunca o brasileiro sentiu como agora a necessidade de parar, silenciar, entrar em contato com o seu tempo pessoal e continuar a andar.

Para quem quiser entrar em sintonia com uma mensagem de paz, assista ao clipe com a participação especial de Malagueña, o Fusca 1973, cor verde místico.

Ou ouçam pelo Spotify.

*Postagem de 03 de Junho de 2022.

27 / 05 / 2025 / Bizarre Love Triangle*

Dia de outono, frio e chuvoso. Quase sem querer, enquanto estava mexendo nos arquivos do Gmail, acabei parar no meu perfil do moribundo Orkut. Entre as curiosidades que lá encontro, está a apresentação que fiz do vídeo “Love Bizarre Triangle”, com a banda “Frente!“. Esta versão faz parte da minha lista de preferidos até hoje e quando o postei, em 2006, escrevi o seguinte: “Um cara dos Oitenta como eu, que curtiu a versão original dessa música com o New Order, quer demonstrar que não está engessado em formalidades e adota esta versão da banda australiana ‘Frente!‘ como a ser vista aqui. O vídeo vai bem com a gracinha Angie Hart, até que começam a aparecer os marmanjos do grupo. Percalços à parte, sobram a voz pequena e agradável do anjo, com a letra cortante desta canção de amor desencontrado” –

20 / 05 / 2025 / Ultimatum (Álvaro de Campos)*

Em 2017* publiquei: “Há cem anos, Álvaro de Campos, um dos heterônimos de Fernando Pessoa, escreveu e Maria Bethânia lindamente declamou… Fiquei emocionado, pois estou a ficar sem anos para contar até que chegue o fim dos meus tempos sem tempo. Os tempos se renovam em podridão de eternas e humanas doenças do espírito e sei que morrerei sem ver este País grande e justo, como um dia sonhou o menino que um dia eu fui…”.

O interessante é que por pior que estivesse a nossa situação social e econômica, tudo pioraria nos anos seguintes. Estávamos há um ano da eclosão dos seres nefastos que saíram do esgoto da História para não terem mais vergonha de assumirem as suas posturas ignominiosas, como se fossem perfeitamente normais. Não eram, mas se tornaram quase naturais. Como Álvaro de Campos proclamou em seu Ultimatum, que sejam despejados os “Charlatães da Sinceridade”.

11 / 05 / 2025 / Cazuza

Então, por uma dessas interações que ocorrem ao vermos um vídeo, que nos leva a outro e depois a outro, cheguei ao Cazuza. Talentoso e controverso, filho da classe média abastada que vivia a vida louca das ações marginais de boutique e exageros típicos dos jovens inconformados com a pequenez do cotidiano, foi então o encontro com a possibilidade da morte eminente que o fez grande. 

Conviveu com a Morte como quem encontrasse “alguém” com quem pudesse dialogar de igual para igual. Nesse contexto, “O Tempo Não Para!” foi uma tradução que profetiza todos os tempos, a incluir os atuais. Eu me lembro da apresentação desse tema realizada ao vivo em um programa especial de televisão. Tanto quanto o público, que o ouvia pela primeira vez, percebi o peso do que dizia:

“Disparo contra o Sol
Sou forte, sou por acaso
Minha metralhadora cheia de mágoas
Eu sou o cara
Cansado de correr
Na direção contrária
Sem pódio de chegada ou beijo de namorada
Eu sou mais um cara

Mas se você achar
Que eu tô derrotado
Saiba que ainda estão rolando os dados
Porque o tempo, o Tempo não para

Dias sim, dias não
Eu vou sobrevivendo sem um arranhão
Da caridade de quem me detesta

A tua piscina tá cheia de ratos
Tuas ideias não correspondem aos fatos
O Tempo não para

Eu vejo o futuro repetir o passado
Eu vejo um museu de grandes novidades
O Tempo não para
Não para, não, não para

Eu não tenho data pra comemorar
Às vezes os meus dias são de par em par
Procurando agulha no palheiro

Nas noites de frio é melhor nem nascer
Nas de calor, se escolhe: é matar ou morrer
E assim nos tornamos brasileiros
Te chamam de ladrão, de bicha, maconheiro
Transformam o País inteiro num puteiro
Pois assim se ganha mais dinheiro

A tua piscina tá cheia de ratos
Tuas ideias não correspondem aos fatos
O tempo não para

Eu vejo o futuro repetir o passado
Eu vejo um museu de grandes novidades
O tempo não para
Não para, não, não para”…

05 / 03 / 2025 / Da Sacada*

Numa quinta-feira, dia 08 de Março de 2018, estreou o clipe musical “Da Sacada”, por Marcos Wilder (@marcoswilder). Protagonizado por mim a convite de um amigo da minha filha mais nova, e pelo próprio Wes, que entendeu que eu poderia desempenhar um papel que mostrasse um homem que caminha pela cidade de São Paulo, em busca de sentido para a sua existência. Foi uma criação coletiva, formulada livremente, ao sabor das imagens colhidas e pelas ideias do Wes que propôs o cruzamento entre dois sujeitos com uma boa diferença de idade. Poderia sugerir que fossem o mesmo homem (passado e futuro), ou um pai e um filho, ou ainda dois amantes. Foi uma experiência interessante e o resultado artístico me agradou bastante, principalmente pelo talento de todos os jovens cineastas envolvidos.

Realização: St. Jude Filmes

Direção: Weslei Matta

Ass. De Direção: Tarsis Sousa

Fotografia: Pedro Oliveira (@pesdrohol)

Edição: Lucas Paiva