30 / 06 / 2025 / A Extinção

Hoje, 30 de Junho, é o Dia Internacional do Asteroide. A data lembra o episódio ocorrido na Sibéria no dia 30 de junho de 1908, conhecido como Evento Tunguska, na Rússia, que destruiu oitenta milhões de árvores em uma área de dois mil quilômetros quadrados (Wikipédia). O evento causou um calor equivalente a 1.000 bombas como a que foi jogada sobre Hiroshima, em 1945, causando um movimento sísmico equivalente a 5,0 graus na escala Richter.

A promulgação dessa efeméride pela ONU foi na intenção de lembrarmos que a eventual queda de um asteroide pode a vir causar uma catástrofe de proporções inimagináveis, tanto a que causou a extinção dos grandes seres que habitavam a Terra há milhões de anos — os dinossauros. Muitas das espécies acabaram por se adaptarem evoluindo para estruturas menores fisicamente, como os pássaros. Há vários programas criados para evitar que algo como tal ocorra, como a vigilância do espaço em nosso entorno, monitorando os corpos celestes, mas a depender da proporção do acontecimento, quase nada poderia ser feito.

Ou seja, estamos à mercê de forças que não podemos controlar. Mas antes que esse evento destrutivo viesse a suceder, podemos cuidar de nossa casa de uma maneira que evite a extinção da vida na Terra por nossas próprias mãos. Alterar o rumo de nosso desenvolvimento sem levar em consideração a destruição de biomas em todos os continentes como tem sido o padrão é urgente e facilmente realizável, a depender da vontade político-econômica.

Cometas, meteoros, meteoritos, asteroides são corpos celestes que passeiam por nossa galáxia, mas como somos um ponto muito pequeno num canto da Via Láctea, não é viável que sejamos atingidos por alguma estrutura de tamanho suficientemente grande que venha a causar o evento que determinou a extinção de milhares de espécies inteiras de uma só vez, proximamente. O que está ao nosso alcance é que não percamos a oportunidade de não estragarmos tudo na nossa vez neste planeta.

Projeto 52 Missivas / São Dias De Olhar Pelo Buraco Da Fechadura…

E o que vejo pelo buraco neste primeiro quarto… de século, Gaia?

Próximo a mudança das estações, mais uma invasão. Homens, tanques, mísseis, blindados, irmãos matando irmãos. Passado o primeiro mês da guerra, não há solução na linha do horizonte…

Enquanto neste quadrante, a invasão de biomas inteiros aumentam dia-a-dia desde há muitas estações com motosserras, fogo e tratores, reduzindo a cinzas no solo empobrecido ou arrancando nossas irmãs árvores de seus lugares de origem para servirem aos que se intitulam senhores de seu corpo. Mais um efeito do Patriarcado, não importando a ideologia?

O clima tem se modificado, como sabe, por nossas interferências indevidas no fluxo natural da vida. Os ciclos não se cumprem, a não ser o de guerras de tempos em tempos para lembrarmos o quanto é fátuo matar e morrer por causas delirantes e ilusórias. Enquanto isso, a ferimos inoculando veneno em suas veias-rios, agredindo os seus úteros-mares, os entulhando de lixo.

Armamos armadilhas improvisadas as quais chamamos de casas em encostas de zonas degradadas que certamente virão a ruir mais cedo ou mais tarde. Ou próximos de nascentes e mananciais de água, as degradando. Sempre achei corajosa a opção de pessoas virem a viver em zonas com possibilidade de terremotos, como os residentes da cidade de São Francisco, localizada sobre a Falha de San Andrés. No Brasil, não é opção, mas falta de…

O buraco da fechadura tem se alargado e o que era para ser reservado e preservado, é escancarado e arrancado como se fosse infindável. Sei que nosso estilo de vida causa a morte de nossos companheiros de jornada. E que esse cortejo de seres extintos nos levará à nossa própria extinção.

O que eu especulo é se conseguiremos sobrepujar nossa atração pelo abismo e pararemos para voltarmos a nos conectar na mesma vibração que seu corpo emana, quando nos sentiremos como células-filhas acolhidas em seu corpo luminoso de azul.

Gaia, até onde deixará que iremos antes que faça o que for preciso para sobreviver?…

Participam: Mariana Gouveia / Lunna Guedes