22 / 11 / 2025 / Blogvember / Os Telhados Estão Molhados…

… para quem tem telhado para se abrigar
porque as casas são modelos nas cabeças das crianças
mesmo as mais pobres as desenham em folhas sujas
em noites escuras à luz de velas
bruxuleantes
sendo tão pequenas acreditam em bruxas voando seus telhados
molhados
mas os monstros estão por perto
são humanos
armados de ódio e maledicência
não gostam dos desvalidos
não suportam a ideia de que tenham residência
um lugar para ficar
ainda mais perto de si
querem distância de tudo que revele a sua pequenez
seres abjetos
em suas mentes carregam dejetos
mas pela eternidade crianças continuarão a desenhar
em folhas de papel suas casas de telhados
molhados…

Participação: Lunna Guedes

Coração & Mente*

Em 2021*, neste dia, escrevi:

“Há exatos dez anos (2011 – data da foto), fazia o 5°. Semestre do curso de Educação Física na UNIP-Marquês. Escrevia algumas crônicas postadas no Facebook, mas por respeitar muito a função, apesar de meu espírito de escritor, eu não me assumia como tal.

No Dia das Bruxas e da Poesia (em homenagem ao nascimento de Drummond) de 2011, fiz uma pequena postagem que achei pertinente. Desde então, sinto que não mudou muito o meu estado mental.

‘Gosto de pensar enquanto ando. Hoje, pensei bastante… Coisas do coração… Ainda bem que temos a cabeça para tal mister! Como já disse Pessoa, ‘se o coração pensasse, pararia’.”

Não poderia deixar passar a coincidência entre uma coisa e outra. No Brasil, hoje, é Dia do Saci-Pererê, também. O verdadeiro representante do imaginário mágico brasileiro a ser festejado nesta data, já que mistura elementos das culturas indígena e africana. Apesar do viés um tanto racista de Monteiro Lobato, o escritor ajudou a divulgar bastante a figura do garoto preto e pequeno, de uma perna só, sapeca como poucos, que chega num pé-de-vento – uma característica que demonstra o seu inconformismo e desapego aos “bons costumes”. Ser poeta, igualmente é nadar contra a corrente em tempos de mensagens rápidas e esquecíveis.

Dança Mágica*

Em relação à imagem acima, escrevi em 13 de setembro de 2016:
“Ontem, como estava há quatro dias “virando” de um evento para outro, não estranhei que me sentisse em um sonho quando começou o cortejo dos candelabros conduzidos pelas bailarinas do grupo de Nazira Izumi. Ao adentrarem ao “Picadeiro“, com o auxílio generoso da bela trilha sonora, o clima da apresentação pareceu o de uma reunião de modernas bruxas na floresta, a homenagear os mistérios femininos com a ciência da vida. Cumpriu a nós, expectadores, apenas nos deixarmos levar pela beleza dos movimentos ritmados daquele ritual…”.

#TBT Do #TBT

No Dia das Bruxas e da Poesia (em homenagem ao nascimento de Drummond) de 2011, fiz uma pequena postagem que achei pertinente. Desde então, sinto que não mudou muito o meu estado mental.

À época, há exatos doze anos, fazia o 5°. Semestre do curso de Educação Física na UNIP-Marquês. Escrevia algumas crônicas postadas no Facebook, mas por respeitar muito a função da escrita, apesar de meu espírito de escritor, eu não me assumia como tal.

“Gosto de pensar enquanto ando. Hoje, pensei bastante… Coisas do coração… Ainda bem que temos a cabeça para tal mister! Como já disse Pessoa, ‘se o coração pensasse, pararia’.”

Em 2015, ao ser chamado por Lunna Guedes para compor o time da Scenarium, “saí do armário” para me anunciar como escritor. O que significa transformar em palavras a vida que acontece. Registros que podem cair no ostracismo por falta de qualidade ou por exigir o esforço da leitura e da interpretação. O que é uma construção mental. Em tempos em que a distração é o objetivo, focar seus olhos e pensamentos em desenvolver uma interação, vai contra a modernidade de simplesmente ver a vida acontecer, sem se envolver. Levamos a arte do voyeurismo à quintessência. E dá-lhe fórmulas prontas e imagens manipuladas para nos dirigir a atenção…

Caçador De Bruxas*

Autografando Confissões, em 2021

*Trecho de “Confissões“, meu terceiro livro pela Scenarium Plural – Livros Artesanais:


“Junto aos nossos desejos de sermos bruxas, dentro de nós atua um inquisidor… um matador de diferentes. Um aniquilador de sonhos. Ao lado da puta que somos. Quem não vende o seu corpo e mente em troca de dinheiro?

Existe aquele que atirou a primeira pedra.

Ser contraditório, mentiroso e hipócrita é condição básica para sobrevivermos nesta sociedade. E, no entanto, não nos falta fôlego para vociferarmos contra o Sistema.

Estar aqui a denunciar nossa pequenez, não deixa de ser uma tentativa de não parecer um minúsculo ser. Não me excluo de todo esse processo em que morremos de vontade de matarmos o que não gostamos, como se não suportássemos o contrário.

Somos caçadores de bruxas. Ainda que filhos de bruxas. Queremos quebrar os nossos espelhos. Reproduzimos os nossos produtores. Produzimos podridões – amores malparidos.

Momento de devaneio, sonho com um mundo que aceite o irmão. Que aceite o mal, o identifique e o reverta. Que sejamos bruxas. Façamos uma poção mágica. Uma porção básica que contamine a escuridão de verdadeira claridade. Peito aberto, mamas e sexos à mostra, barriga prenha de filhos livres da maldição de sermos tão humanamente menores.

Quero ser, além de ser, Ser.”