12 / 10 / 2025 / Dia Do Comércio

Dia 12 de Outubro é o consagrado à Nossa Senhora Aparecida, Padroeira do Brasil. Mas como o País é capitalista, a data ganhou há mais de 100 anos, em 1924, a comemoração de Dia da Criança. A origem envolve um contexto político, a sugestão de unificação americana e campanha comercial. Com o tempo, ao lado das caminhadas à cidade de Aparecida de fiéis católicos à Catedral para ver a pequena imagem encontrada a 12 de outubro de 1717 em que três pescadores, João Alves, Filipe Pedroso e Domingos Garcia, encontraram em suas redes uma estátua de terracota da Imaculada Conceição. A imagem estava quebrada em duas partes, o corpo e a cabeça. Logo após, conta a lenda, que os pescadores passaram a encher as suas redes de peixes.

A intenção comercial de trazer o Dia das Crianças para o dia da Padroeira buscava vincular um dia que era feriado nacional da Mãe do Brasil às crianças. Jogada de mestre publicitário, com o tempo foi ganhando projeção em relação a data do feriado original fazendo com que o comércio passasse a faturar enormemente com a compra de presentes para a petizada. Com a progressão de outras expressões religiosas em relação do Catolicismo, o Dia das Crianças avançou no Calendário como o principal. Eu não sou um fiel católico, apesar de ter flertado com a vida monástica, mas sou cristão por causa de um preceito básico: “amai ao próximo como a si mesmo”, sendo que mais recentemente percebi que a chave dessa frase é amar a si mesmo, caso contrário, não poderei amar ao próximo devidamente.

Porém, com certeza, sou anticapitalista. Mensurar o amor através da compra da alegria em forma de presentes, torna tudo muito nebuloso do ponto de vista humano. Com o desiquilíbrio econômico no Brasil, a medida do amor acaba por adquirir referência no dinheiro investido para que isso seja demonstrado para as crianças da família. As distorções são inevitáveis.

Imagem de Nossa Senhora de Aparecida

Foto das crianças por Monstera Production em Pexels.com

BEDA / DESMAIO

Bom dia, L.!

Último dia de abril e de Blog Every Day April. Maratona que se repetirá em agosto: uma postagem por dia, em que reciclei textos antigos, acrescentadas de novas crônicas que relatam práticas das pessoas a repisarem temas crônicos — a cíclica seara humana de velhas práticas como se novas fossem — nossa sina de maldição. Ou poemas que celebram um homem que ama a Natureza ou a natureza humana de amar por amar. Ou histórias em que invento a vida real.  

Maio será inaugurado com um ataque de rutilantes e frias adagas a cortarem o ar seco de São Paulo com um pouco de umidade. Ainda assim será de pouca chuva e fartura de notícias de ofensas do bandidinho do Planalto Central ao sistema democrático, ainda que precário, mas ainda em vigor até a segunda ordem de velhos de pijamas, em dia com próteses penianas e doses de Viagra para colocarem as suas armas em riste, além das canetas. 

Não tenho por maio um apreço especial. O último dia dele marca o nascimento de meu pai, em 1932. Ou pelo menos, foi o dia que o meu avô inventou para o menino que ganhava a nacionalidade brasileira com já seis anos de idade. De qualquer forma, parece que as características de Gêmeos se sobressaíram em meu pai. Então, o homem idealista, estratégico e oportunista, sacrificou a família em seu projeto sendo instável, nervoso e egoísta. 

A Tânia recordou-me que seu pai morreu num 8 de maio. Coube a mim a dar a fatídica notícia. Não sabia como fazê-lo. Decidi ser direto e reto. Vi a mulher forte se desmanchar em meus braços, em prantos. Eu a segurei firme, solidário a uma experiência que ainda viveria primeiro com a minha mãe e depois com meu pai.   

Maio perdeu o status de mês das noivas para dezembro, já que as cerimônias de casamento recebem o aporte do décimo-terceiro salário para financiá-las. Era o mês das noivas pela influência da Igreja Católica, que o considera o mês de Maria. Pelo “viés feminino” que carrega foi associado às noivas, no intuito de trazer boa sorte para a mulher que se casa — se tornar mãe. Catolicismo e Patriarcado associados para consagrarem o casamento na única opção digna para a mulher: procriar. Quanto às flores, seria apenas no Hemisfério Norte que mereceria esse título. De fato, o nome maio vem de Maia, deusa romana da terra e das flores, celebrada nesta época. 

Por fim, a maior batalha de maio diz respeito ao seu primeiro dia. É um dia disputado por capitalistas e socialistas por causa de apenas um “R”. Para uns, é o Dia do Trabalho, para outros, Dia do Trabalhador. O contexto para os capitalistas é de que o trabalho dignifica o homem, não importando o salário. Para os socialistas, que o trabalhador prescinde do trabalho para se tornar homem. Enfim, importamos aparências desde sempre, aparências que nos enganam. Simbolicamente, quanto melhor contada a mentira, mais aceitável se torna, preferivelmente se for bem mirabolante. No entanto, o dia da mentira é o primeiro dia deste mês que e encerra hoje.

Participam do BEDA: 
Lunna Guedes / Alê Helga / Mariana Gouveia / 
Cláudia Leonardi