10 / 12 / 2025 / PESO

Ouvi alhures:
“Querido Dia, me traga coisas leves”.
Intimamente respondi que sentia falta de algum peso.
“Fortes emoções?”
Não!
Peso físico… de um corpo sobre o meu… a emoção é condecoração…
Sentir-me-ia recebendo uma medalha no peito — ou uma facada no coração —
mas seria algo para sentir…
Tive uma sensação de leveza ontem à noite,
ao ver a Lua no horizonte ao mesmo tempo que sentia em minha cabeça desnuda
e uma brisa calma e fria do Outono que se aprofunda a caminho do Inverno,
de estrelas brilhantes em céu limpo de nuvens…
Tenho sentido o peso das notícias excruciantes
que me açoitam diariamente a pele d’alma…
Mas a minha pele física quer outra pele contra a dela,
em conjunção planetária de corpos celestes,
signos em Sol… planetas que lhe circundam o fogo da noite,
passional, energético, explosivo, contumaz, inevitável…
Quem eu bem quero está longe…
Quem eu tenho por perto, se distancia… emocionalmente,
não me lê, é bem provável que não me queira/deseja mais…
qualquer dor que sente me acusa, porque estou junto…
seria o caso de separar caminhos…criar expectativas, sonhar a comunhão
e não a solidão…
Quero em outro corpo me emancipar,
quero o âmago do gozo, penetrar,
quero o peso de amar…

Foto por Ketut Subiyanto em Pexels.com

29 / 11 / 2025 / Blogvember / A Noite Despencou…

…e quebrou três estrelas…
mal agouro para o final de ano?
não!
as árvores de natal da pequena cidade foram enfeitadas com os estilhaços
luminescentes ganhando o aspecto de minis galáxias em todos os cantos
as árvores das praças se tornaram pontos de referências das estrelas no firmamento
estabelecendo uma conexão luminar que parecia uma conversa entre as dimensões
céu e chão em comunhão
o universo unido em vibração
nunca houve um final de ano como aquele…

Participação: Lunna Guedes

Foto por Alexey K. em Pexels.com

Sobre Navegar E Amar

Eu quero ser lido,

mas jamais decifrado…

Eu quero ser saboreado,

mas nunca perder o gosto…

Eu quero ser rio manso para ser navegado

e mar revolto que afunda embarcações…

Quando me mostrar indômito,

buscarei a comunhão…

Quando estiver sereno,

quero causar perturbação

dos sentidos e dos sentimentos…

Quero ser seu e emancipado de mim,

quando estiver consigo…

Barco jamais ancorado,

conduzir e ser conduzido…

Navegar e amar…

Foto por Mikhail Nilov em Pexels.com

Navegar E Amar

Eu quero ser lido,
mas jamais decifrado…
Eu quero ser saboreado,
mas nunca perder o gosto…
Eu quero ser rio manso para ser navegado
e mar revolto que afunda embarcações…
Quando me mostrar indômito,
buscarei a comunhão…
Quando estiver sereno,
quero causar perturbação
dos sentidos e dos sentimentos…
Quero ser seu e emancipado de mim,
quando estiver consigo…
Barco jamais ancorado,
conduzir e ser conduzido…
Navegar e amar…

BEDA / Separação

dry rose flower next to broken heart shaped cookie

Eu me separei…
Deixei casa – paredes, nas quais lembranças pendiam paralisadas…
Portas, por onde muitas vezes passei com desejo de amar e que,
em tantas outras ocasiões, tive urgência de sair,
com vontade de nunca mais voltar…
Janelas, pelas quais divisei paisagens, movimentos, sol, chuva, vento –
protegido das intempéries e dos olhares alheios…
Naquela casa me sentia acolhido ou albergado,
a depender dos olhares, dos humores, dos tons e frissons…

Eu me separei…
Deixei aqueles braços que acolhiam e afastavam,
que imperavam e hesitavam,
que mentiam avidez enquanto aceitavam as minhas obrigações…
Amor ainda existe, ainda nos queremos, queremos amar…
Porém, não quero que, de legado delicado,
tudo se transforme em prisão, a vermos nossas pernas atreladas a grilhões…

Eu me separei…
Mas sei que nunca serei independente do que recebi como patrimônio –
memória de paixão, cumplicidade, comunhão, vivência de amorosa divisão…
Ao perceber que o nosso amor está ameaçado de ser auto fagocitado,
não posso permitir que a incapacidade de ser menos para ser mais
devaste a nossa união…
Amor, por amor, hoje me separei…

 

Beda Scenarium