a mais difícil jornada do conhecimento é conhecer a si mesmo sou um ser curioso quero saber (as versões) de tudo a ideia do que fazem de mim por minhas exterioridades e intimidades estão no plural por sou muitos ao longo dos tempos tanto que muitas vezes não me reconheço ao acordar tento comprovar se estou mesmo lidando comigo ou um outro que se esqueceu de mim apesar de estarmos no mesmo corpo fico espantado com o sol estrelas a lua fico a registrá-los imageticamente a me atrair magneticamente por suas versões ilusórias são meus sóis minhas estrelas luas minhas ideias de mundos não apenas as referências deste que comungamos estamos juntos mas separados nós mesmos mundos estanques saber que somos múltiplos iguais mas diferentes e que o conhecer é um processo infinito de infinitos espaços-tempos e só seremos plenos de conhecer ao nos tornamos igualmente infindos…
Registro de 2011, no Clube Spéria, onde fazíamos as atividades práticas do Curso de Educação Física da UNIP — Marquês
Quem conhece a casa onde mora? A resposta parece ser óbvia, no entanto poucas pessoas dão-se a saber sobre o seu próprio corpo e de suas necessidades básicas. Normalmente, isso só ocorre quando tentamos reparar algum dano causado por um acidente ou por nosso estilo de vida. Para quem quer colocar a sua casa em ordem, antes que algum mal lhe aconteça, procure um Educador Físico. Neste dia, 1º de setembro, comemoramos o Dia do Educador Físico. Esta lembrança de 2011, mostra uma pequena parte da minha turma na preparação de atividades práticas. Ao centro, dois de nossos professores. Dois anos depois, acabei por me tornar Bacharel Em Educação Física.
veio à terrena luz… foi difícil durou horas… a porta não se abria criaram um outro caminho chegou chorou nos fez sorrir dias depois novas possibilidades novos olhares algumas dores o serzinho de boca pequena desejante de vida plena se amamenta da mama da mamãe conexão com a existência que será difícil árdua complicada mas ela é voraz abocanha o mundo profícua em imaginação luta se desloca para o antigo mundo caminha como se lá tivesse nascido faz amigos sangue antigo o mesmo que lhe traz perigos mas não deixa de alcançar abrigos leoa na estepe do viver se recusa a morrer mas se isso acontecer não deixará de a si mesmo vencer em conversa com as luzes percebeu que estará em paz com seu novo corpo de frequências fugazes sem consistência e espessura apenas alma pura viajante pelo universo finalmente liberta e aberta para a Vida desperta…
Sou escritor. A minha personalidade é de alguém que cogita escrever para poder estabelecer uma relação entre o feito e o dito. Gosto do trabalho braçal-manual porque me “relaxa”, no sentido de que os pensamentos pelos quais sou atravessado se direcionam para “outro lugar”. Não sou adepto apenas de tarefas ou atividades que envolvem o meu trabalho, eminentemente físico, mas não deixa de ser intermediado por processos mentais que são necessários em qualquer movimento humano. No meu caso, proporcionamos, meu irmão e eu, condições técnicas ideais para a expressões artísticas e outras que envolvem um palco, púlpito ou cenário — teatro e outros espaços — atores, palestrantes e cantores.
Outro gosto que cultivo é do trabalho caseiro — o mais intenso e difícil de ser feito pela multiplicidade de fatores. Varrer, lavar louças e roupas, estender para secar, recolher, passar, arrumar o espaço, deslocar móveis, limpá-los. Num eventual jardim que possamos ter e eu tenho, regar as plantas, preparar o solo, cuidado com as podas, replantio, adubação, controle de pragas ocasionais também é algo que gosto. Quando novo, acalentei a ideia de me tornar dono de um sítio autossustentável. Mas há tarefas as quais prefiro em relação a outras — lavar louça e varrer o quintal se configura quase em momentos de meditação.
O ser humano, no desenvolvimento das sociedades, acabou dividir tarefas e estabelecer estamentos sociais para separar quem faz determinadas tarefas lhes conferindo valores diferenciados — das mais nobres a menos, além do uso de palavras para designá-las divididas como dignas enquanto outras nem tanto. Ainda que saibam que sem os que as realizam atividades essenciais e outros que são beneficiados por elas estabelece uma relação de poder destes que detêm o poder econômico, para aqueles em forma de recompensas normalmente aviltadas para baixo. Criando clara dependência mútua, mas que é dominada por quem é servido.
Eu não queria, quando mais novo, me envolver com o Sistema — trabalhar, casar, ter família — encontrar uma posição relevante na Sociedade. Apenas, era o meu plano, caminhar a esmo, me tornar um viajante sem rumo, sem lugar para chegar. Envolvido com as religiões orientais, meu objetivo era transcender o corpo, fazer um percurso que não precisasse criar liames. Não aconteceu. A mão mostrada acima é a mesma de quem se casou, criou três filhas empoderadas, trabalhou e trabalha para se manter produtivo e que ainda tem desafios a realizar. Sem deixar de transcender a realidade imediata.
O tempo urge. De tal maneira que ele nos atropela e 24 horas já não são suficientes para conseguir fazer tudo o que queremos, principalmente se somos pressionados por limitações temporais. É o caso deste “6 On 6“, em que acrescentei outro “On 6“, por estarmos no mês seis, o último do primeiro semestre de 2025. O tema remeteria aos textos e livros que eu tenho lido nesta estação do ano em que a temperatura começa a baixar, mas que os sinais de sua chegada haviam se antecipado, com a queda das folhas das árvores já em meados do último Verão. Esse atropelo temporal, também ocorre no Clima, cada vez mais instável e imprevisível. Mesmo a edição deste coletivo faço um dia depois, como se fosse parte do processo. Estava ocupado com o meu trabalho e não houve como publicá-lo na data correta, ontem. Para arrematar esta introdução, pensei em relatar as minhas leituras de livros, mas como tenho me dedicado a “pescar” os meus próprios textos em publicações no mar das redes sociais ao longo dos anos, decidi colocar parte delas, ainda que sejam pequenas notas, para ilustrar o projeto fotográfico. São pequenos capítulos de minha trajetória como escritor-repórter do meu tempo.
Bem me quer?
O medo de não ser querido impede que eu faça à margarida a pergunta decisiva: “bem me quer?… Ou mal me quer?”… Ainda que o amor me diga “sim!” ou “não!, jazerá, a branca flor, tristemente despetalada ao chão…
Há, dentro de mim, uma briga Momentos em que o meu coração grita Esperneia dentro do peito Com o pulmão se atrita Rebela-se contra os órgãos que abastece de sangue Veja se pode?
Autoritário, tenta impor as suas certezas Rumar contra as correntezas Chega a sugerir que sonhe a mente Mente que aguentará outras aventuras Que não sofrerá com outra aversão Confia na sua característica demente A da mente que se engana facilmente
Porque sabe que ela não se exprime Para além dos sentidos Aprecia pela visão Enternece-se pelo som Subjuga-se pelo toque Submete-se pelo gosto É uma mente limitada Ao mundo que apreende pelas demandas do corpo
Onde está a minha alma, que não toma o controle? Por que não assume a posição de senhora? No conjunto, creio que saibamos a resposta Buscamos todos Ainda que pela experiência sensorial Pelas vidas afora Encontrar outra alma perdida De mim, para mim Amém!
LONGO MAL SÚBITO
Ronco de motores rodovia movimentada motoqueiro fantasma sem capacete deve ser parado pária da sociedade calção chinelos camiseta pobre desce do cavalo se posiciona com respeito aqui é autoridade autoritarismo práticas de tempos passados por chefes no poder incensados não reclama não fala se cala continua sem voz além das muitas na sua cabeça tomo remédio olha as cartelas não queremos saber você é fora da lei eu só quero respeito não cometi crime nenhum está sem capacete nós estamos protegidos com os nossos somos senhores da vida e da morte você deve aprender e quem nos observa também fica assolado no chão nossas botas na sua canga vamos aplicar a nossa sentença culpado por ser brasileiro sem rumo sem ganho sem profissão para ganhar o pão um verme como tantos outros porque essa tortura? queria voltar para a casa vai para a nossa casa ambulante receberá a lição estamos em guerra contra quem nos interpõe representamos o topo do poder nunca mais repetirá a ousadia de contestar mataram mais de vinte no Rio um a mais ou a menos não sou bandido sou trabalhador tenho família filhos pai mãe primos todos tem ratos que se multiplicam olha a nossa viatura a chamamos de carro de dedetização eliminamos pragas as degustamos com pimenta me tirem daqui me desamarrem abram a caçamba não sou lixo sequer indigente sou gente ah! meus filhos mulher não estou aguentando me perdoem não consigo respirar estou deixando a escuridão vou para um lugar sem Luz e sem resposta mesmo sendo de Santos Jesus até quando?
Umbaúba, Sergipe, em 26 de Maio de 2022 – dois anos depois da morte de George Floyd, em outro Hemisfério e outro “não consigo respirar”.
Imagem de 20 anos antes…
UM DIA DEPOIS (10 de Agosto de 2020)
Um dia depois do Dia dos Pais, o que mudou no País? Para tantos pais, filhos e famílias, o segundo domingo de agosto não foi comemorado. Pais não receberam seus filhos, filhos não abraçaram quem os gerou cuidou, trabalhou, viveu por… Muitos, estavam vivos, mas distantes e distanciados, por força do isolamento ou pela desavença e litígio. Eu, mesmo, passei os últimos anos de meu pai, alienado da sua presença. Outros, partiram pela doença do descaso. Cem mil vezes pranteados. Há ainda os que estão acamados, entubados, estratificados. Todos, marcados por estatísticas macabras. Eu pude estar com as minhas filhas. Percebi o quanto sou agraciado por ser beijado, abraçado, por me sentir amado, entrelaçado pelo enredo familiar. A minha alegria carregava um travo. Em domingos sequenciais, vivemos dentro de uma bolha boçalizada, em ilhas isoladas, de mar que se nega a aprofundar. É como se o oceano não fosse salgado, suas águas não quebrassem em ondas ao chegarem às praias, não se permitisse abrigar sereias, miríades de outros seres, tesouros naufragados e continentes perdidos — raso de vida, mistérios e poesia. Contudo, se aproveitam da crença no fantástico e renegam a profundidade da Ciência. Existimos em realidade paralela, afirmando nossa indecência. Negamos o conhecimento e festejamos a morte. Entre plantas — coqueiros e bambuzais — o supremo mandatário deglute a nossa humanidade. À caminho da segunda centena de milhar, o chefe do jogo do bicho medonho continua sem paradeiro. Quem o impedirá o testa de ferro insubordinado de continuar a jogar? Há remédio para evitar que muitos mais pais e filhos estejam separados no próximo Dia dos Pais, por arte e obra da desconsideração por brasileiros, por arte e obra da estultice de eleitores brasileiros?
Ao varrer esta plataforma, encontrei marcas que não havia percebido antes. Como faz alguns anos que foi feita, fiquei me perguntando quem teria deixado este registro para a posteridade. Lembrei das amigas que nos deixaram fisicamente. Não deve ter sido a Penélope, labradora que tinha o corpo e o coração grandes demais. Talvez fosse da Dorô, tão doce e amada por ter crescido junto com as crianças humanas. Ou da Frida, as de olhos de avelãs, quieta ilusionista, que surgia do nada em algum ponto da casa. Da Domitila, que ainda está conosco, também não, pelo tamanho maior do que está marcado. Enfim, o que sei é que daquele patamar as marcas poderão sumir um dia por alguma reforma no piso. Do meu coração, enquanto eu existir, jamais!
Natural (Outubro de 2021)
Nascido há 60 anos em terra, no centro de São Paulo, na maternidade de mesmo nome (hoje demolida), sob Libra, signo do Ar, é na Água que me sinto em meu elemento. Adorei saltar, flutuar em queda, atravessar o azul, mas ao mergulhar é que me percebo um com a Natureza…
Em 2019, escrevi: “Quem tem cachorros (na verdade, são eles que têm a nós), não deveria usar roupa preta. Ou não se importar com demonstrações de carinho. Pelo amor, nunca pelo contrário, só a favor…