14 / 08 / 2025 / BEDA / Incógnito

Ao passar por uma rede social, surgiu para mim uma entrevista de Marília Gabriela com Arnaldo Antunes — ex-componente dos Titãs à época. Logo depois, ele viria a participar dos Tribalistas com Marisa Monte e Carlinhos Brown, outro projeto exitoso. Mas o melhor ficou para o final quando a entrevistadora pergunta: “Arnaldo Antunes por Arnaldo Antunes“. O olhar que o entrevistado fez foi icônico. Aturdido, respondeu que não esperava tal questão e de que não tinha ideia do que poderia responder: “Não sei!”, respondeu finalmente.

Fiquei pensando sobre a minha própria autodefinição e conclui que também não poderia responder decididamente quem eu seria aos meus próprios olhos. As informações que poderia passar são apenas relativas: “estou em busca de equilíbrio físico e mental, me coloco como alguém de tendência política à esquerda, acredito na transcendência do ser e não sou obcecado por dinheiro”. Mas a certeza máxima é de que sou um escritor. Tudo o que acontece ao meu redor presencio como história e vejo as atores como possíveis personagens.

E isso deriva do fato que acredito que o planeta seja um grande cenário em que os seus habitantes participam de uma grande espetáculo. Se há um diretor central e ou se todos nós participamos de uma grande dinâmica coletiva em que somos levados de um lado para o outro por movimentos internos e/ou compartilhados, é algo a se definir. A todo momento surgem supostos líderes que assumem a responsabilidade de comandar o fluxo e refluxo das situações. De modo geral, as forças que engendraram o enredo no qual estamos envolvidos, em dado momento tentou ser guiada por grupos hegemônicos através da violência.

Logo depois do evento Arnaldo Antunes, a Lunna me fez uma pergunta retórica: se eu havia mudado muito de opinião ultimamente. Avaliei que sim. Aliás, surpreendentemente até para mim. Eu me julgava uma pessoa estável em termos de postura, mas no decorrer dos anos, agi de maneiras diferentes do que faria antes em várias ocasiões. Concluí que Raul Seixas acertou quando se proclamou uma “Metamorfose Ambulante” — uma definição que (agora) adoto cabalmente, principalmente porque estou a envelhecer na cidade…

22 / 02 / 2025 / Cinéfilo*

Em *2017 publiquei:

“Gosto muito desta camiseta, dada a mim por uma das minhas filhas. Aliás, os seus nomes foram inspiradas em atrizes às quais admiro muito — Romy (Schneider), Ingrid (Bergman) e Liv (Ulmann). Sou cinéfilo desde garoto e, durante algum tempo, acalentei o desejo de ser diretor de filmes. Enveredei por outros caminhos, mas percebi que se cinema é a vida em movimento, cumpro o papel de diretor do meu corpo em função do meu trabalho com eventos. Em vários lugares por quais passo, alguém sempre estará a filmar o momento que vivo…”.

Post Scriptum: Nessas voltas que o mundo dá, conheci um jovem cineasta — Wes Matta —amigo da minha filha mais nova, que decidiu adaptar textos meus para produções independentes. Outra pedido dele foi o de que eu atuasse, o que eu já fiz algumas vezes, com gosto por estar dentro daquele processo criativo.