
Caminhar por certas partes de São Paulo é como excursionar por eras através de uma máquina do tempo. Prédios do passado e do futuro interferem na vida das pessoas do presente. É comum vermos jóias arquitetônicas mal conservadas, prensadas em cantos e dobras de esquinas, expostas à sanha das intempéries. Mesmo assim, conservam um quê de beleza antiga, feito aquelas senhoras que mantêm o charme sedutor, mesmo sendo avós.
Na Rua Mauá, apesar de observarmos edificações caindo aos pedaços, podemos perceber o quanto esta cidade pode surpreender por suas facetas inusitadas. Essa via já viveu tempos de intenso movimento, pois fica em frente à Estação da Luz. No começo do século passado, abrigava vários negócios e hotéis de estadia rápida para os que chegavam de todas as paragens. Até poucos anos antes, apesar de parecer mais um mercado persa-guarani, a quantidade de pessoas que por lá passavam era absurda.

Porém, com as modificações implementadas para tornar a região mais organizada, o movimento decresceu bastante. O que se encontra atualmente são muitas lojas fechadas, pessoas encostadas nas paredes da Estação aguardando o tempo passar e muitos pedintes em situação de precariedade que fazem, da rua, a sua morada. Os hotéis continuam a ser de estadia rápida-rapidíssima, pagos a preços minutados, por vezes.
Resta viajarmos pelo presente-passado, a imaginar que o futuro poderia ser mais interessante se houvesse o aproveitamento dessa bela área que apresenta plena potencialidade de uso comercial, com lojas e restaurantes de boa qualidade, a atrair turistas e cidadãos que queiram aproveitar logradouros incríveis, tão perto, mas, neste momento, tão longe de nosso alcance. Tivesse os atuais “brasileiros de esteio” a mesma verve do homem que deu origem ao nome da rua – Visconde de Mauá – nosso País teria um destino mais grandioso ou, para atualizarmos nossas possibilidades, menos degradante.