04 / 07 / 2025 / Independência?

A independência dos Estados Unidos foi a separação política das Treze Colônias da América da sua metrópole, a Inglaterra. A Foi declarada em 4 de julho de 1776, quando deputados das Treze Colônias, reunidos no Segundo Congresso Continental, aprovaram a Declaração de Independência. Em 1845, houve a anexação do Texas, que se tornara independente do México. Em seguida criou-se a expressão “compra da Califórnia” referindo-se a dois eventos históricos: o Tratado de Guadalupe Hidalgo e a Compra de Gadsden. O primeiro, assinado em 1848, encerrou a Guerra Mexicano-Americana em que vastos territórios do México foram cedidos aos EUA, incluindo a Alta Califórnia

O segundo, em 1853, envolveu a compra de terras no sul do Arizona e Novo México, adicionando áreas que seriam cruciais para a construção de uma ferrovia transcontinental. Quase cem anos depois da independência, entre 1861 e 1865, a Guerra Civil Americana, também conhecida como Guerra de Secessão, travada entre a União vencida por esta, que defendia a Abolição da Escravatura contra os Confederados, formada por territórios que relutavam conceder tal prerrogativa. Apesar da rivalidade entre os vencedores e os derrotados ao final de tudo a expansão territorial se tornou um consenso comum.

Desde então os Estados Unidos da América do Norte se desenvolveu absorvendo ilhas do Caribe após a Guerra Hispano-Americana, ocorrida em 1898, que resultou na perda das Colônias espanholas após o conflito contra os Estados Unidos, aumentando gradativamente sua influência na região, que passou a se expandir para além do Oceano Atlântico, chegando à Europa.

Com o advento da Primeira Guerra Mundial, os Estados Unidos da América do Norte desenvolveu a indústria armamentista para fornecer aos países europeus que se digladiavam numa guerra que foi considerada uma das maiores carnificinas já havidas com a utilização pela primeira vez de gases mortais, bombardeamento por aviões, mesmo que de forma precária, pelas mãos dos próprios pilotos. O cenário dessa guerra foi crucial para o desenvolvimento de armamentos com cada vez maior poder de morticínio. O País para além do Oceano Atlântico foi o maior beneficiário da Primeira Guerra Mundial no Continente Europeu.

O seu crescimento, como se pode observar, se deveu a uma série de conflitos que ajudaram o natural pendor bélico americano, já utilizado na absorção de terras indígenas através da invasão, extermínio de várias tribos e transferência de populações autôcnes inteiras de um ponto a outro do País. De fato, nada diferente da História em várias eras de lutas entre os seres humanos no desenvolvimento de suas várias civilizações. Mas o que acontece atualmente é que vivemos um momento em todos os eventuais avanços civilizatórios já alcançados após tantos conflitos parece ganhar impulso na manipulação da realidade através do poder econômico bélico do Grande Irmão do Norte com a assunção de um sujeito que se autoproclama como Rei do Mundo.

Esse sujeito passa o aniversário da Independência dos Estados Unidos comemorando a inauguração de uma prisão em uma região inóspita, cercada de pântano habitada por enormes jacarés que, segundo a boca do próprio ridículo ser, trabalharão de graça para conter as eventuais fugas. Essa prisão está designada para imigrantes criminosos, segundo a sua ideia. No entanto, para ele qualquer imigrante é criminoso. Ou seja, o País que cresceu absorvendo populações inteiras de imigrantes (incluindo o seu próprio pai) que ajudaram a desenvolver o poderio norte-americano, agora empreende uma política de erradicação de uma influência cultural que gostaria de ver expurgada.

A sua beligerância é respondida com a violência que empreende em suas relações, incluindo as “amigáveis”. O seu trato com a realidade é permeada por uma visão de invasão e conquista, aviltar e validar uma postura que é, em essência, tudo os que odeiam a “América” propagam como um “Mal“. A bandeira em chamas é, de fato, a marca da História desses Estados unidos desde o início na conflagração. E talvez o sujeito que agora está no poder, guindado pela “maioria” da sua população, incluindo aqueles que estão sofrendo a implantação da política que jurou implantar — ataques à seguridade, aos imigrantes, à Classe Média e benefícios aos ricos e aos muito, muitíssimos ricos — represente firmemente a “melhor” característica americana. Sinceramente, não vejo independência num lugar preso a uma História pesada de aniquilação das mais básicas regras civilizatórias, mas que marcam o caminho que trilhamos desde o desenvolvimento do Homo sapiens.

27 / 02 / 2025 / Meu Povo

“Talvez eu não consiga estar em outro lugar que São Paulo, aqui no Brasil. Por aqui, já estive em muitas cidades, mas ainda não consegui me ver vivendo fora desta loucura, principalmente em termos profissionais.

A Europa, autointitulada de Velho Mundo, alcançou a atual qualidade de vida tendo 2 mil anos a mais de História e por meio da exploração da riqueza do Novo Mundo, Ásia e África. Muitos europeus, conscientes desse fato histórico, tentam fazer um belo trabalho na área social, através de organizações não governamentais que atuam na América do Sul, África, Ásia e algures.

Na América do Norte, temos os Estados Unidos, que seriam uma exceção, por sua própria formação, em que os seus colonizadores fugiram da Inglaterra por incompatibilidade religiosa com a realeza para criar um novo país e permanecer definitivamente na terra.

Para colaborar, a religião desses colonizadores americanos preconizava que a riqueza angariada era sinal de benção divina, bem diferente dos colonizadores portugueses e espanhóis, de formação católica que pregava para seus fiéis que o reino dos céus pertencia aos pobres, enquanto a elite extraía o máximo de benefícios, para que ricos voltassem para a Metrópole nobilizados, inclusive pela compra de títulos.

Esse comportamento predatório perdura até hoje, em todos os níveis da população, de modo geral. Dê a oportunidade de um despossuído alcançar uma benesse e ele irá brigar com unhas e dentes para mantê-la, passando por cima de qualquer ética. A minha terra é linda, mas o meu povo…”.

O texto acima foi escrito num momento de amargor, muitos anos antes. Talvez há 10 ou 15 anos. Não que eu tenha mudado muito a minha ideia sobre isso, mas creio que não deva deixar de tentar mudar a realidade em nosso entorno para que as coisas não fiquem ao léu, ao gosto dos poderosos comandando um Sistema predatório. Sem essa crença, nunca construiremos um país melhor. Por fim, caso eu pudesse, me mudaria para uma cidade no Litoral, ainda que saiba que seria um dos prováveis primeiros locais a serem atingidos pela subida do nível do Mar devido à crise climática.

21 / 01 / 2025 / Fim Dos Tempos

No dia 20 de Janeiro de 2025, ontem, tive a clara visão dos fins dos tempos… para o povo americano. Aliás, o discurso arrogante de Mr. T demonstrou peremptoriamente que terão pelos próximos quatro anos (se algo inesperado não ocorrer) um período de decadência sem recuo para o obscurantismo. Machos e fêmeas (os dois únicos gêneros admissíveis) viverão o sonho da “Great America Again” apenas na propaganda. Como são um povo acostumado com a manipulação da Realidade, apesar da precarização da estrutura econômica, talvez só deem conta do estrago quando tudo estiver corrompido. Talvez, com a ajuda da Moska sul-africana com fixação em Marte e de Mister Z Meta, unidos no apoio ao homem-cenoura, consigam aplicar a Inteligência Artificial na construção da imagem de um povo feliz, enquanto escorregam gradativamente para os Anos 30 do Século XX, quando com o advento da radicalização fascista da Europa incentivou um crescimento exponencial de sua indústria com a chegada da Segunda Guerra Mundial. Essa sempre foi a postura desse País que se desenvolveu na ocupação e massacre da população original dos territórios que se tornaram o Estados Unidos da América — o incremento da máquina de guerra como forte fator de desenvolvimento econômico. Os EUA precisam de um mundo em constante instabilidade para que continuem a vender dissoluções violentas como solução. Seus esforços envolvem apoios aos seus interesses por parte de governantes locais contra os próprios interesses locais. São aliados como alguns que aqui batem palmas para aquele que promete sobretaxar os nossos produtos de exportação. O governante do maior Estado brasileiro chegou a declarar que a posse de Mister T. era um grande dia para ele. E por que seria? Ainda que não seja paulista, por que desejaria que vários dos produtos que São Paulo produz fiquem inviáveis de serem vendidos aos americanos? De certo, coloca a questão ideológica acima dos nossos interesses. É um vendido. E assim, como tantos, segue a lógica que um dia Simone de Beauvoir proclamou: “O opressor não seria tão forte se não tivesse cúmplices entre os próprios oprimidos”.

Foto por Riyad Aljuboory em Pexels.com, mostrando o “futuro” prometido pelo “novo” governo americano — o retrocesso na busca de combustível fóssil.

Sessenta E Três

Antes de mais nada, devo ressaltar que recebi autorização para divulgar a imagem acima. Estou da maneira que gostaria de ficar a maior parte do tempo. Quando me coloco (des)vestido dessa forma, volto a ser o mesmo garoto que passava os dias despojado de coberturas que denunciam um sujeito que obedece às leis invisíveis porém poderosas de como devemos estar trajados. É claro que não passa de uma ilusão. Uma mentira que sei que é mentira e não fere a ninguém.

O pior é quando as pessoas não apenas sabem que a mentira é óbvia, mas para alcançarem o que querem, as aceita ou transforma essa mentira em algo possível e, portanto, ainda que improvável, a usa para justificar os seus atos. Coletivamente, isso pode gerar situações em que a Democracia, para dar um exemplo, pode ser estiolada feito carne charque. Uma frase popular resume esse recurso: “me engana, que eu gosto!” — algo que quem se apaixona também entende.

O que me leva a uma constatação deste tempo que me exaspera. Por dois motivos: porque sou pai de mulheres e porque pertenço ao gênero que está matando as mulheres, por serem mulheres. Não são poucas as vezes (tantas quantas ocorre um feminicídio ou tentativa de…) me sinto despedaçado. Sempre em nome do amor e, nesse caso, de um amor mortal. O que é uma contradição em si. O amor deve ser direcionado à construção da leveza, do bem querer. Ainda que a quem ame, deseje partilhar a vida com outra pessoa, Se ama, a deixe livre…

O Patriarcado — o sistema sob o qual a Sociedade brasileira desenvolveu fez tanto mal ao homem quanto faz mal à mulher, pelas mãos daqueles que se acham superiores apenas porque carregam um pedaço de carne entre as pernas. E que por ele as fêmeas da espécie devem ter respeito como se fosse uma fonte natural de potência. Sujeitos que se consideram fortes, mas não aguentam nem fisicamente, nem psicologicamente, o peso da desigualdade que sofrem as mulheres.

Outro estigma sob o qual vivemos é o do péssimo legado que a Escravidão deixou para todos nós como cidadãos de um país que até hoje vive a desigualdade racial de tal maneira que se torna premente que as políticas de reparação sejam implementadas. Caso contrário, nunca curaremos as várias chagas que nos levam a uma situação quase irresolúvel. Acho estranho quando dizem que não há guerra no Brasil. O número de mortos nos conflitos por armas de fogo, armas brancas, acidentes automobilísticos é tão grande quanto das guerras civis pelo mundo ou guerras por território como no Oriente Médio ou Europa (sabe aquele lugar que se julga desenvolvido?)

Acho que esperavam (quem suportou ler até aqui) que eu fosse falar sobre festa e felicidade por chegar até este quadrante. Estou ficando velho, sem dúvida, mas não sou daqueles que dizem “no meu tempo”, como se fosse um tempo marcado no passado. O meu tempo é AGORA e, portanto, não posso deixar de me posicionar como estou fazendo. Agradeço a atenção para quem chegou até esta última linha. Acho que é permitido para quem é do grupo dos 60+.

BEDA / O X Da Questão

Eu tinha duas contas no X, antigo Twiter, desde 2009. Eu o aderi três anos depois de sua fundação, em 2006. Por lá, divulgava os meus textos publicados no WordPress e, antes, quando comecei com os famosos 140 verbetes. Isso me ajudou a encontrar meus pares ligados à Literatura, inclusive em Portugal e Espanha. Achei que era uma ferramenta incrível, onde aprendi a domar a minha tendência à verborragia por essa ocasião, exercitando em pequenos textos as minhas ideias e temas.

Passados alguns anos, o Twiter se agigantou, ganhou cada vez mais seguidores e consequente influência em vários níveis – econômico, social, político – em diversos países. Já era uma tendência cada vez mais crescente do poder das redes sociais na vida dos cidadãos do mundo todo, a começar pelo Facebook, fundado dois anos antes – uma revolução nas relações entre as pessoas, assim como foi a bicicleta na Europa – fator de aproximação entre pessoas de condados distantes. Apenas que a escala foi estratosfericamente maior – mundial, de fato.

Porém, ao contrário da inofensiva bicicleta, os diversos aplicativos das redes sociais foram se tornando cada vez fatores de desestabilização de arranjos familiares, no menor (em termos de tamanho, ainda que importante) efeito possível, até o ideológico, que regula as relações políticas entre as organizações junto ao poder central em andamento cada vez mais célere. Borrando as fronteiras entre o aceitável e o não aceitável em termos cada vez amplos em um número cada vez maior dos países.

Portanto, contribuindo para que os parâmetros regulatórios não acompanhassem a sua crescente capacidade de influenciar um público despreparado para filtrar o que fosse informação fidedigna ou não. Tornou-se óbvio para os mais espertos que era uma excelente oportunidade para faturamento financeiro através de novas formas que transitavam na zona cinza entre o que era legal ou ilegal com golpes cada vez mais elaborados, principalmente para os não iniciados no mundo virtual. E não demoraria para que os poderosos ou aqueles que queriam chegar ao poder percebessem o potencial tremendo que uma rede de alcance sem limites que permitia a veiculação das suas plataformas políticas de viés antidemocrático.

Grupos políticos organizados dentro do Brasil buscaram suporte em organizações de atuação digital no exterior. Algo que já havia ocorrido antes no País mais poderoso do mundo, quando hackers da Rússia interferiram nas eleições norte-americanas, com campanhas veiculadas em redes virtuais. Agora, mais distante no tempo, é possível perceber que estava em curso um concerto internacional que visava implantar um poder mais aberto à atuação desse setor sem regulamentação formal até então.

A Direita, diante dessa realidade, acompanhada por um quadro em que a Esquerda permitiu que seus erros servissem de munição ao radicalismo extremista direitista, prosperou. Sabendo utilizar as novas ferramentas, acabou por assumir o poder justamente quando um vírus acabou por demonstrar a capacidade letal de sua propagação. Como não havia vontade política de combatê-lo, com a negativa da compra e o uso de vacinas, algo caro à plataforma de direitistas no exterior foi aplicado à realidade brasileira – o negacionismo científico – item da cartilha da Extrema Direita.

Um país como o Brasil, campeão na vacinação de sua população, que propiciou a erradicação de várias doenças endêmicas, voltou no tempo e viu enfermidades simples voltarem a matar indiscriminadamente. Além da Pandemia de Covi19, que ceifou a vida de mais de 700.000 pessoas, oficialmente. A propagação da campanha contra as vacinas continua repercutindo, a ponto de influenciar pais que não levam os seus filhos para que sejam vacinados contra a epidemia de Dengue em crianças ou HPV, para impedir a propagação de doenças venéreas entre os adolescentes. Ou seja, a propagação de informações enganosas, mata!

O fato novo, ou nem tanto, já o tal Senhor X já havia se encontrado pessoalmente com o Ignominioso Miliciano em território nacional, agora ataca de longe a Democracia brasileira. Foi o apito de cachorro necessário para que os seguidores do bando do enviado dos porões da Ditadura começassem a vociferar contra o Sistema Judiciário que garantiu durante a Pandemia que tivéssemos vacinação em massa. Que conseguiu colocar o Ignominioso Miliciano em seu devido lugar na História – ladrão de joias da Coroa, incentivador da destruição de mundos, simpatizante da tortura, de aniquilação de etnias, reacionário nos costumes que aviltam a dignidade humana, extrator de pústulas como se criasse jardins.

Quando surgiu o Senhor Z, criam que ele fosse perigoso pelo poder de intervenção na vida cotidiana dos cidadãos de todas as latitudes. Porém, ele não chega nem perto do projeto de poder do Senhor X. Dono de 5.000 satélites dos 7.000 em órbita em torno do planeta, ele pode, se quiser, intervir em todo o sistema de comunicação mundial. Localmente, interessado nas riquezas nacionais, como as minas de Lítio, importante para tal estratégia, se associou a um sujeito que venderia a mãe e a entregaria, como faria o antigo residente do Palácio do Alvorada. Para além de suas convicções fora de órbita, o Ignominioso Miliciano, serve muito bem aos seus propósitos.

Angariando simpatia ao estabelecer uma agenda de produção de energia limpa, acena para o retrocesso institucional num planeta que apenas a equanimidade política imposta pelo servilismo social antidemocrático, sem reações a padronização dos costumes, lhe seria útil. Como se a humanidade não tivesse uma riqueza de identidades díspares. O Senhor X, comprador de sonhos, vingativo contra os meninos que um dia o agrediram, tenta superar o seu sentimento de homem pequeno com o peso de sua mão alva e delicada, mas perigosa.

Com a minha saída do X, marco posição. Não acho que deva ser a regra de quem percebe o quanto o Senhor X é pernicioso. Se quiser, que fique e lute de dentro para fora. O X tem como o seu maior problema e vocação, a sua maior atração. Uma terra que se pretende sem lei, fabricante de ódio e desejo de lacração. Eu tinha poucos seguidores, nunca fiz questão de que fossem muitos. O aplicativo era mais uma espécie de depósito de ideias. Muitas, eu nem acredito mais. Não farei e nem sentirei falta, como sinto falta das minhas antigas ilusões. Crescer é isso? Descrer do ser humano?

Foto por Helena Jankoviu em Pexels.com

Participação: Lunna Guedes Mariana Gouveia / Claudia Leonardi Roseli Pedroso / Bob F.