BEDA / O Mineiro*

O mineiro é o brasileiro típico, segundo eu penso. Longe das influências vindas pelo mar, construiu uma personalidade montanhesa — íngreme como os picos, profunda como os vales que compõe o relevo das Minas Gerais. Tem, com certeza, a melhor e a mais variada cozinha do Brasil e as mulheres mais graciosas, na minha opinião. O falar é suave, quase um canto. Como é um povo desconfiado, tem que se enveredar por sua alma para compreendê-lo. A tradução melhor de sua grandeza se dá através de um dos meus escritores favoritos: Guimarães Rosa

Imagem: Mariana / MG

*Postagem de 2012 (Facebook)

P.S.: Originalmente, mantive a antiga apresentação neste texto. O que coloquei depois é que o mineiro apresenta as características típicas do brasileiro do interior. Mas que também não deixa de ser um aspecto diferente da realidade. A multiplicidade de personalidades dos cidadãos brasileiros, devido ao tamanho do País e aos perfis culturais variados, garantem que o jeito carioca de ser é apenas “para inglês ver”.

Participam: Roseli Pedroso / Lunna Guedes / Mariana Gouveia Suzana Martins / Alê Helga / Claudia Leonardi Lucas Armelim / Dose de Poesia / Danielle SV

13:13*

Para aqueles que dizem ter fé, que se dizem cristãos, que têm esperança em Jesus – sinônimo de amor –, mas não suportam quando o amor se pronuncia seja de que forma for.

Para aqueles que preferem seguir ídolos com pés de barros, ignóbeis que se pronunciam em nome do Mestre.

Aquele que não busca Deus dentro de si, mas O coloca acima de todos, sem intimidade ou conexão, como algo inalcançável. Quando expressa que o Brasil está acima de tudo, esquece de informar qual país é este, mas sabemos que deseja um longe dos brasileiros comuns.

Claro favorecedor de brasileiros de perfis claramente identificáveis – senhores de engenhos em pleno Século XXI. Muitos vivem nas metrópoles, tantos outros, nos condomínios do Interior e os piores são os quase indigentes, que pagam aluguel, compram carros a prestações a perder de vista e defendem o status quo como se pertencessem à elite – a faixa mais atrasada em termos culturais. Aliás, a exemplo de uma frase supostamente dita por Herman Göring, chefe da Gestapo e braço direito do Führer (ídolo do Ignóbil Miliciano) – “Quando ouço alguém falar em Cultura, saco o meu revólver” – esses tipos tentam simplificar a expressão ao mínimo de sofisticação, copiam o que lhe parecem mais vistoso, com brilho excessivo e pouco valor.

Como já disse Isaac Asimov: “O anti-intelectualismo tem sido uma ameaça constante a se insinuar em nossa vida política e cultural, alimentado pela falsa noção de que a Democracia significa que ‘a minha ignorância é tão boa quanto o seu conhecimento'”.

É como se todo o progresso tecnológico que operou as mudanças que permitiram que imbecis se pronunciassem e ganhassem alcance seja, ao mesmo tempo, renegado como algo perigoso para os seus planos hegemônicos. Assim como as vacinas tomadas pelos mesmos que a atacam.

Mas, como na frase em destaque, maior é o amor e venceremos pelo amor!

*Texto-declaração de voto, escrito e publicado no Facebook em 28 de Outubro de 2022.

BEDA / Sob Pressão

Em companhia da Penélope, eterna enquanto eu viver…

Em 2011, as relações humanas que eu havia desenvolvido de forma virtual, começaram a pressionar a minha vida pessoal, gerando percalços familiares. Estranhamente, vivia sob a pressão de situações que normalmente nem saberia que sucediam alhures e antes. Durante algum tempo, me retirei da rede social mais poderosa, então, que ameaçava absorver as conexões sociais mais tradicionais, baseadas no contato pessoal.

“Queridos amigos, próximos e distantes,

estou deixando, pelo menos momentaneamente, o Facebook. Até o final do dia, permanecerei com a minha página aberta apenas para que esta mensagem alcance o maior número possível de pessoas. As redes sociais constituem uma ferramenta nova que interfere fortemente nas relações baseadas antigamente no fato de estarmos em contato direto com o nosso interlocutor.

Com as redes sociais, podemos nos conectar a pessoas que talvez nunca encontrássemos na vida, o que torna o mundo menor, mas igualmente mais amplo. Esse poder, tão novo quanto assustador, precisa ser melhor avaliado para que, ao invés de se transformar em algo libertador, não se estabeleça em força desagregadora das formas mais antigas e ainda tão prazerosas de relações pessoais.

O atual ícone do meu perfil é a imagem de um jatobá centenário, enraizado aqui perto de casa. Com ele, quis demonstrar o meu apreço por esses seres fascinantes — as plantas — que nos observam desde o início dos tempos e que aqui permanecerão mesmo depois que nos destruirmos.

Por hora, voltarei a ser semente, somente. Quem sabe, um dia volte a brotar?

Namastê!”

Participam do BEDA: Mariana Gouveia / Roseli Pedroso / Darlene Regina / Lunna Guedes / Suzana Martins

Como Ampliar O Mal, O Relativizando

Quando presenciamos uma cena de violência individual, costumamos senti-la como pessoal. Quando ocorre uma tragédia com grande número de mortos, o caráter coletivo acaba por o torná-la sem rosto. Neste país, o óbito de quase duzentos mil seres por Covid-19 parece não sensibilizar boa parte das pessoas. Quem não ainda foi infectado ou teve alguém conhecido que tenha sido, age como se fosse um fato corriqueiro e distante em possibilidade. Nesses momentos, quem nega o mal, ganha seguidores, como se tudo representasse um fato da vida. Mas não precisava ser. Porém, para que houvesse uma mudança de parâmetro, teríamos que enfrentar nosso principal inimigo — nós mesmos, brasileiros — que acreditamos sermos predestinados ao sucesso (seja lá o que isso signifique), ainda que façamos tudo errado. Negar a Ciência, o planejamento, o conhecimento de causa, nossas contradições, é eficientemente aceito como empecilhos do bem-estar coletivo. A ignorância chega a ser vista como a uma benção concedida como um cartão de crédito sem limites. Piora tudo quando a visão ideológica serve de esteio para que compremos ideias aparentemente baratas, mas que carregam juros altíssimos. No final de tudo, ficamos devendo os olhos da cara, aqueles mesmos que não enxergam um palmo diante do nariz.

Decidi deixar de seguir um amigo porque postou a entrevista de um médico cirurgião em um programa de uma rádio que deixei ouvir depois de 50 anos porque nos últimos 3 tornou-se ponta de lança de uma visão retrógrada e alienante. No programa, o sujeito com ares professorais, garantido por títulos e experiência comprovada, tenta relativizar as mortes por Covid-19 informando que a mortandade pela doença era menor que as ocorridas pela fome, pela AIDS e outras causas. Além disso, usou números relativos para desvalidar a vacina, principalmente a chinesa, que a verificação pura e simples realizada na busca por órgãos idôneos desmentiria. O direcionamento já me pareceu direto demais para passar despercebido porque ocorreu antes de uma análise mais profunda. Ora, a Internet que desinforma, também pode jogar luz sobre perspectivas obscurecidas propositalmente. O que causa espanto e joga dúvidas sobre o quadro sanitário é que o entrevistado pertence à área da Saúde. Ou seja, é um agente infiltrado tentando desinformar com o propósito básico de confundir. Claramente atua a favor de quem pretende que tudo seja nebuloso. O mais triste que seja por razões políticas. (Nota atualizada, o referido médico acabou por falecer por complicações causadas pela SARS-COV-2).

A Covid-19 é letal. A AIDS é controlável, mas se não for não cuidada, é muito mais letal. E o número de mortos aumentará bastante no Brasil por conta de medidas tomadas pelo Governo Federal. Em notícia vinculada em 7 de dezembro, está expresso: “O Ministério da Saúde deixou vencer um contrato e suspendeu os exames de genotipagem no Sistema Único de Saúde (SUS) para pessoas que vivem com HIV, AIDS (a doença causada pelo vírus) e hepatites virais. O teste é essencial para definir o tratamento mais adequado para quem desenvolve resistência a algum medicamento”.  

A fome mata e muito, também no Brasil. Apesar de “apenas” 2,5% da população (cerca de 5 milhões) apresentar um quadro de fome extrema, juntam-se as precárias condições sanitárias para gerar uma situação instável que proporciona um aumento exponencial de chances da queda da imunidade dessa parte da população desassistida. É como se esquecêssemos de uma parte do nosso corpo ou a considerássemos dispensável. Quando se nega que uma Pandemia como a que ocorre agora seja combatida com todas as armas disponíveis, então podemos inferir algumas teorias. A que me ocorre mais imediatamente que isso faça parte de um plano de limpeza social, haja vista a tendência ideológica deste governo alinhada à extrema-direita. É uma avaliação fora de propósito? Não foi o chefe que sonhava com a morte de 30.000 brasileiros em uma guerra civil para resolver os nossos problemas? E na campanha eleitoral propagou que era a sua especialidade matar?

Pois então, chegaremos a 200.000 mortos até o final do ano e talvez o mentor do projeto ache pouco. O que me deixa mais triste é que ele encontre quem defenda as suas diretrizes entre componentes de outras partes do corpo brasileiro. Um dia, as nossas pernas nos levarão ao abismo…

*Durante a Pandemia, escrevi vários textos que muitas vezes não publicava. Publiquei este em 21 de dezembro de 2020. Através dele, buscava demonstrar que concomitantemente à existência da doença viral, o ataque reiterado perpetrado por agentes humanos patogênicos relativiza situações que antes seriam impensáveis porque, justamente, reproduz histórias de ficção distópicas, ao espalhar informações falsas feito uma epidemia. Um péssimo exemplo de que a vida imita arte. Pessoas que vibram na mesma frequência aceitam o mal de braços abertos e tantas outras que apenas ficam expostas sem a proteção da informação de qualidade, são abatidas pelo adoecimento do raciocínio. Mas eis que procurar a publicação no WordPress, não a encontrei, apesar de tê-la divulgado pelo Facebook. Como algumas pessoas poderiam se sentir atingidas por se filiarem ao pensamento que denuncio, imaginei que pudessem tê-la denunciado, mas essa ação, segundo eu soube, não seria suficiente para que fosse obstruída pelo WordPress, mesmo porque somente exponho a realidade… bem, isso talvez já seja suficiente.

Foto por Ann H em Pexels.com

Nos Tempos Da Faculdade De Educação Física*

Salto com o auxílio do plinto, na aula de Atletismo do Profº. José Luís Fernandes – 2010

Entre 2009 e 2013, fiz Licenciamento E Bacharelado Em Educação Física. Quando eu o iniciei tinha então 48 anos e fui incentivado pela Tânia, preocupada com possíveis sintomas da chamada “Síndrome do Ninho Vazio” pela ausência cada vez mais acentuada das nossas três meninas na minha rotina diária. Com dois cursos anteriores não terminados na área de Ciências HumanasHistória E Letras, na USP – decidi terminar o terceiro na área da Saúde justamente pelo desafio físico e cronológico: um velho entre os jovens. Até um tempo antes, pensava que ter feito o curso foi muito importante apenas para mim em termos de entendimento do corpo e seu funcionamento, já que acabei por não atuar na área, o que também nunca foi a minha intenção, apesar de ter surgido algumas oportunidades.

Com as Lembranças do Facebook surgindo de tempos em tempos, recuperei muitas mensagens enviadas por meus pares perguntando sobre todos os assuntos, cada vez mais estimulados pela atenção com a qual os atendia. Percebi que a minha maior missão não fora somente me aprimorar no autoconhecimento e desenvolvimento da consciência corporal, mas especialmente auxiliar os meus companheiros de turma da Educação Física, hoje atuantes como professores em escolas, instrutores em academias e “personal trainers“.

Logo no Primeiro Semestre, cheguei a sofrer restrições de alguns devido à minha curiosidade em fazer perguntas no final da aula, os impedindo de sair antes do término. Sintomaticamente, muitos deles foram ficando pelo caminho. Com a continuação do curso fui ganhando a confiança da turma e passando coordenar a realização de alguns trabalhos na parte teórica. Na parte prática, não ficava devendo (quase) nada aos demais alunos, excetuando aqueles que mesmo na idade deles talvez não conseguisse alcançar. graças à tecnologia dos modernos celulares, pude registrar grande parte da minha incursão rica em experiências com jovens em busca de um sonho. O texto abaixo é de 2013*, na fase final do curso.

“Pessoal, como alguns que me acompanham sabem, estou no oitavo e último semestre do curso de Educação Física. Uma das disciplinas que tenho na grade chama-se Psicologia Aplicada Ao Esporte. O esporte competitivo tem exigido e carreado cada vez mais recursos para que o atleta ou a equipe ao qual ele está inserido apresentem resultados satisfatórios frente aos grupos para os quais atuam – clubes, torcidas e patrocinadores.

Dessa forma, a Psicologia como disciplina tem amplo campo de atuação nessa área de atividade humana. Mas, como lembra o meu professor nessa disciplina, Ricardo Rico, não uma Psicologia independente das motivações e aspectos mentais e emocionais que movem os atletas, ou seja, a Psicologia que conhecemos aplicada no esporte, porém gerada no âmbito de competitividade extrema ou, como diria eu, a vida levada ao limite da exibição de força, aplicação (e transgressão) de regras, vibração, aprendizado de como vencer e (mais importante, porque ocorre com a maioria dos competidores) como perder – enfim, uma Psicologia do Esporte.

Na última segunda-feira, o meu grupo tinha que apresentar uma entrevista com um ‘Coach‘, um especialista cada vez mais requisitado para atuar de forma individual ou coletiva junto a grupos profissionais e/ou sociais que buscam alcançar realizar metas objetivas. Devido a vários motivos que não irei declinar, domingo de manhã ainda não havíamos conseguido a entrevista prometida e eu tive que recorrer, meio a contra gosto (porque poderia parecer que fosse um abuso de confiança), à minha lista de amigos ‘facebookianos‘ e um deles, o Alberto Centurião, se predispôs a responder o questionário que elaboramos.

Foi uma agradável surpresa para mim que uma pessoa do quilate de Centurião tenha se colocado tão generosamente à disposição para tal empreitada em um domingo de Dia das Mães, praticamente na hora do almoço dessa data especial. Ele foi consciencioso e prestativo de tal forma que me senti impelido a agradecer-lhe publicamente aqui neste espaço. Meu grupo e eu realizamos a apresentação da entrevista e, aparentemente, fomos bem na empreitada. Despeço-me agradecendo à mamãe do Centurião que merece um beijo grande e um abraço forte por ter forjado um homem como o seu filho”.