14 / 12 / 2025 / É! Não É?

À partir da chegada da Internet na vida das pessoas, vários parâmetros da vida humana ganharam novas formas de referência. Como é comum acontecer, as várias ferramentas disponíveis através de sua inserção em nossa rotina começaram a ganhar protagonismo. Eu decidi não utilizar, mas é comum que a IA se transforme, para além da linguagem, em uma espécie de realidade paralela aos quais as pessoas aceitem como factível. A frase da imagem acima é de 2017. Eu já especulava sobre as possibilidades e alcance das novas tecnologias, mas o Sr. Corrector (como o chamo) eu deixava atuar porque me dava ideias interessantes à partir dos erros de flexões verbais ou a mudança de palavras que são simples, mas que por causa de um acento, muda todo o contexto do que se quer expressar. Foi graças ao uso das palavras que o ser humano construiu o poder sobre o meio ambiente. Muitas vezes a ponto de prejudicá-lo. Creio que seja pelo uso consciente da palavra que consigamos reverter o processo pelo qual nos encaminhamos para a autodestruição e, conosco, o resto dos habitantes de Gaia. “É e não “E“. “Ser” e não “Ter“. Por meio do uso correto da palavra poderemos mudar o rumo que tomamos em direção ao precipício…

1º / 10 / 2025 / Outubrino

Em Outubro do ano passado, escrevi: “Passei dois dias na PG para relaxar um pouco, colocar o meu sono em dia, mergulhar no mar, andar de bicicleta, diminuir a ingestão de alimentos processados, reorganizar a cabeça. Mais alguns dias, completarei a sexagésima terceira volta da Terra em torno do Sol fora do útero de minha mãe. Mergulhar no mar me faz como que retornar ao líquido amniótico. Sei que a conexão com a Natureza é a natureza de ser do Homo sapiens. No entanto, em algum momento, rompemos o cordão umbilical de maneira radical. Desconectados de Gaia, a estamos matando. Seremos conhecidos como a geração desesperançada que destruiu o planeta…”.

22 / 08 / 2025 / BEDA / O Outro*

A apresentação pública que faço de mim é a de alguém que se identifica com a defesa do Humanismo voltado para a transcendência, visando a proteção do ecossistema e o respeito aos outros seres que convivem conosco na Biosfera. Fora dessa perspectiva, quem defende ideias diferentes me ofende profundamente. Cheguei a me imaginar como um antípoda ao que preconizei acima como exercício de compreensão daquele que se me opõe. Em tese, conseguiria fazê-lo. Eu os encontro em meu círculo familiar, entre colegas de trabalho e nas minhas redes sociais.

Estabeleci como elemento de desordem o “outro”. Conquanto o meu ponto elementar de desequilíbrio seja eu mesmo, quis alcançar àquele que me desorganiza externamente. Dizer simplesmente que “o inferno são os outros” não seria suficiente. Eu me pus a identificar quais falas e atitudes do outro quebram a minha homeostase. Ainda que passeasse por zonas sombrias do meu ser, ao olhar para o abismo tenho certeza de que voltaria à minha posição inicial. Suposição incrível para alguém que refuta por entendê-las como indício de loucura.

Seria mais fácil criar uma personagem que se colocasse como porta-bandeira do obscurantismo, do desconhecimento, da misoginia, da homofobia e do racismo; que fosse elitista, antidemocrática e entendesse o poder econômico como hegemônico, colocando-o acima da necessidade de atendimento às demandas sociais. Mas na vida real essa personagem já existe. Na verdade, foi eleita como representante incondicional de pelo menos um terço da população — que se amolda ao que seja conveniente no momento ou que simplesmente acompanha a manada — do país onde nasci e vivo. Percebi que defender o indefensável seria impossível. Ir contra as diretrizes que considero o melhor para a maioria das pessoas e para mim, me paralisou.

Tenho frescas em meus ouvidos as últimas notícias do atual desgoverno — o fogo a se alastrar por grande parte do território brasileiro; a mortandade pela Covid19 de centena de milhar das pessoas menos protegidas pelo Estado; o desmonte da estrutura que manteve os índices sociais razoavelmente estáveis nos últimos anos, a exemplo do SUS e dos projetos de inclusão; o ataque direto à cultura, como o feito à Cinemateca Brasileira — onde todos os funcionários especializados na preservação do importante acervo audiovisual nacional foram demitidos. Como é que conseguiria me colocar no lugar de alguém que defende práticas tão perniciosas, de viés fascista; que promulga por decreto o genocídio do brasileiro comum e o etnocídio que solapa a identidade cultural indígena?

Quando surgiu o movimento de extrema direita que assumiu o comando administrativo do Brasil, eu me surpreendi com a quantidade de defensores dessa visão de mundo que se opunha brutalmente à minha. Artistas com os quais trabalhava (principalmente, músicos) não deveriam se colocar em sentido inverso ao que era propagado pelo candidato? Assumiriam a faceta que propunha retrocessos políticos e agitariam bandeiras retrógradas em termos sociais?

Ser esse outro não é apenas olhar para o abismo, mas mergulhar na lama primordial da qual foi gerada a vida — eu me tornaria uma ameba. Não teria de onde retornar, a não ser depois de milhões de anos de evolução. Prefiro morrer para esta vida a reviver por inteiro o drama de nosso desenvolvimento: voltar a ser um primata que lutará pela vida na floresta; até vir a encontrar o monólito que me tornará o primeiro ser humano; inventar os instrumentos de sobrevivência da espécie; participar da luta pelos espaços; instaurar grupos homogêneos como plataforma de expressão coletiva; desenvolver civilizações; guerrear contra os inimigos; trucidar oposições; formar países; escravizar povos e estabelecer ideologias hegemônicas como forma de dominação do outro…

Será que não podemos aprender com o que já vivemos em nossa História e deixarmos de praticar ações perniciosas contra nós mesmos e contra os outros seres com os quais coabitamos? Ou estamos condenados a reviver todos os dias mesmos dolorosos ciclos até o final dos tempos — um déjà vu em moto-contínuo?

Quase peço ao sol que antecipe em bilhões de anos a explosão que extinguirá os planetas ao seu redor, incluindo a nossa pequenina Terra. Porém, sei que é egoísmo da minha parte. Quem sabe as novas gerações modifiquem o nosso percurso atual e transformem Gaia em um planeta redentor?

*Texto escrito em Agosto de 2020, durante o segundo ano de desgoverno do Ignominioso Miliciano.

20 / 07 / 2025 / O Testemunho

O que quer que aconteça por trás do morro,
há o testemunho do Sol… 
Nossos olhos são interditados pela barreira física
de ver o que existe para além dela.
Clareada por sua luz,
o Sol é testemunha permanente
a cada segundo, mas ainda parcialmente,
já que a Terra gira em seu entorno,
como se estivesse a fugir de sua clarividência,
mas não de sua presença pela qual é atraída
eternamente,
desde a Criação.
Gaia é um ser de consciência.
Sofre, pensa em se revoltar, revida
com seus mecanismos de defesa…
Porém, sabe que morrerá, um dia, penosamente,
antes de seu tempo próprio
por alguns dos seres que a compunha.
Destruição.
O Sol por testemunha…


17 / 02 / 2025 / As Mães

A mãe Ingrid e a minha mãe, Dona Madalena

Ingrid é uma mãe. Eu e a Tânia, brincando, a chamamos de mãe. Não apenas do Bambino e da Maria. Com o seu talento para ser mãe, conseguiu unir pelo amor um cachorro e uma gata num espaço pequeno. Quem dela se aproxima, logo é envolvido por sua energia boa, seu sorriso contagiante e sua postura de mulher madura em corpo de menina. Seus amigos a idolatram, suas irmãs — Romy Lívia — a amam, a procurando para conselhos ou desabafos. Profissional competente, ninguém imagina que naquele corpo pequeno esteja uma exímia advogada, reverenciada por despossuídos e poderosos aos quais ajuda para se desvencilharem de seus problemas legais.

Quando pequena, já queria se tornar advogada (quem sabe, um dia talvez juíza?), para defender os injustiçados. Mas todos sabemos que nem todos o são e, mesmo assim, ela tem consciência que deve cumprir o seu dever de defensora dos seus clientes diante da Lei. Sempre voluntariosa, quando (mais) pequena, me deixava de cabelo (quando o tinha) em pé com as suas escapadas. “Por onde anda a Ingrid, gente?”… “Presa numa enchente no ABC, onde foi assistir um show de rock!”… Devia ter 12 ou 13 anos. Ela que me corrija, se eu estiver errado.

Muito inquieta, brincalhona, de feitio mais arredondado, ao crescer percebeu que tinha que controlar a alimentação que lhe acarretavam repercussões físicas indesejáveis. Corajosa, enfrenta os problemas psicológicos a que todos nós desenvolvemos com o tempo e a carga que a realidade nos impõe. Eu, mesmo, apenas neste quadrante, tomei essa atitude de fazer terapia. Muito, por sua influência indireta. Essa boa influência compartilha com as suas amigas e amigos, ao quais conheci de mais perto e pude verificar a riqueza de caráter da grandíssima maioria. É comum, ao nos aproximarmos mais de algumas dessas amizades, torcermos para que fiquem bem, desejando para que tomem os melhores caminhos, porque as queremos bem.

Chamado de “Tio” por algumas delas, busco não ser tão intrusivo e sigo os conselhos dela e das irmãs para que não pareça tão inconveniente. O que não é fácil… Mas, enfim, a aquariana que hoje aniversaria, cumpre quase todos os bons predicados do signo da Nova Era que está para se iniciar — o que proporcionará à maioria dos seres humanos a descoberta, a verdadeira vivência e o real conhecimento da Consciência Crística. Espero que não demore a chegar, pelo bem de Gaia

Gosto muito dessa foto! Não sei como a minha mulher tolerava o meu estilo riponga! E a minha filhota do meio, Ingrid, com aquele olhar de quem estava sempre disposta a aprontar! O ano? Feliz!