Coração, Mente E Alma

Na falta de cabelos, carrego amores perfeitos na cabeça…

Há, dentro de mim, uma briga
Momentos em que o meu coração grita
Debate-se dentro do peito
Com o pulmão se atrita
Rebela-se contra os órgãos que abastece de sangue
Autoritário, tenta impor as suas certezas
Rumar contra as correntezas
Chega a sugerir que sonhe a mente
Mente que não aguentará outras aventuras
Que sofrerá com outra aversão
Confia na sua característica demente
A da mente que se engana facilmente
Porque sabe que ela não se exprime
Para além dos sentidos
Aprecia pela visão
Enternece-se pelo som
Subjuga-se pelo toque
Submete-se pelo gosto
É uma mente limitada
Ao mundo que apreende pelas demandas do corpo

Porque é mais simples buscar o sentido de tudo
Pela experiência sensorial?
Onde está a minha alma,
Que não assume a posição de senhora?
A tentar reencontrar a minha alma perdida
Pelas vidas afora
A cada manhã e aurora
De mim, para mim
Amém?

Navegar E Amar

Eu quero ser lido,
mas jamais decifrado…
Eu quero ser saboreado,
mas nunca perder o gosto…
Eu quero ser rio manso para ser navegado
e mar revolto que afunda embarcações…
Quando me mostrar indômito,
buscarei a comunhão…
Quando estiver sereno,
quero causar perturbação
dos sentidos e dos sentimentos…
Quero ser seu e emancipado de mim,
quando estiver consigo…
Barco jamais ancorado,
conduzir e ser conduzido…
Navegar e amar…

Coração, Mente E Alma

Há, dentro de mim, uma briga
Momentos em que o meu coração grita
Debate-se dentro do peito
Com o pulmão se atrita
Rebela-se contra os órgãos que abastece de sangue
Autoritário, tenta impor as suas certezas
Rumar contra as correntezas
Chega a sugerir que sonhe a mente
Mente que não aguentará outras aventuras
Que sofrerá com outra aversão
Confia na sua característica demente
A da mente que se engana facilmente
Porque sabe que ela não se exprime
Para além dos sentidos
Aprecia pela visão
Enternece-se pelo som
Subjuga-se pelo toque
Submete-se pelo gosto
É uma mente limitada
Ao mundo que apreende pelas demandas do corpo
Porque é mais simples buscar o sentido de tudo
Pela experiência sensorial?
Onde está a minha alma,
Que não assume a posição de senhora?
A tentar reencontrar a consciência perdida
Pelas vidas afora
A cada manhã e aurora
De mim, para mim
Amém?

Sobre Platão E Gengibre

Platão

Segundo a teoria platônica, as formas (ou ideias), que são abstratas, não materiais (mas substanciais), eternas e imutáveis, é que seriam dotadas do maior grau de realidade – e não o mundo material, mutável, conhecido por nós através das sensações.

Colhemos gengibre. Lavados, um dos pedaços, a depender da posição que o colocava, ora parecia ser um cachorro, brincando com algo entre suas patas; ora, um cavalinho trotando campo a fora. Pode ser a minha imaginação exacerbada, porém talvez seja um bom exemplo de como podemos distorcer algo que vemos, ouvimos ou sentimos. Afinal, o certo mesmo é que se trata, apenas, de gengibre. Nesse caso, alguns gostam muito, outros, não gostam nenhum um pouco. E gosto, não se discute, já que as sensações são eminentemente pessoais e intransferíveis.

Contudo, há aqueles que gostam de impor seu gosto como padrão, entre todos os demais gostos. Mas essa é outra história, com efeitos que vão desde relacionamentos a preferências político-ideológicas. Pessoalmente, eu não apreciava gengibre. Assim como não gostava de comida japonesa, por puro preconceito – não conhecia e não queria conhecer. Até que “abri o meu coração” ao sabor, textura, aparência e todos os demais detalhes que me levaram a me tornar um fã incondicional. Hoje, consumo o gengibre e me afeiçoei a sua ardência em chás, em pequenas postas e da forma que mais vier a aparecer. Diria que essa raiz termogênica e picante é quase como se apaixonar – queima e vicia.