04 / 10 / 2025 / Se…

Um dia, estive tão perto da Igreja… 
Se… tivesse persistido em caminhar pelo franciscanato,
teria me tornado frei e não conheceria as minhas filhas.
Eu não pratico o “se” em minha vida como a conjecturar
possibilidades, alternativas, caminhos não tomados.
É algo que não serve para nada.
Se desenvolvesse teorias que excluíssem as existências de pessoas
tão queridas, atuaria contra os meus preceitos que abençoa a vida.
Eu estava sem horizontes à minha frente.
O meu desejo à época era servir às pessoas.
Eu fui batizado, fiz a primeira comunhão e durante o tempo
informar a religião que professava era usual, respondia: católico.
Mas como sempre gostei de História, a mancha da Inquisição me fez perceber
o quanto a instituição Igreja era contraditória.
A trajetória de Francisco de Assis, uma pessoa sã e santificada, calou fundo quando a conheci
mais de perto. O filme “Irmão Sol, Irmã Lua“, de Franco Zeffirelli, de 1972, fiz questão de assistir
no cinema. Com forte influência do movimento Flower & Power, apresentava um visual impactante e colorido. Sempre que era repetido nas Sessões da Tarde da vida ou mesmo de madrugada, lá estava eu a acompanhá-lo. Sabia que a vida monástica não seria um mar de rosas, que enfrentaria percalços e dúvidas, mas principalmente não cria na “santa Igreja Católica” o chamado Credo (símbolo de na Igreja). Talvez, o Frei José Luiz tenha percebido essa questão, já que rezava o “Pai Nosso“, mas não o Credo. O meu propósito era usar
os recursos materiais da Igreja para empreender o meu propósito de auxiliar o próximo.
Se… tivesse ido pelo caminho do monastério, a minha vida seria diferente, mas segui o meu coração. Não me arrependo…

08 / 05 / 2025 / O Dia Seguinte

Apenas para contextualizar, ontem houve uma passeata na Avenida Paulista pedindo anistia para aqueles que tentaram dar um Golpe de Estado comandado por alguns militares, militantes à mando do Ignominioso Miliciano que está em prisão domiciliar portando o delicado adereço da tornozeleira eletrônica. Essa é uma demanda “caso” o ex-capitão expulso do Exército com desonra por seus pares por arquitetar planos de explodir bombas no recinto da Força a qual servia. Eu, sinceramente creio que seja uma pessoa com sérios problemas mentais e, aparentemente de ordem genética, já que seus filhotes — do 01 ao 05 — apresentam deformações comportamentais parecidas. Ou isso ou nunca o exemplo de uma péssima criação deixou efeitos tão colossais nas mentes de crianças malcomportadas.

Uma dessas “crianças” — como o próprio o pai salientou — arquitetou um contra-ataque contra o julgamento de seu pai por quebra das regras democráticas. Com a ascensão do Agente Laranja nos Estados Unidos, ele conseguiu se imiscuir num grupo próximo ao presidente americano para levar adiante a aplicação de uma tarifa de 50% sobre todos os produtos brasileiros exportados para os EUA, mesmo que isso prejudicasse (como prejudicou) os próprios empresários e consumidores americanos. Tirante o tiro no pé contra o seu País, a contrapartida exigida foi a paralização do julgamento do seu espelho aqui. Portanto, vocês do Futuro que eventualmente vier a ler este texto, saibam que, um dia, uma enorme bandeira americana foi estendida tendo um pontinho verde-amarelo do seu lado, apenas para sinalizar onde estávamos como se fosse uma marca no mapa.

Quem foi à Avenida Paulista, antigo centro financeiro do Brasil, deslocado para a Faria Lima — porque nada é permanente — tomado de um ímpeto em defender um sujeito tão néscio que não trabalharia numa empresa para fazer os serviços mais simples: incapaz, inconsequente, destrambelhado e mal intencionado, que não dá para entender a razão de tal devoção. A explicação mais básica é terrível — essas pessoas pensam de igual maneira. São contra as regras democráticas, não admitem a inclusão, a diversidade cultural e de gênero, apoiam a misoginia e a homofobia como plataforma de defesa da família tradicional de cunho patriarcal. Além de envolver a religião cristã de cunho evangélico de viés americano como orientativo ou manipulador de ações governamentais.

E sabemos que já foi o tempo em que a Igreja está separada do Estado. Ao que parece, isso apenas serve de adesismo para caracterizar esse movimento como de ótica religiosa. Enfim, Deus, Família, Ódio, Propriedade, Rachadinha, Joias, Negacionismo e Antidemocracia devem ser defendidas. Nessa passeata do Mal, pelo menos se constatou que o Governador do Estado está nu. Finalmente revelou que por baixo do discurso indeciso de antes tornou-se francamente à favor do Golpe, militarista que nunca deixou de ser. E segundo eles mesmos já proclamaram — a verdade vos libertará.

16 / 06 / 2026 / 15 Fatos Sobre Mim*

Fui desafiado a postar 15 curiosidades sobre mim. Sinceramente, não vejo em que isso possa interessar a alguém, mas percebo que esta possa ser uma oportunidade de não levar as coisas tão a sério. Quando falamos de nós, tendemos a melhorar o nosso perfil, principalmente neste espaço do Facebook. Olhando retrospectivamente, há alguns detalhes curiosos que acho indicativos do caminho que percorri até aqui…

1 – Nasci a fórceps. Eu estava invertido, sentado. Esse detalhe serviu de piada para que em casa se justificasse a minha aparente falta de vontade de fazer as coisas que pediam –– pai e mãe. Em verdade, quase sempre estava ausente, viajando para bem longe…

2 – Nascido no centro de São Paulo, vivi no Largo do Arouche até os meus 5 anos de idade. Eu me lembro de ter sido feliz e conversava com fantasmas.

3 – Também fui feliz ao me mudar para a Penha. Vivi no bairro por três anos. Lá, aprendi a empinar pipas, a andar de bicicleta, subir em árvores e a escrever. Foi lá também que tive as primeiras experiências de carnaval de rua, na Vila Esperança. Queimei o meu rosto quando joguei gasolina em uma fogueira onde o meu tio cozinhou um tatu. Levei uns tapas da minha mãe.

4 – Ainda na Penha, como a minha mãe demorava em nos pegar na escolinha do bairro, a mim e meus irmãos, decidi levá-los de volta para casa. Andei pela antiga Estrada de São Miguel Paulista por dois quilômetros e quase matei a minha mãe do coração quando não nos encontrou. Devo ter levado outros tapas! Perdoa, mãe!

5 – Até os meus oito anos, a minha mãe dava o meu café com leite na mamadeira.

6 – Tive incontinência urinária noturna até os 9 anos de idade. Somatizo. Fiquei com a boca torta quando garoto e, quando adulto, tive lesão cervical por estresse emocional. Quase morri duas vezes — uma, por conta de uma gastrite hemorrágica e em outra por ocasião de uma crise hiperglicêmica. Desenvolvi Diabetes.

7 – O que se chama atualmente de “pakour”, praticava nas lajes do bairro no qual vivo até hoje, dos 8 (quando mudamos) até os 12 anos de idade, quando comecei engordar além da conta.

8 – Junto com o meu pai, fui catador de papel. Nós íamos com a Gertrudes (nossa Kombi) para os bairros mais nobres de São Paulo onde recolhíamos papel e papelão, além de alguns metais, para revender. Acho que isso durou até os meus 14 ou 15 anos.

9 – Graças à função de catador de papel, recolhi vários livros que guardo até hoje, aos quais devorava. Essa circunstância deu ensejo para que o meu pai vivesse pegando no meu pé, pois atrasava o nosso serviço, além de diminuir a receita que auferíamos.

10 – Nem sempre fui míope! A minha personalidade ganhou óculos aos 12 anos. Graças a isso, deixei o meu sonho de jogador de futebol de lado. Tudo bem! Sempre fui um jogador apenas razoável, apesar do chute forte e bem colocado…

11 – Fui granjeiro, criador de galinhas, patos e vendedor de ovos produzidos em nosso quintal. Um projeto de minha mãe. Também trabalhei nos dois bares que ela montou por alguns anos até os 21 anos.

12 – Aos 21 anos, depois de crises existenciais, leve síndrome do pânico (hoje, eu sei que passei por isso), três repetições de séries, um ano sabático fora da escola, passei na FFLCH-USP, no curso de História. Deixei História e entrei para o curso de Português, na mesma faculdade. Depois de outras crises, incluindo financeiras, também saí da USP.

13 – O principal motivo foi porque casei, aos 27 anos, com a minha mulher, Tânia, e precisava trabalhar. Ela estava grávida e eu, desempregado. Havia deixado de trabalhar como “roadie” em uma banda e tentei entrar na TV como técnico em iluminação. Como não deu certo, voltei a trabalhar depois de algum tempo com sonorização e iluminação, locando equipamentos através da nossa pequena empresa, acompanhado de meu sócio e irmão, Humberto. Completamos, neste ano, 25 anos de empreitada com a Ortega Luz & Som.

14 – Até os 16 anos, fui ateu ou agnóstico, a depender da amplitude do conceito. Um livro mudou a minha percepção do mundo: “Autobiografia De Um Yogue Contemporâneo”, de Paramahansa Yogananda. Eu me tornei vegetariano aos 17 e o fui durante dez anos. Estava, então, bastante influenciado por filosofias orientais. Estudei várias religiões –– Budismo, Hinduísmo, Espiritismo, Cristianismo –– e mesmo não sendo católico de alma (estudei História, lembram?), quase entrei para a Igreja, na intenção de vestir o hábito franciscano. Por essas e por outras motivações, apenas com a Tânia tive a minha primeira relação sexual. Casei de branco, mas a Romy já estava a caminho. O meu casamento completou 27 anos, em maio.

15 – Eu sou um homem muito rico: tenho uma linda família, que eu amo! Sou feliz por poder ter dado ensejo à expressão e compartilhamento das vidas das minhas filhas RomyIngrid e Lívia

*Texto de 2016

1º / 06 / 2025 / Atrás Da Igreja*

Sábado, dia 12 de março de 2016. Passo às 6h50 da manhã por trás da igreja. No interior, ouvi dizer que atrás da igreja acontecia coisas bastante interessantes. Nesta manhã, o centro da cidade parecia tranquilo. Nada de muito instigante sucedia. Os ônibus faziam os seus itinerários. Uma pombinha dormia no alto do poste de luz; um senhor caminhava desde a banca de jornais; um carroceiro e catador de recicláveis, que é a sua própria mula, cumpria a sua faina diária… Além do horário, o relógio de rua anunciava a exposição “Aprendendo Com Dorival CaymmiCivilização Praieira“, no Instituto Tomie Ohtake. Nasci no planalto, mas a minha alma é praieira. Vou tentar vê-la…

26 / 05 / 2025 / O Verdadeiro Templo

Na principal avenida do bairro da minha Periferia, eu passava em frente a uma dessas igrejas em que o “dono” se diz bispo e investe o dinheiro que obtém em fazendas de gado. E faz questão de divulgar isso como retribuição de Deus por seu trabalho. Porta aberta, um pastor gritava palavras da Bíblia para convencer seus fiéis a provarem sua devoção de maneira material. Enquanto isso, fora do salão, o Sol brincava entre as nuvens para nos mostrar que, apesar de tudo, a divindade da vida não tem o seu verdadeiro templo entre quatro paredes.