Há um ano e um dia, escrevi: “Hoje é o Dia Mundial do Livro. Se bem que modernamente possa ser acessado por equipamentos eletrônicos — como computadores, tablets, celulares e, mais especificamente, ebooks — o objeto livro, por si só, é algo simples. Primitivamente, são páginas de papel unidas umas às outras que expressam mensagens imagéticas e ideias por imagens e/ou palavras. A estas últimas as quais me filio como escritor, rendo as minhas homenagens. Principalmente neste momento que há um projeto para taxação de publicações literárias por considerá-las elitistas. E se isso acontece é porque o investimento na Educação tem declinado gradativamente. É como se fosse o paradigma do biscoito ao contrário: como a Educação é elitista, os livros — instrumentos fundamentais do ensino — também devem ser. Considerando que a leitura é um dos eficazes expedientes para o desenvolvimento do aprendizado e do conhecimento, a formulação do projeto deveria ser o oposto.
É o empobrecimento da Educação como projeto de separar os bem-educados dos que irão servi-los. No livro que tenho à mão na foto — a coletânea de setes escritores como sete textos cada, chamada Sete Pecados — há um texto meu chamado Governante Supremo, em que o referido personagem odiava a Literatura. Seu projeto secreto é o de tornar todos equalizados em um nível menor de inteligência. Em certa passagem, esta expresso: ‘Ao contrário do que se propagava de que uma imagem valesse por mil palavras, intimamente sabia que uma só palavra poderia equivaler a mil interpretações diferentes. Como evitar que a comunicação não fosse corrompida por pensamentos espúrios quando se escrevesse ou lesse a palavra ‘amor’, por exemplo?'”
O meu pai teve várias profissões em sua vida. Foi feirante — se considerarmos uma banquinha com produtos de higiene uma “barraca de feira” —, torneiro mecânico, marceneiro, pesquisador do IBOPE, almoxarife e porteiro num jornal de economia, na Martins Fontes. Às vezes, eu ia encontrá-lo para vê-lo, já que ele já não morava mais conosco e a mulher que estava com ele não gostava de nossa presença, assim como a minha mãe não gostava que fôssemos à casa deles. O que eu mais gostava é que o Sr. Ortega me entregava quase sempre um exemplar do Jornal da Tarde. Além das páginas de esportes, adorava as de cultura e as crônicas de Lourenço Diaféria.
O jornal acabou por enfrentar problemas financeiros, deixou de publicar em papel e hoje apresenta somente a edição eletrônica. Na época, um jovem que tentava entender o mundo, fiquei intrigado porque uma publicação especializada no setor financeiro não tenha conseguido contornar os efeitos econômicos das sucessivas crises pelas quais passamos. Para se ver que o Brasil não é para amadores ou nem mesmo profissionais. Hoje, eu sei que era o início um processo de modificação no setor de comunicação impresso, que apesar de ainda não haver a concorrência massiva da Internet, decaía por uma razão óbvia para mim: a leitura de modo geral decaiu na mesma proporção da decadência do ensino, em movimento iniciado na Ditadura como projeto de desmonte da educação.
Na época, tanto professores quanto alunos eram encarados como entes que causavam extrema desconfiança. Afinal, o aprendizado requer que pensemos, pensar requer questionar, questionar requer filosofar, especular, contestar o status quo e os esquemas pré-estabelecidos. Nada é mais desesperador para o conservador que, como diz a Lunna Guedes, é um ser preguiçoso, do que ocorrer a revolução dos costumes, a transformação dos tempos, a contestação das classes dominantes, a busca da mudança dos parâmetros políticos. O arejamento do ambiente social para torná-lo mais saudável, tentar encontrar soluções para a diminuição do imenso desnivelamento socioeconômico da população brasileira.
Como bem nos fez ver o atual Ministro da Economia, o Sr. Paulo Guedes, ao objetar a chegada do filho do porteiro ao ensino superior através dos programas públicos de incentivo à educação como o FIES, isso é uma temeridade para pessoas que, com ele e o chefe dele, formam a quadri… a equipe de (des)governantes então no poder federal. Ao educar o filho do porteiro, como eles terão ao seu dispor outros porteiros que, ainda que recebam um baixo salário, possam servir aos deleites dos eleitos: abrir e fechar portas, carregar as suas sacolas de grife, receber as suas correspondências, controlar a circulação de pessoas indesejáveis, recepcionar amigos, distinguir e fazer mesuras aos cidadãos de primeira classe e cuidar de sua segurança?
No início dos anos 80, eu entrei na FFLCH-USP, no curso de História, prestando vestibular. O filho do porteiro então só tinha dois passes para ir e dois para voltar da Zona Norte até a Cidade Universitária, na Zona Sul— quatro horas entre ida e volta — e um dinheirinho para comer alguma coisa. Eu levava iogurte, maçã e comprava um salgado na lanchonete. Havia o “bandejão”, mas eu preferia economizar para poder tirar cópias dos textos necessários para fazer o curso, já que comprar livros era impensável, devido ao alto custo. Fiquei seis anos frequentando a Cidade Universitária, participei como figurante de “Feliz Ano Velho”, com Malu Mader e Marcos Breda, além da belíssima Eva Wilma; iniciei um curso de Italiano com os alunos de Letras; bati com gosto nos adversários, como médio volante do time de futebol da História (muito fraco); escrevi para o jornal do grêmio da faculdade, fui censurado por usar a palavra “tesão” em um poema (amar como um artesão, com arte e tesão…); escrevi muitos trabalhos literalmente nas coxas (tirei uma das melhores notas de Egiptologia num texto escrito durante o percurso de ônibus); e decidi deixar o curso para começar o de Português, na mesma FFLCH_USP, fazendo um outro vestibular, no qual passei.
O filho do porteiro estava feliz por poder ter contato com a Literatura de uma forma mais intensa. No entanto, “engravidei”. Tudo mudou. Tive que abandonar a faculdade para poder trabalhar integralmente. Eu já trabalhava com eventos, mas como empregado de uma banda. Dois anos depois, eu e o Humberto, montamos a Ortega Luz & Som. Voltei a fazer faculdade apenas aos 47 para 48 anos — bacharelado em Educação Física— quatro anos em que reencontrei o prazer de estudar, apesar de dormir pouco. Vivi a mesma situação da maioria dos estudantes que precisam fazer os seus cursos e trabalhar para financiar os seus estudos. Fiquei muitas vezes no negativo. O que me movia era poder ter uma opção de trabalho, mas a minha pequena empresa ganhou musculatura e atuar como “personal” ou professor de Educação Física em uma escola foi ficando em segundo plano, principalmente por perceber que a falta de atividade na profissão causa uma defasagem às vezes intransponível. Essa é uma outra questão que os que legislam sobre a educação não entendem — estudar é um processo permanente.
O conhecimento exige esforço e demanda recursos. O aprimoramento é fundamental para que o educador possa fornecer subsídios atraentes para que seus alunos prosperarem no aprendizado. O estímulo para quem professa o ensino como missão (me perdoe, Professora Marta Scarpato, que odeia esse termo) deve se dar em uma estrutura adequada, recursos midiáticos, compatíveis com os tempos atuais e a capacitação constante. E, é mais do que claro, salário não apenas digno, mas muitíssimo sobrevalorizado ao que se apresenta hoje. Porém, em se apresentando uma plataforma de governo que adota o Regime Militar como modelo, ou seja, de desmonte da educação, isso não acontecerá. Piorará. É um ciclo vicioso e viciado, pustulento e infectante de doenças do século passado. Isso não é conservadorismo. É putrefação.
Estar em aconchego varia de pessoa para pessoa. Para alguns, a casa é o lugar mais aconchegante. Outros, dirão que onde estiverem os amigos ou os familiares, ali a pessoa se sentirá mais aconchegada. Uma imagem, uma referência aleatória, uma cidade inteira podem ser, simbolicamente, um lugar de aconchego para alguém. Há vários, cada vez mais, que dizem sentir mais aconchego ao estarem sozinhos ou com seres não humanos. Enfim, o aconchego não é algo que se possa mensurar ou estabelecer critérios arbitrários. Aconchego, aconchegar, aconchegante — termos que podem mobilizar uma variedade imensa de sentimentos.
Esse é o pessoal do 6º Bimestre de Licenciatura em Educação Física, período diurno, da UNIP—Marquês ou, simplesmente, Turma da Caverna do Dragão— em junho de 2012 — com a qual me senti acolhido e aconchegado, apesar da diferença de idade, em torno de 25 anos entre mim e eles. Da mesma maneira, procurei aconchegar quem estivesse se sentindo inseguro no curso através da minha experiência acadêmica anterior. Na época, nós nos formamos em Licenciatura. Prossegui por mais dois semestres e acabei por me tornar Bacharel em Educação Física.
Em uma mensagem a eles, escrevi: “Pessoal, vamos dizer que o Sistema seja o Vingador e o Tempo, o Mestre dos Magos. Enquanto o Vingador tenta nos enredar e nos vencer com os desvios do caminho, buscando roubar as nossas Armas do Poder (ética, consciência, perspicácia, estudo, criatividade, vontade de conhecimento…), o Tempo, ao contrário do que as pessoas imaginam, não nos rouba a juventude. De fato, ele faz uma troca justa, devolvendo experiência, conhecimento e estabilidade emocional, entre outros benefícios, desde que saibamos caminhar com ele. Tiamat, o qual o próprio Vingador teme, está mais perto do que pensamos e podemos chamar de Desesperança, pois não contribui para que Sistema seja melhorado, ao mesmo passo que impede que vivamos o Tempo com sabedoria para superarmos os nossos limites. O nosso curso —Educação Física— está aí justamente para que ajudemos as pessoas a viverem mais e melhor. Dessa forma, nos tornaremos heróis. Nossa dedicação aos outros, um dia propiciará que voltemos para a casa sabendo que cumprimos a nossa missão”.
Os loucos pelas Letras… reunidos por aquela que dizia ter horror à aglomeração…
Saudade de certo tipo de aconchego também pode ser considerado algo aconchegante? Sim, desde que venha a se tornar um objetivo voltar a ser alcançado. A Scenarium promovia encontros em que a Literatura era valorizada através de saraus com lançamentos de títulos, discussões temáticas, mescladas a outras expressões artísticas, como música e teatro. Outra atividade que realizávamos era o Clube de Leitura, em que livros escolhidos por Lunna Guedes eram lidos e discutidos a cada mês. Atividades presenciais, aglomerávamos, nos abraçávamos, conversávamos cara-a-cara, pulsávamos na mesma vibração. Eu me sentia entre os meus. Aconchegado.
Pai, mãe, filhas e netos… peludos.
Estar em casa, com a minha família, é o maior sentimento de aconchego ao qual posso aspirar, mesmo porque tem sido cada vez mais difícil estarmos reunidos pelas atividades de cada um que nos afasta cotidianamente. Quando esse encontro acontece, passamos a valorizar imensamente. Aconchegar, mesmo em família, principalmente em tempos de Pandemia, tem sido oportunidades inestimáveis e quase impossíveis.
Família Nuñez Y Nuñez
Sair da Espanha, atravessar o Oceano Atlântico em um navio por semanas, chegar do outro lado no Porto de Santos, Brasil, com seus cinco filhos. Essa foi a jornada de Dona Manoela Nuñez Prieto, minha avó materna, e meus tios, ainda crianças. Por aqui, os esperavam meu avô, Antônio Nuñez Prieto, que viera uns dois anos antes. Corria a década de 20 do século passado. Portanto, cem anos nos separam do fato. Resta a imagem das crianças um tanto assustadas e de minha avó que talvez carregasse, além de roupas em suas malas, as dúvidas quanto ao que encontraria. A minha mãe, Madalena, e seu irmão, Benjamin, o caçula da família, viriam a nascer já no Brasil. Sei que minha avó se sentiu acolhida e aconchegada por aqui, apesar da vida difícil, ainda mais em época de Guerra, nos Anos 40, quando faleceu. A minha mãe disse que ela sabia o Hino Nacional “de cor” e o cantava com fervor.
Uma das lindas praias de Ubatuba
É possível se sentir bem e aconchegado apenas um tempo que seja através de uma expressão da Natureza? Sim! Assim sou eu com o mar. Dentro da água, movimentada em ondas, calma tanto quanto possa ser, eu me sinto no aconchego do meu lar. Sinto que a atração é mútua…
Nossa mãe, meus irmãos e eu, em um Natal eterno perdido no tempo…
Eu nunca me senti bem comigo mesmo durante quase toda a minha vida. Mas quando minha mãe era viva, eu tinha a quem me referenciar, um colo para me aconchegar, ainda que durante muitos anos não conseguisse sequer abraçá-la. Até que nasceram as minhas filhas. Consegui, pouco a pouco, destravar corpo e mente para que por momentos ficasse aconchegado. Dona Madalena era o meu aconchego fisicamente viva. E continua sendo, agora que está cada vez mais íntima. Sem ela, não estaria aqui, agora. Das duas maneiras — pelo parto e por me manter vivo.
O ano de 2020 ficará marcado com a chegada de um vírus descoberto em 2019, que espraiará a sua influência para os anos que seguirão, a começar por este 2021 que se inicia. Chamado a listar as leituras que realizei no ano passado, não consegui me lembrar totalmente dos livros que li, porque a minha atenção guinou fortemente para assuntos da atualidade em noticiários, crônicas, depoimentos, entrevistas, estudos epidemiológicos, científicos, políticos e históricos. O meu principal objetivo era entender o que estava acontecendo neste País e no mundo. A minha perspectiva pessoal foi passando por gradações que foram do espanto imponderável, que antes era apenas relativa, para uma visão absolutamente negativa do brasileiro.
Trabalhei bastante nos três primeiros dois meses e meio de 2020. Após o que fui forçado, pelas circunstâncias, a parar totalmente com qualquer atividade profissional, muito ligada ao congraçamento e às aglomerações. Tornou-se proibido, sob pena de acelerar a propagação da Covid-19, juntar muitas pessoas no mesmo ambiente para festejar ou qualquer outro motivo. Compreendi totalmente as razões e me conformei em realizar o isolamento social. Em 22 de Abril, o negacionista master protagonizou uma reunião ministerial que, em qualquer lugar do planeta, seria considerado um episódio vergonhoso em nossa História, mas que no Brasil apenas referendou, no dia de sua “descoberta”, o descortinar de uma realidade indigna.
Não apenas por questões de ordem externa, mas igualmente familiar, a minha condição mental foi se deteriorando gradativamente e, no final de 2020, comecei a ter crises de ansiedade. Percebi claramente que havia perdido o centro. No momento em que escrevo este texto, recuperei um tantinho o sentido que quero dar ao meu caminho e isso já é um alento. Externamente, a chegada da vacinação ao cotidiano do brasileiro cria novas perspectivas, principalmente quanto ao enfretamento do obscurantismo protagonizado pela parcela da população barulhenta ligada ao miliciano do Planalto Central. Ter deixado me levar de roldão pela situação que vivemos só não tiveram maiores consequências porque aproveitei para fazer cursos literários.
O meu tempo foi ficando contraditoriamente escasso, mesmo porque comecei a mexer em coisas da casa — reparos, reforma, pintura, construção — entre outras ações ligadas ao trabalho doméstico. O que antes executava prazerosamente em horas de folga, ganhou um peso inusitado ao se tornar a minha função principal. Estar sem atividade profissional, por mais que tentasse minorar como afetava o ego, me impediu de estar equilibrado para me divertir em ler sem compromissos. O que também refletiu na produção de meus próprios textos — instáveis em quantidade e qualidade. Eu, que tendia a acreditar que estar pesaroso melhorava minha escrita, comecei a duvidar disso. Mais uma fantasia que se desvanecia.
Quanto a Literatura, apesar da falta de referências às obras completas, li muitos poemas, crônicas, ensaios e contos. Assim como tantos outros autores, comecei a ler Nietsche e parei. Quis reler os “meus” clássicos, chegava a folheá-los, para logo em seguida, recolocá-los na biblioteca. Salvou-me da nulidade a participação no Clube do Livro da Scenarium, caso contrário não teria estímulo sequer para levar adiante qualquer leitura mais longa. “Alice — Uma Voz Nas Pedras”, de Lunna Guedes; “Corredores: codinome loucura”, de Mariana Gouveia e “Receituários de Uma Expectadora”, de Roseli Pedroso, fecharam 2020 com o gosto de quero-mais quanto às leituras que farei em 2021. Até mesmo a minha “REALidade”, que será a obra analisada no próximo encontro, reavivou o gosto por ler. O interesse na minha escrita foi mantido a ferro e fogo graças aos convites-estímulos de Lunna Guedes para participações na Scenarium através das Revistas Plural e edições especiais.
O fluídico não-ano de 2020 contaminou de forma abrangente o mundo, o nosso País e a mim, íntima e pessoalmente. Como se fora a construção de uma obra ficcional com tintas de terror distópico, vi acontecer, dia a dia, o crescimento da doença da alma brasileira, para além da contaminação pelo novocoronavírus. Que essa “obra aberta” tenha afetado o meu olhar de leitor a ponto de não conseguir acompanhar página por página histórias engendradas por escritores recomendados ou por aqueles que apresentam o selo de qualidade dado pela referência de milhões de olhos é apenas mais um dos resultados ruins, ainda que menor diante dos imensos, como a mortandade por descaso de um governo ruim administrativamente, além de humanamente perverso, aliado ao comportamento dissociativo da sociedade brasileira.
A vontade que me resta é de fugir para uma ilha, carregado de muitos livros…
Há dois anos, na noite de 11 de Julho de 2017, estive com Fellini, assim como Fellini sempre esteve comigo desde que conheci o seu sonho, que passou a fazer parte de meu sonho de viver, com as imagens-poemas-movimentos que produziu. A Lunna, que bem poderia ser uma das suas personagens, dada à sua singularidade e história, fez muito bem reunir autores, amigos e leitores da Scenarium Plural Livros Artesanais, naquele lugar evocativo da sétima arte para o lançamento da coletânea de poemas Coletivo (2017), que reuniu dez autores a tecer linhas e palavras sobre temas variados – o Medo, de Aden; os Caminhos, de Adriana; a Pele, de Caetano; os Pedaços, de Chris; o Silêncio, de Ingrid; os Gestos, de Marcelo; as Memórias, de Maria; a Boca, de Mariana; a minha Tristeza e o Dilúvio, de Virginia.
Nas colunas da Revista Plural Inéditos & Dispersos, comparecemos, eu e outros autores da Scenarium, com crônicas, resenhas, poemas, contos, ensaios e críticas. A poesia de Ana Cristina César surgiu como mote propulsor e a inspirar pareceres, impressões, movimentos escritos na tarefa sublime de reconhecê-la como uma das grandes, ainda que não vislumbrada por muitos.
O ator Felipe Reis, que declamou um dos meus poemas – Tristeza Mortal.
Borges, Osmar Lins, Fernando Pessoa, Mário Quintana, Antônio Cândido, Otávio Paz, Charles Chaplin e Susan Sontag surgiram dentre as folhas a realizarem ponteios de violeiros em lírica canção textualizada em papel. Os escritos se desdobraram – Aden Leonardo, Tríccia Araújo, Mariana Gouveia, Rita Paschoalin, Daniel Velloso e Renato Essenfelder polinizam suas páginas brancas de tinta negra com intenções de sangue vivo.
Amigos que compareceram ao lançamento de mais mais uma obra da Scenarium Plural Livros Artesanais. Lá, descobrimos o talento de K-N, engraxate nas horas vazias.
Adriana Aneli, intervieram com a sua sensibilidade, a incluir uma resenha sobre meu livro de crônicas – REALidade – em que ela revelou um escritor muito melhor do que sou, muito pelo talento da escritora natural que é. Pudemos igualmente ler uma reveladora resenha sobre “Oliveira Blues”, de Akira Yamasaki, realizada por Caetano Lagrasta Neto.
Descobrimos em Ester Fridman – filósofa e astróloga – também uma belíssima ensaísta. Pudemos ler Uma Carta Ao Nelson, por Luciana Nepomuceno. Os poemas de Andrea Mascarenhas, Simone Teodoro, Marcelo Moro, Manogon. Que veio a retornar como Manoel Gonçalves e aduziu às palavras de Tatiana Kielberman, Thelma Ramalho, Joaquim Antonio, Virginia M Finzetto, Roseli V. Pedroso, Emerson Braga e minhas sobre o desdobramento escritor/leitor – o eterno enigma do espelho.
Entre cafés e outras bebidas, Federico Fellini esteve presente com o seu olhar de diretor da cena. Adorei o nome original do recanto na nota – Café E Letras Bomboniere.
Ao final, tanta energia e beleza se fez presente sob o signo e o olhar da Lunna Guedes, escudada por Marco Antonio Guedes, como a nos conduzir pela noite que é viver, já que quase nunca reconhecemos muito além da escuridão próxima que nos rodeia, mas com ela ousamos caminhar para além dela. Sem a luz da Lunna, nada disso teria sido possível. Rendi as minhas homenagens à La Signora Della Notte por esse projeto incrível, que é embalado pela Família Scenarium Plural Livros Artesanais, unida pelas palavras e o desejo de ser plural.
Ao sairmos, eu, Marco e La Signora Della Notte, lá estava ela para se despedir, junto às estrelas de fantasia pintadas na parede.