02 / 12 / 2025 / A Nômade Da Mente

com quem eu converso sobre mim viaja dobrando as minhas esquinas
invadindo becos sem saída percorrendo estradas tortuosas percursos
falsos não porque eu minta mas porque sou tantos que a cada discurso destoo
ao mesmo tempo que ela adentra por espaços em várias partes do mundo físico
é como se ela me visse por ângulos ao sabor de ventos diversos alma vestida
de nenhum lugar noites de diferente luar outras constelações
como mapas do caminho de leite
essas estrelas respondem à suas indagações?
é moça de ouvir estrelas perder o senso duvidar da ciência pessoal de si
estando sob estados e pressões mudadas?
ou permanece não transformada ao mudar de lugar de estar estando distinta
acolhendo em visão paredes de novas tintas
outras cidadelas
será que ela se sente pertencida?
ou basta se possuir?
o que lhe dá o poder de ir e vir sendo outras em cada viagem para dentro
de outros seres humanos pela condução da palavra?
ela duvida é descrente?
ou as certezas são impróprias para quem perscruta mentes?
se pudesse tocaria fogo nas habitações falseadas de quem ouve memórias
sem nexo com a realidade
se a mentira também tem valor de verdade
qual é a segurança sob a qual se planta a moça-rocha?

Foto por Frank Cone em Pexels.com

05 / 06 / 2025 / Prato Cheio

O prato acima está cheio. Não, não estou falando de comida, mas de memórias. O que também pode ser um rico alimento para a alma. Até o outro dia era um prato simplesmente, igual a outros que temos por aqui, até a Tânia me dizer que a minha mãe deu a ela porque era o meu favorito. Talvez fosse em relação a outros, mas não me lembro de preferi-lo como tal. Mas a minha mãe me conhecia melhor do que eu, não duvido que o utilizasse mais frequentemente. De qualquer forma, passei a utilizá-lo mais vezes desde então. É como se tentasse reaver as lembranças que o preenchia de antigos sabores. Reparei apenas que o arroz e feijão ficou mais apetitoso. A mente é realmente um grande ingrediente em qualquer prato…