Pode parecer incrível, mas quanto mais eu me interiorizo, mais eu me abro. Quanto mais eu me exploro, mais eu consigo me conectar com o resto de mim, que são todos, que são tudo. No entanto, alguns mistérios permanecem. Há alguns lugares em minha alma que estão inacessíveis… Tem sido mais fácil chegar ao Sol…
Etiqueta: mistérios
Dança Mágica*
Em relação à imagem acima, escrevi em 13 de setembro de 2016:
“Ontem, como estava há quatro dias “virando” de um evento para outro, não estranhei que me sentisse em um sonho quando começou o cortejo dos candelabros conduzidos pelas bailarinas do grupo de Nazira Izumi. Ao adentrarem ao “Picadeiro“, com o auxílio generoso da bela trilha sonora, o clima da apresentação pareceu o de uma reunião de modernas bruxas na floresta, a homenagear os mistérios femininos com a ciência da vida. Cumpriu a nós, expectadores, apenas nos deixarmos levar pela beleza dos movimentos ritmados daquele ritual…”.
#Blogvember / Planar
Planos e projetos que não saem do papel (Lua Souza)

eu
como os urubus
plano altivo junto às nuvens
perfurando os ares
voo em grupo a coreografia da liberdade
dos úteis carniceiros
enquanto divago
faço planos e projetos que não saem do papel
propositalmente antecipo o fracasso de desejos
natimortos
exercício de mistérios que adoçam
a minha mente carregada de entulhos
concluo que não nasci para planificar
mas para descer comer restos limpar o lixão
e planar
ultrapassar os mais baixos instintos
para cada vez mais profundamente
rumar ao centro da terra
sem costume e sem regra
me abastecer de indigesta e abjeta iguaria
e voltar altaneiro para o céu
donde observo os seres enganados de si
que se acham melhor do que aves de rapina
que deveras somos…
Participam: Lunna Guedes / Roseli Pedroso / Mariana Gouveia / Suzana Martins
#Blogvember / Desandando
Embolei as ideias fiz um nó depois desatei (Nirlei Maria Oliveira)
Gosto de caminhar. Aclara as minhas ideias, estabelece um rumo, enquanto desando em pensamentos fugidios. Percebo o caminho para além das marcações de asfalto, guias, calçadas e buracos. Por vezes, enquanto passo, passam personagens. Dois deles que formavam um casal de idosos, saíam pelos portões de seu condomínio e encetaram os seus passos lentos e encurvados de presumíveis 80 anos.
Ao ultrapassá-los, os cumprimentei com um bom dia de reconhecimento, ainda que nunca os tivesse avistado antes. A senhorinha respondeu com a sua voz fraca, mas o senhor apresentou um tom forte e estável, de quem vivia os seus 50. Foi uma agradável conversa entre as idades. Porque não são apenas frases longas que perfazem um diálogo. Deu vontade de interceptá-los e saber sobre as suas histórias — união, filhos, netos — se os tinham.
Mas me lembrei de itens que faltavam em casa e mudei o rumo para o supermercado. Ao passar pela caixa, uma simpática moça me ofereceu um panetone, há dois meses do Natal. Respondi que não gostava de frutas cristalizadas (foi o menino que fui respondendo). Ela disse que também só gostava de chocotone.
O que ficou de saldo, além dos itens pelos quais paguei foi o de como as idades que vivemos se intrometem vez ou outra em nossa vida, sem mais nem menos. Atualmente, tolero panetones com frutas cristalizadas, mas o diabético tem a desculpa de não poder comê-los. Desandei em novos pensamentos. Embolei as ideias, fiz um nó depois e os desatei. Outra desandança…
Porém, nem sempre equaciono as minhas dúvidas, das mais simples às mais complexas. Muitas vezes, deixo permanecê-las numa caixa de mistérios, como se fossem brinquedos com os quais escolho brincar quando mais nada me acompanha — de pessoas a sentimentos, de emoções a ações. Vou lá, abro o repositório e os toco com a reverência de quem vive conexões misteriosas a serem desvendadas.
Em minhas andanças em busca de flores pelo caminho, tem sido comum passar por pombas mortas. Tão acostumados a ciscarem pelo asfalto, distraídas ou lentas, os carros as atropelam, desfazendo o acordo que anuncia: quando estes passam, aqueles ratos alados devem voar (George Constanza, em Seinfeld).
Domesticadas, a morte não se dá por predadores comuns, mas motorizados. Nós, que as atraímos com o nosso comportamento de “sujismundos”, estamos a abatendo esportivamente por atropelamentos. Aliás, este último parágrafo aconteceu sem mais nem menos, resultado de meus desandados raciocínios. Acidentes articulados pelo meu precário des… tino…
Participam: Lunna Guedes / Mariana Gouveia / Suzana Martins / Roseli Pedroso


