Mulher na cirurgiã-plástica faz um procedimento simples de infiltração de Botox na face. Recomenda-se que permaneça com o rosto em repouso ao menos por dois dias. “Posso namorar?”. “É amor ou paixão?”. “Paixão!” “Se for paixão, então, não!”
Está foto do menino foi tirada aos 13 anos. Porém, o seu sentimento permanecia o mesmo…
Conheci um menino que, por volta dos oito ou nove anos, recebeu a informação, por coleguinhas mais velhos, que a maneira mais comum de fazer amor com uma mulher, seria frente a frente. A principal preocupação do menino passou a consistir no fato de que teria que fazer algo tão íntimo olhando nos olhos da pessoa que viesse a namorar.
Aquela possível futura situação realmente o deixou estarrecido. Percebeu que não teria condições psicológicas de realizar aquela proeza. Seria tão fácil, pensou, se fosse apenas como os cachorros fazem, que era o modo que conhecia, pelo que via nas ruas…
Aliás, olhar nos olhos de outra pessoa era a coisa mais difícil de sua vida. Como igualmente enrubescia com a ideia de que alguém estivesse o observando. Tentou sempre ficar nos fundos ou nos cantos das salas de aula que frequentou. Essa atitude o favoreceu como um observador dos movimentos humanos e passou a sentir prazer em desenvolver esse talento materializando-o no papel. Tentava passar despercebido de todos, mas cedo percebeu que algumas de suas habilidades, passava a posicioná-lo no centro das atenções. Logo, passou a disfarçá-las, para melhor se esconder.
Lidar com as meninas, então, era o pior dos mundos. Elas o fascinavam ao mesmo tempo em que o deixavam paralisado. Gostava tanto delas, que preferia colocá-las na segurança de um pedestal, idealizadas como modelos de perfeição. O menino lembrou-se de quando começou a se apaixonar, à mesma época da descoberta sobre o intercurso frontal entre as espécies.
Primeiro, se apaixonou pela menina mais bonita da escola, depois pela mais desengonçada que, no entanto, gostava de seu melhor amigo. Aliviado por não ser o alvo daquela paixão, serviu alegremente de pombo-correio entre os dois. Mais um pouco, percebia que dava preferência às meninas comprometidas. Isso, o impedia de vir a querer se aproximar delas com intenções amorosas, já que seguia a rígida etiqueta da amizade entre os homens – “poderá até cobiçar a namoradinha do próximo, mas nunca deverá convidá-la para sair”.
No decorrer dos anos, o menino que conheci conseguiu, paulatinamente, mas com muito esforço e sofrimento, superar a sua mórbida timidez. Casou, teve filhas, mas apesar disso, nunca chegou a entender inteiramente as mulheres, mesmo as tendo constantemente por perto. Ou até por isso mesmo… Em suma, elas continuavam a fasciná-lo enormemente.
Se ele me pedisse um aconselhamento e se ele não estivesse tão longe no tempo, pediria covardemente que nunca se aproximasse das meninas, nunca se envolvesse emocionalmente, nunca se apaixonasse por elas. Porém, advertiria também que ele perderia o melhor da viagem. Os altos e baixos do relevo, as curvas perigosas da estrada e a paisagem sempre inesperada. Diria ainda que podemos morrer por elas, no entanto é por elas que devemos viver.