28 / 07 / 2025 / Ódio (Ou Desprezo)

O ódio é um sentimento pessoal e intransferível? No meu caso, sim. Eu procuro não sentir ódio porque me sentiria intoxicado a ponto de adoecer. E nem quero exportar o meu sentimento íntimo ao próximo. Odiar me faz mal. Mas não deixo de sentir raiva. Para evitar um ciclo vicioso da raiva se transformar em ódio acabo por cultivar um sentimento que me desgastaria inutilmente, eu acabo por desenvolver um sentimento pior — o desprezo.

O desprezo é um sentimento pior porque pressupõe uma manifestação de superioridade em relação ao outro que não faz parte dos meus princípios. Além disso, sei que ninguém deve se considerar acima das forças da vida que equaliza a todos nós como seres pequenos demais para nos sentirmos superiores aos semelhantes. Ser um convicto também é algo que carrega um peso extra — o da imobilidade mental. É uma característica dos loucos.

Em contraponto, alguns considerariam que mudar de posicionamento seja uma questão de fraqueza moral. Por outro lado, a imagem que eu tenho é de estarmos sendo atacados com bolas de fogo jorrados por um vulcão em erupção e mudança de opinião é um movimento de autodefesa, evitando ser transformado em cinzas. Mas não fujo do campo de batalha. Pode parecer contraditório, mas considero uma maleabilidade racional, principalmente em tempos em que temos informações demais e, muitas, falsas, jogadas ao ar como se fossem bombas.

A batalha que mais se aproxima de soldado de uma guerra é a de me colocar contra o movimento de Ultra-Direita capitaneada a partir dos EUA pelo Agente Laranja. Assim como o veneno usado pelos EUA durante a Guerra do Vietnã,que ocorreu de 1962 a 1971um herbicida desfolhante que até hoje, segundo recentes pesquisas realizadas continuam a contaminar o solo e os habitantes do País asiáticoas suas ações, ainda que combatidas de frente, terá repercussões durante décadas.

Esse movimento encontrou dentro do Brasil aliados entusiasmados que mesmo ao prejudicar a nação não se importam em não apenas aceitarem como colaborarem com o movimento de ataque de guerra econômica ao País. O Agente Laranja, aproveitou seu posicionamento ideológico para justificar taxar em 50% todos os produtos exportados por nós ao País “amigo” por conta de uma suposta perseguição do Brasil ao seu “amante” –– como o próprio amante se coloca.

Essa tarifação supera qualquer outra impingida aos outros países e se configura como uma chantagem, como se fosse o resgate de um sequestro. O movimento que lidera, o MAGA, em suas bases carrega um grupo que mais se assemelha a componentes da Ku Klux Klan. Ou até do Neonazismo. Carregam a mesma raiz — ódio dirigido aos diferentes de suas convicções, com exponencial viés racial e um ideário religioso que avilta os mandamentos cristãos que dizem aceitar buscando, em última instância, a “purificação” do povo americano.

Querer a “América Grande” outra vez de fato idealiza deixar todos os outros países abaixo os seus pés. Isso não acontecerá. O inimigo anterior era a Rússia, agora é a China que cometeu o grandíssimo pecado de levarem o Capitalismo à sério, o transformando em política de Estado. Sua imensa população de 1,5 bilhão de pessoas tem saboreado com a paciência desenvolvida em 5.000 mil anos de existência alcançar pouco a pouco um patamar de desenvolvimento positivo como nunca na História da Humanidade.

A ideia de que se trata de um País comunista — apesar de não entenderem do que Comunismo se trata — faz com que encontre temerosos agentes de combate contra a sua ideologia. Mas a política empreendida pelo País asiático tem um método que não é usado pelos EUA — o de capacitar seu parceiro de negócios com estruturas que viabilizem as trocas comerciais como a construção de portos e vias de transporte como ferrovias e rodovias, além de fábricas locais. Talvez seja o comportamento mais próximo do que se significa, ainda que com características capitalistas, do que seja Comunismo.

O meu desprezo aos recalcitrantes de plantão, daqueles que estão à serviço do retrocesso, negociadores da pobreza para se sentirem ricos, de comerciantes do racismo e da negação de que somos iguais em direitos, aos defensores da religião como modo de desunião em vez de comunhão entre os cidadãos de um País e entre os povos do planeta.

14 / 03 / 2025 / Repercussões De Uma Pedra Jogada No Lago

O Mundo nunca foi, comparativamente, um lago sereno localizado entre montanhas que o guarda. Antes tem se assemelhado a Mar enfurecido, tempestuoso e sem regras. Bem, não estamos longe da verdade ao constatar que em breve o desequilíbrio climático fará com que de onde surgiu a vida no planeta poderá ser o fator desencadeante da morte da vida como a conhecemos na Terra.

Porém, apesar da imagem do Lago não se aplicar aos nossos tempos — os últimos 200 anos —, é condizente com a imagem que quero colocar: o da pedra no jogada que provoca em sua superfície o efeito de ondas concêntricas repercutidas ao longo da extensão que será mais extensa em distância tanto quanto maior o peso e/ou força com que for lançada sobre a sua face líquida.

E qual seria a pedra da vez? Um homem que guiado à cadeira de Presidente da nação atualmente mais influente do planeta tem como plano sub-reptício destruir os parâmetros econômicos comerciais sobre as quais se assentam as relações entre os países. Não que fossem perfeitas, ao contrário, mas a base sobre a qual quer erguer as novas diretrizes é sobre terra arrasada, tendo como entidade superior ao final do processo as fronteiras do seu País que, aliás deseja ampliar como se estivéssemos em nova etapa do Colonialismo. O que já acontecia em termos culturais, mas que não lhe dá a chance de aproveitar as riquezas minerais às quais quer ter acesso.

Acesso a commodities que estimulam a exploração predatória faz parte da agenda do tipo a qual chamo de “ultra branco supremacista”, com com características típicas do neonazismo como perfil político ideológico. As suas ações em pouco de “governo”, com todas as aspas possíveis, desestruturou várias agências regulatórias, demitiu muitos funcionários públicos responsáveis pela sustentação da Burocracia americana. Eu me lembro de uma vez em que se falava sobre o mau governo de um dos presidentes e o fato dos EUA continuarem com a sua estrutura funcional era o trabalho da administração pública que entrava presidente, saía presidente, continuava incólume.

Pelo poder e tamanho dessa pedra no caminho da nossa História, não duvido que o seu lançamento provoque não apenas aquelas simples e pequenas ondas concêntricas, mas expulsão da água do lago. Não gosta de ser pessimista, mas tudo irá piorar antes de melhorar, se não nos organizarmos para nos proteger dessa nova onda Imperialista.

Foto por Vilius Liulys em Pexels.com