05 / 09 / 2025 / Independência Em 2020

Em 2020, por ocasião da comemoração do 7 de Setembro, o Google colocou na página de buscas essa imagem ilustrativa. Perguntei: “O que é que é isso, Google? Hoje é aniversário de independência dos Estados Unidos ou do Brasil?

Sintomaticamente, tanto naquela época, como agora, há uma parcela de cidadãos que expressam seu amor ao País de Trump com muito mais fervor e admiração do que para o nosso. Não se importam de prejudicarem a nossa Pátria em busca de ganhos pessoais — tanto economicamente quanto pessoalmente. Aliás, muitos dessas personagens confundem uma coisa com a outra — família e Pátria — aduzindo ganhos econômicos como tempero indispensável. Afinal, tudo gira em torno do dinheiro, mesmo. A Ideologia passa longe dos projetos políticos para se tornarem mecanismos de apropriação de meios para faturamento financeiro. Enquanto isso, vamos tentando sobreviver a tanta negociação entre as forças que dominam o País — políticos que passeiam entre as demandas populares e os interesses particulares.

O Dia De Quem Ensina São Todos Os Dias

DIA DE QUEM ENSINA SÃO TODOS OS DIAS

Todos nós, em algum momento da vida, assumimos mesmo sem pretensão, a função de professor. Ainda que de forma indireta, por erros que cometemos ou por ações afirmativas e conscientes que servem como exemplos. Jovem, ao projetar o meu futuro, eu me vi como um professor. Escolhi História porque percebia que nessa seara eu poderia cultivar assuntos que me inspiravam – Filosofia, Geografia, Sociologia, Economia, Literatura, Biologia, Psicologia – e tantas outras vertentes do saber humano.

Na FFLCH-USP, dei de frente com a complexidade de como a História se desdobrava em compartimentos que deveriam por fim integrar o conhecimento da matéria que deveria retratar a Realidade. A partir da visão de estudiosos, vi formulações de teorias de como a vida do Homo sapiens na Terra em Sociedade se formou através de provas documentais, visando preencher lacunas sobre fatos desconhecidos. Para além da Epistemologia – ou teoria do conhecimento – surgiram defensores de caminhos que tornassem os meandros de nosso desenvolvimento social não somente mais compreensíveis, mas mais aceitáveis. Nesse instante, surgem ideologias que deveriam “explicar” a soberania dos donos do poder e, em contraponto, a razão das relações humanas caminharem para serem mais justas e equânimes.

Daí, chegamos à história da História, a perceber que a manipulação dos fatos se dá desde sempre. Quando entrei na faculdade, me surpreendi com a ideia de a matéria em questão ser uma Ciência. A própria ideia do que seja Ciência é revisada ao colocá-la como Humana. Aqui, me permito rir ao lembrar da frase que “errar é humano”. Errar também pode ser sinónimo de caminhar (sem destino). O embate ideológico naturalmente faz parte do próprio ensino. Sou daqueles que defende que a Educação, a meu ver, tem que caminhar no sentido de tornar a Sociedade menos tensionada. Isso só se dará ao colocar o Conhecimento como prioridade capital. Não se trata de defender a minha classe, tendo em vista que a minha renda familiar, neste País depauperado, me coloca na “Média”. A mesma classe média que quer que a situação continue do jeito que está.

Que uma parte significativa da população defenda o nosso atual status de “Pátria Pária”, não me surpreende mentalmente, mas me instabiliza psicologicamente. Os argumentos que utilizam para se manterem com o pescoço sob a bota do Capitão do Mato são baseadas em “conhecimento” apreendido por mecanismos modernos de desinformação. Porém, a explicação tem as suas raízes bem mais profundas. Tem muito a ver por ter sido esta Nação formada por discrepâncias como a defesa religiosa da dominação e posterior escravidão dos povos originários, quando da invasão do território de Pindorama por europeus. Nomeá-la de Santa Cruz é icônico por si só – símbolo do calvário de Cristo. Como os escravizados não suportavam o jugo e logo pereciam, recorreu-se à mão-de-obra trazida de outro continente. A escravização dos africanos e o modo “industrial” de como foi feita a operação de captura, transporte e venda das “peças” é algo que deveria nos envergonhar dolorosamente todos os dias.

Ao colocar alguém que conscientemente estipula em arrobas – a forma antiga de pesagem no Brasil – a um homem preto chamou para si a simpatia daqueles que, como ele, pensam de forma idêntica. E são tantos… Tanto que continua a agir impunemente com a anuência de colaboradores de ocasião e simpatizantes permanentes. São filhos de nossas mazelas em que o período da Escravidão representa seu cerne de formação e desenvolvimento.  Dos um pouco mais de 500 anos de “existência” do Brasil, quase 400 foram vividos sob a égide da escravização de homens, mulheres e crianças. Pessoas usadas como objetos como são os móveis, os automóveis, talheres e roupas. Pessoas que foram punidas quando se rebelavam contra o desmando, a ignomínia, a dominação sexual e a venda de seus filhos, pais e irmãos. Sem colocar em pauta esse período tenebroso para a nossa História, não há como superarmos o atual desiquilíbrio social. Quem defende o contrário disso, se filia como (com o) algoz de nosso povo, assim como foram nossos antepassados.

Quando estive me Parati, o guia que nos guiou pela riqueza da vegetação, quedas d’água e fazendas produtoras de aguardente, citou o termo “escravizado” em vez de “escravo” ao se referir às pessoas que compunham a população de servidores nos engenhos, no transporte do ouro, nas tarefas mais pesadas. Qual seria a diferença? A meu ver, quando se é escravo é uma decisão tomada por si mesmo, muitas vezes. Eu escolho ser “escravo” de minha sensibilidade, apesar da dor permanente. Quando se diz “escravizado”, é algo que é imposto por terceiros, mesmo que se rebele. Como o que acontece com a obrigação que o Sistema que discrimina, alija e pune os cidadãos que não alcançaram ainda a cidadania plena, presente na Constituição.

Por isso, devemos valorizar os professores todos os dias. Esperança de um País melhor, não para mim, que vivo a parte final de minha vida terrena, mas para quem vier depois. Esperançar é o verbo oculto a cada vez que um professor ou professora toca o giz na lousa.  

B.E.D.A. / De Lua A Lua*

Saio à rua para buscar alimento no mercadinho próximo. Como o meu cérebro vive em constante tempestade temporal, viajo para muito antes e imagino a dificuldade que os primeiros homens enfrentavam para conseguirem se alimentar. O perigo à espreita do caçador que eventualmente fazia as vezes de caça. Em muitas situações, nada mudou depois de centenas de milhares de anos…. Viver era (é) conseguir fugir dos dentes da besta fera por trás de cada tronco de árvore da floresta ou nas esquinas das cidades.

Alheios a isso, os meninos da Periferia empinam pipas neste final de Julho. Logo mais, Agosto trará a volta às aulas. Eles desejam espremer até a última gota a vontade de alcançar a Lua no firmamento. Tentam dominar a mecânica do voo. Fazem rasantes, sobem velozmente, exercem o desejo permanente de voltarem à essência da qual somos feitos — sonhos.

Ao caminhar pela tarde-quase-noite, quando a luz ainda se espraia pelo céu e a Lua quarto-crescente surge plena de promessas, presencio outros meninos e uma menina, a melhor de todos, jogando na quadra esportiva. Vestem camisas de times de fora. O dito “País do Futebol” transformou-se um entreposto vendedor de mitos. Jogar pelo prazer do jogo não é suficiente.

A vontade de se tornar estrangeiro é o maior objetivo. A Pátria, apenas uma referência distante… Tão distante, que vestir um dia a camisa do País em que nasceu é apenas mais um troféu na carreira de quem nem se iniciou. Por causa de alguns ídolos, milhões vendem as suas almas de criança, enquanto a Lua participa como simples testemunha semicircular, a pairar solene e indiferente.

No dia seguinte, estou no Centrão, a andar por ruas em que hotéis baratos são usados por amantes refugiados e prostitutas usam como posto de trabalho. Observo um senhor que caminha com dificuldade, a apoiar os seus passos curtos com uma bengala. Através de uma alça pendurada no pescoço, carrega uma tela vazia recém-comprada, a fazer contrapeso. Especulo que seja pintor. Concebo que aquele plano vazio será transformado por seu talento em realidade sonhada e o identifico como um igual a mim…

Logo mais, me descolo por baixo da terra, serpente em meu ninho, e chego à Paulista. Através das torres de vidro, as luzes camuflam a presença da Lua. São reflexos enganadores do espírito empreendedor de seres humanos de todas as eras. Um dia, o ciclo se completará e salvaremos o planeta de nossa presença. Nossos companheiros animais, sobreviventes a nós, olharão para as sucessivas fases da Lua, sem especularem como é refletida aquela luz perene que um dia fez sonhar os outros bichos que os aprisionavam. A Lua será, tão somente, um corpo inominável…

*Texto de 2017

Participam do B.E.D.A.:

Lunna GuedesAdriana Aneli — Claudia Leonardi — Mariana Gouveia
— Roseli Pedroso — Darlene Regina

Muito Além De Uma “Pisadinha”

De “it’s coming home” para “It’s coming to Rome”…

A semana começou com notícias vindas de vários lugares do mundo a demonstrar o quanto as realidades se intercalam em maiores e menores escalas de reconhecimento.

No Brasil, começamos com as repercussões segundo dia da derrota da seleção brasileira de futebol na Copa América pela Argentina de Messi. Trazida para a “Pátria Amada” pelo Governo Central que, mesmo enfrentando a Pandemia, preferiu banca em sua realização numa típica manobra da Antigo Império Romano de proporcionar o Circo e obter possíveis dividendos políticos. A final ocorreu na noite de sábado, quando eu estava trabalhando, situação que aparentemente voltará a ser menos ocasional, já que minha atividade envolve apresentações de bandas, cantores, bailarinos e/ou atores, com a reunião de pessoas em buffets, clubes e auditórios. O que poderá ser viável com o avanço da vacinação.  Eu só soube do resultado após o término da decisão e não senti nada. Em nada parecia com o garoto que amava o futebol e sofria com as derrotas como se fossem pessoais.

O sentimento de ausência de alegria ou tristeza, certamente tem a ver com a situação que vive o País, em que comemorar vitórias ilusórias diante de tantas derrotas reais impingidas pela Covid-19 a fez campeã negativa de nossos dias. Quando vi a reportagem sobre o jogo e constatei a emoção de Leonel Messi, caindo sobre os joelhos sob o peso de sua história particular, um talentoso e vencedor atleta em seu clube, mas que nunca havia angariado um título pela seleção nacional, me alegrou um pouco. Do outro lado, estava o “menino Ney”, um sujeito que infelizmente não cresceu como homem e vive “pisando na bola”. Uma das crônicas de REALidade, meu primeiro livro, o enaltece no episódio de sua contusão na malfadada Copa de 2014. Daí em diante tem se mostrado um ídolo com pés de barro, ainda que talento futebolístico não lhe falte.

Em Wimbley, estádio lotado de torcedores de ambas as agremiações, vimos a seleção da Inglaterra perder a decisão nas penalidades máximas para o da “Azurra” italiana. Gostei da vitória da Itália, que mesmo estando acostumada a vencer títulos mundiais, ficou fora da Copa de 2018. A vitória está sendo considerada um sinal de reavivamento do seu futebol. De antigo destino dos sonhos de meninos do planeta bola, o País perdeu projeção internacional nos últimos 20 anos. Adotando a valorização da posse de bola e do ataque além da tradicional defesa forte, desenvolveu a formulação de um futebol total, estando há mais de 30 jogos sem perder.

A maior derrota inglesa, porém, se deu fora de campo. O aparente ressurgimento dos famigerados holligans marcou a realização do jogo. Houve ataques racistas contra os jogadores que perderam os pênaltis, de origem não caucasiana. Os torcedores racistas ingleses não conseguem alcançar que mesmo nascido como esporte de elite, o futebol se popularizou a ponto de penetrar em todos os recônditos do planeta, praticado por todas as etnias de originários do Brasil, a asiáticos, passando por africanos, árabes e aborígenes. Eles não perceberam que só chegaram aonde chegaram por causa da miscigenação do time. Os rapazes pretos tiveram a coragem de fazer as cobranças numa decisão de tamanha importância, enquanto os brancos se eximiram de fazê-lo não deveriam também serem cobrados por isso? Quando Saka teve seu chute defendido pelo goleiro italiano Donnarumma, considerado o melhor jogador da competição, chorou porque sabia o que viria pela frente, não apenas por ele, mas por outros de sua origem.

Em contraposição, vemos os campos vazios do Brasil atrasado na imunização por vacinas contra o SARS-COV-19, muito devido a “tenebrosas transações” nos corredores do Ministério daDoença”, restaurantes e gabinetes palacianos de Brasília. Processo levado adiante por sujeitos que se arvoravam ilibados porque nunca se provou nada contra suas práticas espúrias apesar de sabidas ou porque considerassem seu comportamento “normal” dentro de um sistema viciado. Entre a hipocrisia ou a falta de consciência por parte dessa gente, voto pela simples desfaçatez: “me chama de corrupto, porra!” enquanto a CPI do Senado sobre ações e omissões do Governo Federal continuará a buscar comprovações da política nefasta na condução da boiada porteira afora. Quanto ao perigosamente cada vez mais desconexo Ignominioso, vejo a possibilidade de quatro ocorrências: impeachment, renúncia (para evitar o processo e consequente inelegibilidade) e tentativa de Golpe de Estado. Se houver eleição, perderá…

Acontecimentos considerados inéditos, em Cuba, houve passeatas em nome da liberdade política e por avanço na imunização precária, enquanto a notícia divulgada antes é de que sobrava vacina, a ponto de estrangeiros serem vacinados quando chegavam à Ilha. As imagens são inegáveis e não devemos deixar, por miopia ideológica, de verificar o que acontece, uma longa ditadura que empobreceu o País. Na Espanha, uma morte causada por comportamento homofóbico contra um gay de origem brasileira, ainda repercute no país inteiro, com passeatas e cobrança por justiça. No Brasil, nada inédito no país considerado o mais perigoso para quem se identifica para além da dicotomia de gênero, uma cidadã trans foi morta por ter o corpo queimado por um adolescente que carregava, apesar de novo, os preconceitos passados de pai para filho neste sistema patriarcal que prejudica a homens, mulheres, transgêneros e identidades diferenciadas.

Em Fortaleza, um expoente (em termos de veiculação) da música popular atual apareceu, por imagens gravadas por câmeras de segurança interna de sua casa, espancando sua ex-esposa, estivesse ela sozinha, diante de outras pessoas ou de sua filha de nove meses, com socos, pontapés, puxões de cabelo e, não devemos duvidar, por palavras ofensivas de fundo moral. Para se justificar, o acusado culpou a vítima. Só se a mulher espancada buscasse se defender de alguma forma. Se há algo que enraivece quem agride é que o agredido se defenda da agressor. Quem ataca dessa maneira quer humilhar, rebaixar a vítima à condição de nada-ninguém, deseja pisar nela como se fosse um pano de chão. Para quem ataca, trata-se de uma “pisadinha”, para quem é atacado, torna-se uma quase morte, uma antevisão de seu aniquilamento. Pior ainda se for uma “simples” mulher que não deveria sair de seu lugar de pessoa de segunda categoria, de acordo com o pensamento do típico protomacho brasileiro.

Não busco resumir, a partir desses acontecimentos, quaisquer receitas a serem passadas adiante como modelos de viver e pensar. O que sei é que o sucesso profissional, artístico, financeiro e/ou social não engradece o Homem, mas a maneira como recebemos as vitórias e como lidamos com os nossos próprios insucessos na busca do equilíbrio mental, emocional, sentimental e espiritual. Esta última instância não tem a ver com religião dogmática, mas como uma visão transcendente da vida.

Para quem crê que tudo se restrinja à realidade imediata do mundo, ganhar o mundo muitas vezes é não o reconhecer em sua finitude tanto na questão de tempo quanto na de espaço. Somos seres mais e melhores, potencialmente. Basta querermos ultrapassar as limitações que tentam nos impor desde que nascemos através de ideologias segregadoras e por receitas de sucesso esporádico e finito. No entanto, e principalmente, enquanto estamos no mundo, é mister que defendamos os excluídos, os agredidos, os ultrajados e os que são mortos por uma política violenta e insultante da dignidade humana contra os poderosos de plantão. Que a Justiça terrena alcance e puna os representantes de um modelo de dominação que já não encontra lugar em nosso País e Planeta.

Eike & Trump*

Eike Baptista & Donald Trump

Eike Baptista está a negociar sua volta ao Brasil. O que pega é que, apesar de toda a fortuna que acumulou, o referido senhor não tem diploma universitário. Ou seja, menos do que a sapiência em determinada área que o estudo deveria promover, ele se tornou, eminentemente, um experto em ganhar dinheiro. E carrega, certamente, a esperteza necessária para tal, também. É brasileiro e carrega igualmente a cidadania alemã. Mas na Alemanha, onde começou a carreira de acumulador de riqueza, dificilmente encontraria o ambiente propício para multiplicar em milhares de vezes o numerário de que dispunha.

De início, eu acho terrível que haja essa distinção entre os tipos de cadeia: uma para quem tem e outra para quem não tem curso superior. A cadeia deveria ser boa o suficiente para abrigar a ambas categorias de infratores, sem diferenciação. Aliás, está na Constituição que a prisão deva ser um local de recuperação do detento. Ou seja, a pressupor que a Educação seja um meio de elevação do espírito humano, a regra comum é que a internação compulsória deveria servir idealmente como tempo do aprendizado — em diversos níveis — sobre o funcionamento da sociedade e seus limites de convivência. Quem tem terceiro grau, normalmente mais instruído, deveria ter, igualmente, a capacidade de distinguir entre o certo e o errado. Mas sabemos que isso é uma falácia. Caso contrário, não veríamos ignorantes educados nas melhores escolas, como Trump, a pregar a ignorância como bandeira política, ter sucesso em seu intento de ascender ao poder.

Por algum contexto sombrio, o surgimento da figura do Trump como um modelo a ser seguido vejo associado ao de Eike, de forma indelével. Eles são resultado do pior que pode gerar a crença em valores absolutos, sem distinção ideológica. A ver que algumas das propostas do presidente eleito da “maior democracia do mundo”, como se intitulam, se parecem bastante com a de ditadores de regimes fechados, à esquerda e à direita. E Eike só chegou onde chegou com o auxílio de sócios no Poder Governamental brasileiro. Alguns estão presos. Outros, serão. E isso é uma novidade nesse jogo do poder realizado entre grupos fechados, sob os auspícios de conchavos políticos-econômicos-partidários escusos, sob a luz bem clara de escritórios palacianos como norma de todos os que se assentam à cabeceira da mesa e ao lado dela há séculos.

Vaticino aqui que o próprio Trump está a cavar o seu impedimento, caso não venha a alterar as diretrizes que está a cumprir como promessas de campanha, como a não homologação do Tratado Comercial Trans-Pacífico. A China, agora, vai deitar e rolar. A sua hegemonia vai crescer enormemente. Daqui a algum tempo se verá os malefícios dessa medida para a economia norte-americana. Serviu para elegê-lo, quase como um voto de protesto contra os políticos tradicionais, fenômeno que vemos acontecer em vários países democráticos. As pessoas querem respostas imediatas aos problemas que as afligem, como a segurança, a saúde e a economia. Aqueles que apresentam as respostas mais fáceis, que são geralmente as mais diretas e irrefletidas, obtém sucesso imediato, com resultados normalmente funestos.

O Eike já foi apontado, inclusive por alguns de nossos governantes, como exemplo a ser seguido como perfil de empreendedor de sucesso. Os artifícios que utilizou para aumentar a sua fortuna funcionou muito bem no ambiente historicamente corrompido que temos em nosso País. Estranho é que o nosso povo sem Educação formal de qualidade, a ponto de aceitar com naturalidade a premiação de quem tem curso superior com uma prisão com benesses em relação ao deseducado sob os cuidados do Estado, ao mesmo tempo não se importa de verem as suas cabeças cortadas à luz do dia apenas porque estejam encarcerados semelhantemente, veja chegar ao poder na parte de cima do Continente Americano, superiormente desenvolvido economicamente, o mesmo tipo que elegemos constantemente por aqui — Salvadores da Pátria.

*Texto de Janeiro de 2017