BEDA / Um Peso Pesado*

No final de um dos encontros promovidos pela Scenarium para lançamentos de obras do selo, apareceu uma jovem que além de atriz, se apresentava como escritora. Era Aline Bei. Pelo o que eu me lembro, conversamos sobre como funcionava o selo. Passado algum tempo, a muito simpática e atraente personagem demonstrou o imenso talento como escritora em O PESO DO PÁSSARO MORTO. Em 2019*, chamado a escrever sobre um livro que tivesse me marcado, versei sobre essa obra.

“Qual o peso de um pássaro morto? Tão grande quanto o peso de um passado vivo. Quando li o livro de Aline Bei senti o meu coração despedaçar. A maravilhosa escritora criou uma atmosfera em que eu me reconheci mais do que nos textos que escrevo. Não importando que a personagem fosse uma mulher. Muito mais por mérito de Aline do que por minha empatia, me senti completamente envolvido pelo desenrolar de uma incomum vida comum em que o maior traço é a incomunicabilidade.

Por suas palavras ouvimos a voz muda de…, sentimos a opressão imposta pela vida sem rumo definido ou, se formos marcar um diapasão, pelas sucessivas perdas. O que eu posso dizer é que O PESO DO PÁSSARO MORTO é um dos livros mais impactantes que li recentemente. Bem, já faz dois anos, mas a pesada sensação que causou não sai do meu pensamento…”.

O que não mudou…

Participam: Alê Helga / Mariana Gouveia / Lunna Guedes / Roseli Pedroso / Cláudia Leonardi Suzana Martins Dose de Poesia / Lucas Armelin / Danielle SV

Pinceladas

Noite feita,
quase releguei ao esquecimento
a pintura da tarde…
Crepúsculo recordado,
revejo a nave que não sei se chegava ou partia…
Pinceladas compostas de água e luz
pontuavam o fundo da paisagem ao oeste.
Poeta do poente,
sei que apenas o amor
é combustível poderoso o suficiente
para fazer voar
o mais pesado que o ar…

O Mais Pesado Que O Ar

Noite feita,
quase relego ao esquecimento
a imagem da tarde…
Crepúsculo recuperado,
o passado
se faz presente e arde…
Revejo a nave que não sei se chega ou se parte…
Pinceladas compostas de água e luz — a arte —
pontua o fundo da paisagem
ao oeste.
Eu, poeta do poente,
sei que apenas o amor é combustível poderoso o suficiente
para fazer voar
o mais pesado que o ar…