BEDA / Brisa Vento Ventania

quando percebi a brisa se aproximar
tocando arvoredos balançando folhas
beijando flores espalhando perfumes
vi que inspirava gentes expirava beleza
ainda bem que meus versos não buscam rimar
e já há algum tempo decidi não mais remar
ao contrário da correnteza
deixei a janela aberta
entraram vento ventania raios solares
derrubaram prateleiras venceram patamares
queimou a minha pele com sopros flamejantes
tornou significados ocultos em claros significantes
acrescentou desejares subverteu pareceres
mostrou que eu queria o que não imaginava querer
como advogar inocência se perdi por vontade o senso?
agora ouço estrelas mergulho em águas profundas
sem tanques de oxigênio para respirar um hiato
sinto o meu coração bater fora do peito
os meus olhos não enxergam o horizonte imediato
suspira por um futuro do pretérito imperfeito
saudade de algo que de acontecer não tem jeito
mas vivo o desejo que me consome
e essa falta também é viver
talvez a faceta mais intensa do meu ser.

Foto por Harrison Haines em Pexels.com

Denise Gals Mariana Gouveia / Roseli Pedroso / Lunna Guedes / Bob F / Suzana Martins Cláudia Leonardi

Pretérito Perfeito

Juvenescimento
Aos 21…

Eu estou me sentindo com 20 anos. estou passando por uma fase de transição que está me renovando as forças. nesta foto, devo estar com um pouco mais que isso, mas poderia passar por um garoto de 16. de certa maneira, eu era tão ingênuo-imberbe-deslocado que efetivamente era um adolescente, mentalmente. nos tempos que era obrigatório apresentar carteira de identidade para assistir a filmes proibidos – como os considerados os de conotação “subversiva” ou sexual – fui obrigado a fazê-lo até os 24 anos. E depois? depois, veio a abertura política e, enquanto eu perdia a virgindade d’alma, continuamos, como coletividade, a nos enganar com promessas de um país que será sempre (e apenas) “do futuro”…

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