02 / 12 / 2025 / A Nômade Da Mente

com quem eu converso sobre mim viaja dobrando as minhas esquinas
invadindo becos sem saída percorrendo estradas tortuosas percursos
falsos não porque eu minta mas porque sou tantos que a cada discurso destoo
ao mesmo tempo que ela adentra por espaços em várias partes do mundo físico
é como se ela me visse por ângulos ao sabor de ventos diversos alma vestida
de nenhum lugar noites de diferente luar outras constelações
como mapas do caminho de leite
essas estrelas respondem à suas indagações?
é moça de ouvir estrelas perder o senso duvidar da ciência pessoal de si
estando sob estados e pressões mudadas?
ou permanece não transformada ao mudar de lugar de estar estando distinta
acolhendo em visão paredes de novas tintas
outras cidadelas
será que ela se sente pertencida?
ou basta se possuir?
o que lhe dá o poder de ir e vir sendo outras em cada viagem para dentro
de outros seres humanos pela condução da palavra?
ela duvida é descrente?
ou as certezas são impróprias para quem perscruta mentes?
se pudesse tocaria fogo nas habitações falseadas de quem ouve memórias
sem nexo com a realidade
se a mentira também tem valor de verdade
qual é a segurança sob a qual se planta a moça-rocha?

Foto por Frank Cone em Pexels.com

25 / 11 / 2025 / Blogvember / Os Pingos Escorrem Pelas Vidraças

… e fico entre escolher escrever palavras casuais ou limpar a nebulosidade
e descerrar a paisagem que já conheço de sobra
prefiro manter a expectativa de que por traz da cortina úmida haja algo novo
um horizonte diferente ampliado profundo em dimensão
um mundo recém descoberto uma ideia de de que os objetos se dissipam
que a realidade se desintegre em muitas outras realidades
queremos ver a novidade de ser de estar de revelar que tudo pode ser melhor
por trás das vidraças nebuladas o estranho e o estranhamento de estarmos vivos
negligenciados pela estupidez humana
encontrar o segredo da vida na imaginação que alcança a verdade…

Participação: Lunna Guedes

09 / 08 / 2025 / BEDA / A Tentativa

Estamos perto de resolver a questão da tentativa de Golpe de Estado com o resultado do julgamento do Ignominioso Miliciano e seus asseclas. No dia 08 de Janeiro de 2023, pessoas alinhadas ao (des)governo anterior invadiram as sedes dos Três Poderes. Desculpas sinceras aos que sofrem de dependência química, mas a horda que atacou a Democracia na forma dos edifícios dos Três Poderes constituídos, estão sob o domínio de um sintoma idêntico daqueles que acabam por sofrer, como consequência alucinógena, da abstenção da realidade. A droga que usam é igualmente propagada, traficada, estimulada e financiada por criminosos. Incluindo àqueles anónimos que se escondem no tráfico “inocente” de mensagens golpistas. Um dos filhos do Ignominioso Miliciano — o 03 — deputado licenciado e com licença para atacar as instituições e também a Economia brasileira, continua cotidianamente a vociferar contra o Judiciário, o mesmo que impediu que a Democracia fosse aviltada definitivamente. Como aqui costumamos a apelidar todo ou qualquer autoridade, o Ministro Moraes se tornou Xandão e, dessa forma, passará à História.

19 / 07 / 2025 / Mamãe*

Minha mãe, Dona Madalena, avó da Ingrid, também na foto e eu, seu pai — há tanto tempo que eu até tinha muito cabelo.

Estou sozinho, um pouco antes de estar rodeado de muita gente. Mas, a bem da verdade, sempre estou só. Por uma dessas coisas que não consigo evitar, não me distancio muito de mim, na maior parte do tempo. Quando consigo, fico aliviado e sofro… muito. Porque tudo e todos ganham gravidade e peso. Ou o excesso de peso é diretamente um efeito da gravidade, multiplicada milhares de vezes. Então, me sinto como se fosse ser esmagado pela realidade.

Tento superar, porém ao ser bombardeado pelos votos, disparados a torto e direito, de “Feliz Dia das Mães!” –– remeto meu olhar diretamente às mães que amam os filhos, apesar de tudo. Porque há mães que sequer gostam de seus filhos, como há filhos que não gostam de suas mães, quando as conhecem ou porque as conhecem. Ou que gostam muito, contudo não dão o braço a torcer declarando, simplesmente: “Mãe, eu amo tanto você!”.

Tenham certeza –– não há presente mais caro e raro que valha tanto quanto mostrar-se presente com todo o amor que seja possível declarar. Eu, de minha sorte, não perderei essa oportunidade: “Eu a amo, Maria Magdalena Nuñez Blanco Y Prieto Ortega!”… para sempre! 

* Texto de 12 de Maio de 2019, ao nono ano do passamento físico de minha mãe.