… ou eu só queria perceber o invislumbrável… porque só querer perceber é uma coisa eu querer (só) perceber é outra a primeira acho mais fácil é quase como só fosse se exercitar para tal a segunda é quase um talento refinado adquirido de só perceber o invislumbrável mais simples dizer que é a capacidade de vislumbrar a simplicidade ou perceber na simplicidade o deslumbramento que é ser simples contido reto inteiro perfeito e eleger apenas o que é belo assim como é amar o amor eleito…
Minha mãe, Dona Madalena, avó da Ingrid, também na foto e eu, seu pai — há tanto tempo que eu até tinha muito cabelo.
Estou sozinho, um pouco antes de estar rodeado de muita gente. Mas, a bem da verdade, sempre estou só. Por uma dessas coisas que não consigo evitar, não me distancio muito de mim, na maior parte do tempo. Quando consigo, fico aliviado e sofro… muito. Porque tudo e todos ganham gravidade e peso. Ou o excesso de peso é diretamente um efeito da gravidade, multiplicada milhares de vezes. Então, me sinto como se fosse ser esmagado pela realidade.
Tento superar, porém ao ser bombardeado pelos votos, disparados a torto e direito, de “Feliz Dia das Mães!” –– remeto meu olhar diretamente às mães que amam os filhos, apesar de tudo. Porque há mães que sequer gostam de seus filhos, como há filhos que não gostam de suas mães, quando as conhecem ou porque as conhecem. Ou que gostam muito, contudo não dão o braço a torcer declarando, simplesmente: “Mãe, eu amo tanto você!”.
Tenham certeza –– não há presente mais caro e raro que valha tanto quanto mostrar-se presente com todo o amor que seja possível declarar. Eu, de minha sorte, não perderei essa oportunidade: “Eu a amo, Maria Magdalena Nuñez Blanco Y Prieto Ortega!”… para sempre!
* Texto de 12 de Maio de 2019, ao nono ano do passamento físico de minha mãe.
A complexidade de sermos tantos em um só! A força de nos multiplicarmos em muitos para tentar alcançar os nossos objetivos ou a fraqueza de nos partimos em tantos com os quais não conseguimos nos identificar…
caminho só mas acompanhado circunspecto quem bem eu quero não está por perto sei que ela pensa em mim assim como penso nela sim em nossos encontros esporádicos erráticos arrancados feito saborosas goiabas no pé aos quais nós comemos até o caroço deixamos os lençóis em alvoroço passeamos sem culpa por avenidas e ruas baixo a sóis e além de luas quase alcançadas mas nunca vivenciadas quem sabe um dia? enquanto isso nos servimos de ambrosia para mitigar da distância as dores para nos alimentarmos de sabores saudosos de beijos e ventanias que nos abatem por onde formos porque somos o que somos a soma de desejo e paixão e bem querer em demasia em cortejo de procissão adoradores do coração caminhantes e amantes se quero uma vida alternativa a que tenho vou em frente não me detenho sonho e componho na ausência do toque de sua boca um poema que me acompanhe…