
Eu já disse que sou um tolo? E um tanto louco? E que tento formular uma concepção pessoal do mundo através da minha escrita? Que me pretendo arte-sanar a palavra – ser um artista?
Quando fui ao cinema, em família, assistir La La Land, desde o início me surpreendi vivendo a história, saindo a cantar e dançar pelas ruas e ambientes do filme. Eu, que não canto (a não ser no banheiro) e nem danço (tristemente).
Gostei de tudo e suspeitei que provavelmente alguns odiariam tudo. “A música é simplista”. “O estilo é repisado”. “As canções são óbvias”. Sim, pode ser. E é assim que se pode contar uma história de maneira a atingir o que guardamos de simplicidade no coração. Aliás, esta última frase parece ter saído de livro de autoajuda.
Narrar histórias de desencontros amorosos é mostrar o quanto nos enganamos e acertamos ao longo de um relacionamento. E que toda forma de amar vale a pena, ainda que fiquemos à distância. De certa maneira, não ficar junto a quem amamos, muitas vezes, é a melhor maneira de eternizar o amor.
A produção que concorreu ao Oscar no ano passado, foi coparticipante involuntário de um dos maiores embaraços já ocorrido em uma cerimônia. Anunciado erroneamente como vencedor na categoria de melhor filme – em vez de Moonlight – por Warren Beatty e Faye Danaway. Quase os vi apresentarem o mesmo olhar antes de serem fuzilados como em Bonnie e Clyde, na produção de mesmo nome, de 1967.
A razão de discorrer sobre algo que supostamente parece estar boiando entre temas mais cotidianos é que quando preciso chorar, recorro ao infalível tema cantado por Emma Stone, com sua aparente fragilidade e olhos maior que o rosto – “The Fools Who Dream”. Invariavelmente, para acabar com o meu repositório de lágrimas, embarco no clipe de encerramento, em que Mia e Sebastian (Ryan Gosling) vivem imaginativamente a união que não se completou em todas as suas possibilidades, coalhado de referências a outros musicais, os quais amei desde quando os assistia na minha TV PB, ainda garoto.
Como para me trazer para a concretude da realidade, enquanto assistia os temas no computador, na TV a cabo passava O Menino de Pijama Listrado, ao qual quero assistir completo. Ainda assim, cheguei a ver a parte final, bastante impactante. Não derramei lágrima. A dor do que aconteceu nos campos de concentração nazistas é eterna e meu choro é n’alma. Lágrimas grossas e pesadas, impossíveis de escorrer por meus olhos carnais.