19 / 11 / 2025 / Blogvember / Quando Morrerem Os Cardeninhos…

… irão todos para a vitrine de exposição póstuma: relíquias
os pensamentos os desejos emoções sentimentos ações descritas
serão mumificadas talvez percam os sentidos as intenções
de quem as escreveram amores perdidos vidas sem testemunhas
seguras e secas entre folhas esmaecidas talvez uma flor morta entre as páginas
pessoas que morrem por esquecimentos cadernos como túmulos
passarão à sessão de histórias ocultas sem serem conhecidas
mudas e esquecidas…

Participação: Lunna Guedes

Foto por Polina u2800 em Pexels.com

18 / 11 / 2025 / Blogvember / Havia Que Deixar O Corpo Descoberto Entre As Pedras

a pele a conversar com esses seres imóveis e permanentes
testemunhas de outras eras
sábias pedras em essencial mutismo ainda que digam —
estamos aqui — somos proféticas
somos compostas de eternidade aqui estaremos depois que vocês partirem
outras vidas pisaram se assentaram se expressaram
em nossa constituição mineral
vocês já tiveram a sua oportunidade fracassaram
testemunhamos a sua decadência
passaram a existência sobre nós a desrespeitar
outras vidas outros cantos outras forças belezas energias
dias e noites noites e dias
também gostamos da luz que nos aquece os contornos
mas em seu caminho autodestrutivo
os humanos estão criando maneiras de que a luz seja apagada
vocês serão extintos nós continuaremos
perfeitos em nossa dura e explícita consciência de cristal…

Participação: Lunna Guedes

Foto por Lucas Pezeta em Pexels.com



17 / 11 / 2025 / Blogvember / Eu Amei As Tuas Calçadas…

… porque recebem folhas que se sentem acolhidas
e deixa gramíneas se expressarem com a tua linguagem esverdeada
sombreadas por formas que reproduzem temas amorosos
onde andamos com sossego e paz passo a passo em compasso lento
onde percorrem o vento
a acariciar o cimento
a beijar o banco onde me sento
a esperar a minha namorada passar
que não sabe que eu a namoro durante tua passagem cadenciada
o sorriso aflorado o olhar iluminado
tornando o meu dia completo
ainda que seja pela manhã…

Participação: Lunna Guedes

16 / 11 / 2025 / Blogvember / Cada Vez Perdendo Mais Cor

como se chovesse em nossas lentes
plúmbeos nossos olhares se entristecem
cada vez menos cor
talvez refletindo cada vez maior dor
maior pendor para o sofrimento
cada vez menos luz
como se fossem toldada por voos de milhões de urubus
de asas abertas
sem vazamento de raios solares a vida encoberta
porque vivemos tempos nublados de furacões
tufões
e bufões
que deixam nossa existência acinzentada
empalidecidas nacaradas sem azuis
vermelhos
verdes
cores
como posso deixar de ver-tes?

Participação: Lunna Guedes

Foto por Gu00fcl Iu015fu0131k em Pexels.com

15 / 11 / 2025 / Blogvember / As Aparências Desenganam

e desenganados estamos de tudo o que nos define a semelhança
o que parecemos não somos apenas nos engana
a sensibilidade
refletimos a nossa ausência
no momento que pensamos estar presentes
somos sempre passado nunca o instante
caminhamos fazendo poses paramos
fazemos caras e bocas
estabelecemos nosso território de nulidade
como se estivéssemos fazendo publicidade
nos tornamos o que cremos ser mas sem prova de que sejamos nós
em interminável galeria
representados por apenas uma fotografia
ao final de tudo somos apenas pós…

Participação: Lunna Guedes

Foto por Tasha Kamrowski em Pexels.com