BEDA / ACADEMIA

Os dois se conheceram na academia do bairro. Os olhares furtivos de ambos pelo “shape” que chamavam a atenção de todos pela proporcionalidade – nada de excessos, as linhas sinuosas e insinuantes nas medidas certas para pousar os olhares e serem admirados. Os detentores desses corpos exemplares foram chamados pelo diretor da academia, amigo dos dois, para ilustrarem um pôster de propaganda. Chamados para as fotos, obviamente se reconheceram, apesar de nunca terem trocado palavras. A ideia era que posassem fazendo as séries que os mantinham como ideal de forma física.

As fotos seriam produzidas após o fechamento da academia. Demorou por duas horas, mas a alegria genuína por estarem juntos no mesmo ambiente fez com que parecessem minutos. Risos brotavam de seus lábios como se fossem velhos conhecidos. Os olhos de ambos percorriam cada detalhe dos músculos construídos à base de muita dedicação, equilíbrio alimentar, força mental com um viés mistura de encantamento e desejo. O suor escorria fácil, porque não simulavam os exercícios, mas faziam a série completa. Era da natureza de suas rotinas.

Tudo aconteceu como se seguissem um roteiro previamente escrito. Ela pediria um transporte pelo aplicativo, mas ele se ofereceu para levá-la em casa. Quando chegaram em frente ao destino dela, ao se despedirem, os beijos nos rostos desviaram-se facilmente para as bocas. “Me leva para onde quiser…” – disse ela. Ele sorriu, lhe dando uma bitoca. “Vamos para a minha casa, tudo bem?”. Sorria de orelha a orelha, enquanto ela mandava mensagem para a mãe, dizendo que iria dormir na casa do namorado. Não esse, mas o outro que a sua mãe contava como seu futuro genro.

Mal invadiram a sala de estar de sua casa, ela o agarrou de uma maneira que ele sentiu a força física de sua companheira de paixões. Arrancaram as roupas, quase as rasgando, bocas a esquadrinharem cada parte dos seus corpos, sentindo as texturas, o sangue a preencher as veias expandidas, os membros ressaltados, as mãos poderosas a se segurarem mutualmente como os pesos que levantavam em séries seguidas. Fizeram todas as posições que moldaram os seus músculos de uma maneira que chegaram para além da “falha”. Mútuo prazer que os deslocaram para outra fase de desenvolvimento. Decidiram ali que ficariam juntos.

A mãe dela não gostou nada, nada, quando a sua filha anunciou que estava perdidamente apaixonada por um companheiro de academia. Disse que o admirava já há algum tempo e que tudo havia conspirado para que ficassem juntos. A mãe sabia que a sua filha era determinada, a ponto de ter superado com tenacidade o sobrepeso. Os 30Kg acima dos parâmetros ideais foram sendo retirados durante dois anos de uma rotina que foi muito penosa no início, mas que depois se tornou tão prazerosa que não precisava de incentivo, pois era como se vivesse para a atividade física resistida.

Ele era um homem sozinho. Ele foi deixado pela namorada que pretendia que fosse a sua futura esposa. Havia cinco anos. Seu único prazer era se desafiar na Academia a realizar proezas de força e resistência. Sua dedicação angariava simpatia por ser calado e sorridente. Resistia ao assédio de moças e moços sempre com uma palavra de ternura que o tornava mais atraente. Querido por todos, foi o administrador da academia, seu amigo, que desenvolveu a ideia do pôster, com segundas intenções. Várias vezes o aconselhou a abrir o coração para outra pessoa. Encontrou na figura da bela moça a chance de que isso acontecesse. Ficou feliz quando tudo se precipitou favoravelmente. O casal se tornou um chamariz incrível para a academia do bairro, a ponto de ele pensar em abrir outra unidade.

Passados dois meses, o pessoal começou a estranhar a ausência da companheira do casal às sessões de exercícios na academia, realizadas sempre na parte da manhã. Ao ser questionado, o moço disse que ela havia decidido ficar um tempo descansando, atarefada com as reformas da casa que começara há pouco. Três meses mais, as perguntas redobraram de frequência, principalmente pela falta de fotos na rede social, no que ela era bastante ativa.

O certo é que após o término da reforma, ela estava se sentindo bem em não se sentir pressionada em ir para a academia todos os dias, apesar do prazer. Havia engordado um pouco, mas seu companheiro disse que ela estava linda daquele jeito. O sexo continuava incrível, o trabalho em home-office não a obrigava a se arrumar, a não ser em reuniões em que precisava se maquiar e ajeitar o cabelo. Alguns repararam em seu rosto mais arredondado, perguntando se ela estava grávida, ao que respondia somente que estava feliz. Não saía mais tão frequentemente. O seu companheiro fazia o supermercado na volta do expediente. De vez em quando, saíam para a um rodízio de pizza ou de comida japonesa no “dia do lixo”.

Em seis meses readquiriu o tamanho de antes, mas o companheiro não parecia se importar. Talvez fosse o contrário. Ela se sentia a mulher mais amada do mundo. O seu carinho era desmedido e ela havia percebido que a sua dedicação anterior era motivada para atender ao estereótipo do “mercado”. Até que decidiu limpar uma cômoda antiga, que achou muito bonita, mas em mal estado. Ao limpá-la, esvaziou as gavetas e encontrou a foto de uma moça numa delas. Seria a antiga namorada dele, da qual tanto falou nas longas conversas que tiveram? Possivelmente…

Logo, percebeu que a aparência dela era bem similar à sua atualmente. Rosto arredondado, o mesmo tom de sua cor de pele, pernas grossas, quadril abaulado, peitos avantajados. Por sua mente começaram a passar tantas possíveis explicações, mas uma principiou a envenená-la: e se ele me incentivou sem perceber a me transformar em alguém que ele amava?”.

O seu comodismo se devia em boa parte à postura desprendida de seu amado. Ele repetia que não importava como estivesse a sua aparência, o importante era a energia que os envolvia. Acreditou nele, então e desde o início. Mas como conseguiria permanecer tranquila ao chegar do passado essa imagem materializada que a colocava como um simulacro da sua antiga namorada? Ao mesmo tempo, com ele, se sentia feliz e sem cobranças para que seguisse a atender um perfil que era obtido com sacrifícios que a depauperavam emocionalmente ainda que trouxesse certa satisfação.

Olhou mais vez a foto e a rasgou. Seria o suficiente?

Foto por Ivan Samkov em Pexels.com

Participação: Lunna Guedes Mariana Gouveia / Claudia Leonardi Roseli Pedroso / Bob F.

Filosofia*

Hoje, eu encontrei a Filosofia na saída da academia. Ela vinha da aula de natação, trajava um vestidinho rosa e não devia ter mais do que três anos de idade. A moreninha, rápida e esperta, correu à frente de sua mãe, fazendo com que ela a advertisse: “Pare, Filosofia! Me espere!”. Como Filosofia não a obedecesse e rapidamente atravessasse a catraca por baixo, fazendo menção de ir à rua, sua mãe gritou: “Não corra, Filosofia!”. Eu, que estava um pouco adiante, já me preparava para segurá-la a fim de evitar que fosse para o asfalto. Acho que, assustada com a minha presença, parou repentinamente e me olhou com os seus olhos curiosos, a tempo da mãe alcançá-la e ralhar por seu comportamento.

Senti-me reconfortado com a possibilidade de ter salvado a Filosofia de sofrer algum acidente. Imediatamente, comecei a desejar o melhor futuro possível para aquela menina de nome tão pouco usual. No caminho de volta para casa, fiquei pensando que mesmo neste mundo tão prático, ainda podemos encontrar a Filosofia em qualquer lugar, como na academia de atividades físicas…

*Texto de Março de 2012

Foto por Monstera em Pexels.com

Puxada De Costas*

Foto de 2015, realizada na Academia Peck & Deck

Em novembro de 2015, fazia dois anos que eu havia completado o bacharelado em Educação Física, curso iniciado tarde na idade (aos 48 anos) em termos comparativos, para aqueles que estipulam períodos certos para começarmos certos processos na vida. Fui bastante incentivado por minha companheira, que dizia que eu estava sofrendo de “síndrome de ninho vazio”, já que as meninas estavam crescidas e cuidando de suas próprias questões. Outra razão é de eventualmente vir a exercer uma profissão alternativa à prestação de serviços na área de eventos, bastante oscilante. O advento da Pandemia veio a corroborar o quanto isso é real.

À época, eu havia recém-iniciado o meu trajeto na Scenarium — Livros Artesanais, finalmente me assumindo como escritor (outra atividade “maldita”), mas mantinha minhas postagens na divulgação da atividade física pela importância e pelos benefícios que me proporcionou. Uma das outras razões para iniciar um curso sobre educação corporal foi o desenvolvimento da Diabetes, uma doença sistêmica que se não for acompanhada de perto, causa graves prejuízos à saúde humana. O estímulo muscular e consequente gastos calóricos auxiliam no equilíbrio da glicemia do diabético.

“Ainda sobre hoje na academia, há coisas que não mudam. Uma delas, é a puxada para as costas. Pode ser em aparelho novo ou velho, o importante é a correta execução, com o peso adequado para o seu estágio. Nada de acelerar o processo. Nada de ultrapassar a carga além da conta, como se fora competir com os fortões da academia. Isso desanima quem está começando e contunde quem está retomando a trajetória. Se o instrutor acha que você tem que sofrer uma paralisia muscular para alcançar algum progresso, desconfie.

A musculação, bem feita e bem dirigida, é uma das melhores atividades físicas para todas as idades, a partir dos 16 anos. Sim, começar antes disso, requer acompanhamento rigoroso, pois o corpo ainda está em desenvolvimento. Obviamente, esse assunto é polêmico, mas sugiro para aqueles que apenas querem ter um corpo saudável, sem que seja atleta de competição, que procure diversificar as várias opções esportivas. Esse procedimento amplia o repertório corporal. Busque a boa saúde, não apenas para buscar uma aparência bonita, mas para que previna o desenvolvimento de doenças físicas e psicológicas.”

*Texto, entre aspas, de 2015.

Terapia Hormonal

Benício e Renata se amavam, disso o sabiam, mas a mulher estava passando pela menopausa de uma forma que transformava qualquer diálogo ou decisão do casal em discussões imotivadas. Ou, por outra, tudo era motivo para que viessem as altercações o calor, o frio, o vento, o sol, o latido do Filhote, irmão das crianças que se casaram.

Benício sentia saudade da Renata sempre alegre e positiva, sensualidade exuberante mesmo depois dos 50 anos 30, de namoro inesperadamente encerrado há dois anos com o início dos calores e mudanças bruscas de humor. Situação que piorou após a sua aposentadoria. Quis descansar um pouco depois de trabalhar muito. Quando desejou retornar, o mercado de trabalho havia mudado. Para Renata, o marido-príncipe se transformara em sapo, gordo e sem atrativos, a coaxar lamentos por seu comportamento.

Quando os dois, em um momento de bonança depois da tempestade, conseguiram conversar por meia hora sem se ofenderem, Benício sugeriu e Renata aceitou consultar um endocrinologista para a possibilidade de terapia de reposição hormonal. Renata tinha histórico de câncer na família e ouvira dizer que isso dificultaria um tratamento através desse recurso, que tivera bons resultados para algumas de suas amigas.

Após a realização dos exames necessários, seguida da consulta com o médico, este assegurou que Renata poderia fazer o tratamento sem problemas, acompanhado de exames periódicos para a verificação dos índices hormonais, de quantidades tão discretas quanto fundamentais no funcionamento do organismo humano. Porém, só isso não bastaria para que o tratamento funcionasse. Renata deveria iniciar um programa de atividades físicas regulares, mudança alimentar, corte de carboidratos e lactose etc.

Renata não era inativa, mas não era fã de exercícios físicos. Dr. Coimbra, no entanto, fora tão enfático na recomendação (que talvez nem ele mesmo seguisse, devido a circunferência de sua cintura) quanto aos benefícios como a diminuição do apetite, a melhora do humor, a diminuição de gordura, o enrijecimento dos músculos, a melhora da imunidade e o retardo do envelhecimento, que decidiu se matricular na academia perto de casa.

Na Cuore-Fit, Renata encontrou outras mulheres na mesma condição em que ela, constatada nas conversas entre um exercício e outro orientado pelo instrutor devidamente sarado que as acompanhavam. Não era um rapaz de rosto bonito, mas as proporções absolutamente equilibradas de seu corpo másculo e sua expressiva autossuficiência era o bastante para deixar as suas companheiras alvoroçadas.

Eduardo ou Dado era um profissional sério e sabia que qualquer desvio de comportamento poderia causar estragos em sua carreira há pouco iniciada. Muitas daquelas senhoras tinham idade para serem a sua mãe. Ainda que Renata lhe tenha impressionado por seu sorriso aberto, olhar vivaz e certa candura de menina, nunca passaria por sua cabeça se envolver com ela ou qualquer uma delas. Sentia-se compromissado com Betinha.

Passados alguns meses, Renata, bastante dedicada, progredira enormemente no alcance dos objetivos antes apenas sonhados por quem inicia a atividade física regular. O melhor era ter voltado a se sentir viva como antes, o que Benício agradeceu aos céus e ao anjo Dr. Coimbra. As brigas cessaram, as risadas voltaram a fazer parte do café da manhã e o sexo eventual, procurado por ela, voltou a ser gostoso. Não importava a hora que dormisse, acordava bem cedo e saía para correr ao mesmo tempo que ele saía para trabalhar, logo após ao café da manhã equilibrado entre frutas e alimentos a base de proteína vegetal e suplementos.

Benício não conhecia a importância do outro responsável por Renata ter chegado a essa condição Dado. Aliás, ela sempre evitou citar o seu nome. Tudo por causa de uma prosaica circunstância que demonstrou que o tratamento começava dar resultado, ainda que inesperado. A dedicação e incentivo do instrutor físico em sua melhora orgânica, que nunca deixou de elogiar o esforço e a busca da perfeição na execução dos exercícios, a enrubescia.

Para Dado, Renata representava o resultado material da teoria aprendida na faculdade. E quando o rapaz disse isso para ela, Renata sentiu sua calcinha umedecer imediatamente. Aturdida, Renata pediu licença e correu para o banheiro. Dentro do reservado, se tocou por dois minutos e alcançou um dos orgasmos mais intensos de sua vida. Chegada a noite, buscou o marido para realizar tudo o que pensava em fazer com o moço que a excitara daquela maneira. Foi bom, mas nada comparado ao que sentira pela manhã na Cuore-Fit.

Renata teve medo do que estava sentindo. Sabia que entre os dois não havia futuro, mas a paixão era um abismo tão atraente… A questão era saber se Dado abriria o coração, fecharia os olhos e saltaria com ela. As trocas de olhares entre os dois faiscavam a ponto de serem percebidas por uma ou outra aluna.

Naquela terça-feira, Renata madrugou e chegou antes do que quase todos. Dado foi um dos primeiros a chegar. Quando a viu, ele se alegrou como o menino que era. Gostava imensamente da companhia da mulher que remoçou diante dos seus olhos. Sozinha com ele, Renata conversou leviandades para chegar ao ponto que queria. Perguntou se mais tarde ele não gostaria de almoçar em sua casa, perto dali. Olhar e boca sorriram em aceitação.

Após a aula, Renata voltou para a casa se sentindo uma menina que se apaixona pela primeira vez. Com Benício no trabalho, aquilo que pretendia fazer não lhe parecia incorreto. Em seu pensamento, essa paixão era uma homenagem ao desejo do marido de querê-la bem. Preparou um almoço robusto o suficiente para repor as energias de um jovem em constante atividade. E ela pretendia ajudar muito no desgaste energético do moço parte dos pensamentos que a faziam rir sozinha.

À chegada de Dado, o almoço foi esquecido. Porta adentro, se abraçaram-beijaram como quem precisasse comer após prolongado jejum. Começaram no sofá e terminaram no tapete da sala, sob a observação de Filhote, que deitado em sua caminha, ouvia a sua humana a gemer-uivar, entre risos. Exaustos e excitados, iniciaram conversas lambuzadas, línguas adentrando os lábios. Conversação que durou quinze minutos.

Renata levou Dado para a sua cama. Ela queria que aquele local voltasse a ser o melhor lugar da casa. Totalmente entregue ao forte e atrevido amante concretizou todas as fantasias irrealizadas com Benício. Na sensação mais extraordinária que jamais experimentou, quis morrer naquele mesmo instante, feliz.

De alguma maneira, foi atendida. Depois desse encontro, cheio de promessas e perspectivas, tudo degringolou. Uma das outras mulheres, senhora enciumada do tratamento dispensado à Renata pelo instrutor, o denunciou por importunação sexual. Demitido, Dado decidiu voltar para Catanduva, onde nasceu. Há tempos recebera uma proposta de trabalho de uma academia daquela região que agora se tornara oportuna. Deixar Renata era como se lhe arrancassem o coração. Confirmaria o compromisso com Betinha, a namorada de meninice e tentaria esquecer o amor impossível. Era o mais certo a ser feito. No curso de Educação Física aprendera a suportar a dor do corpo, mas o que estava sentindo não estava nas estudos sobre o desenvolvimento da “mens sana in corpore sano”.  

Ao se despedirem, em silêncio, os dois amantes se recolheram a um canto reservado da academia e se renderam um ao outro, em pé mesmo, sôfrega e apaixonadamente, rostos úmidos, línguas com gosto de água salgada. Ao chegar em casa, Benício encontrou Renata como no auge da menopausa, imersa na tristeza e quietude que normalmente antecedia a tormenta. Ao perguntar sobre o que sentia, Renata correu para os braços reparadores do amor da sua vida e chorou como criança. De alguma maneira, Benício sabia o que estava acontecendo, mas a amava tanto que só queria vê-la feliz. Sem dizer palavra, a abraçou com força.  

Foto por Pixabay em Pexels.com

Hominho De Lata*

À caminho da academia, estava sempre a passar por ele. Desde que o vi pela primeira vez, simpatizei com o hominho de lata. Porém, passado algum tempo, algo mais aconteceu — lhe puseram óculos. Pronto! De imediato, me senti identificado! Eu “nasci” de óculos… Ou melhor, não me reconheço sem eles, figurativamente… A saber que as coisas mais intensas que faço são na penumbra, sem rejeitar a luz que se instaura…

Ali estava a mim mesmo, consubstanciado — homem que nasceu para ser nuvem, mas se tornou lata — enrijecido pelo tempos a fora em pose de quem carrega peso e a função de sorrir, ainda que o mundo lhe envergue as costas… Acreditei que foi boa sorte a minha de tê-lo como companheiro de percurso, a lembrar de minha pequenez de hominho de lata, em busca de um coração…

*Texto de 2016 — Atualmente, em 2020, tanto deixei de ir à academia por causa da Pandemia de Covid-19, quanto os valores dos combustíveis na placa do posto, estão o dobro ou mais…