12 / 06 / 2025 / Dia Dos Namorados Distantes

os namorados distantes do que vivem?
de lembranças dos encontros espaçados
no tempo?
do desejo reafirmado a cada diálogo roubado
nos intervalos das obrigações diárias?
dos descaminhos da volúpia pela presença
não materializada
como se fosse uma foto beijada
esmaecida pelas lágrimas de saudade?  
quem vê de fora não acredita na permanência
feita muito mais de ausências
do que das presenças
mas os cheiros 
as intumescências de bicos e membro
o êxtase reafirmado a cada reencontro
a resistência do desejo
os pelos eriçados a responder que sim
não se acredita no fim…
é uma ilusão?
mentes doentias como se vivessem um vício
pelo vazio
em que a distância não vence
ou afirmação do gosto do prazer
entre os namorados
distantes amantes da dor de amar
e bem quererem-se…

Foto por Yan Krukau em Pexels.com

09 / 06 / 2025 / Amor Amado

Eu a amo… 
Amor não correspondido. 
Prefiro assim. 
Tem maior valor o meu Amar… 

Eu o tenho como tão precioso, 
que não quero vê-lo exposto, 
devassado por outros olhos  
que não os meus,  
no espelho de minh’Alma… 

Sei de sua Força
de sua Chama
que me chama para perto de sua Luz
ainda que me distancie do Sol…  

Caminho por estrada de mão única. 
Não me importo que vá … 
Querer Você e não a ter,  
me faz completo. 

Paciente, fico à espera  
que o Vento me disperse,  
que o Tempo peça  
que de si me despeça,  
Amado Amor… 

16 / 05 / 2025 / Lunar

Pode ser a última lua…
A última vez que atua…
Pode ser a sua última noite…
A derradeira hora do açoite…
O último abraço e o colo quente…
O último suspiro e o beijo ardente…
A última chance de perdoar…
A última oportunidade de amar…

Foto: arquivo pessoal.

29 / 04 / 2025 / BEDA / Humanos*

A minha luta constante, interna, é contra a vaidade (mental, não física) e o egoísmo. Inveja, presumo não ter. Pelo simples fato de que eu, sendo eu, não posso desejar ter o que o outro tem, na aparência, sem saber o que outro vive profundamente. E eu preso muito a minha profundidade, muitas vezes indecifrável para mim mesmo.

Eu, sendo um mistério em meu âmago, quero continuar a me descobrir. Em conversa informal com a Romy, me dei conta de uma coisa muito simples e que, por isso mesmo, era quase invisível, pelo menos para mim: se desejo o bem da humanidade, devo necessariamente desejar o meu próprio bem. E isso não é egoísmo. É altruísmo. É desejar o bem estar do próximo em mim mesmo, o ser mais próximo de mim.

Se eu não estiver bem, não há como compartilhar o bem estar. Se estou sofrendo, não há como enxergar a paz para além do imediatismo limitado pela dor a ser superada. Para amar o próximo como a mim mesmo devo, antes de tudo, amar a mim mesmo e, em mim, a minha humanidade. Que todos tenhamos um dia melhor. Que todos possamos nos valorizarmos individualmente e nos amarmos coletivamente. E humanamente…

*Vivia Abril de 2021. Em Janeiro, havia tido uma séria crise de ansiedade. Eu me refugiei por Fevereiro inteiro em Ubatuba e de lá voltei renovado. E com um livro escrito: Curso De Rio, Caminho Do Mar.

10 / 04 / 2025 / BEDA / Tanto Faz, Nada!

repudio quando cantam “vodka
ou água de côco (sim, eu acentuo!)
gosto quando fica louca
cada vez eu quero mais”…
a loucura é normalizada no sentido
de comportamento e se sentir dividida
perdendo as estribeiras o controle sobre o destino
se esquecem do sentido da demência alienante
sendo que a verdadeira loucura se faz com consciência
cônscio de si e aberto ao verdadeiro sentido da vida
que é se perder e se achar — se buscar
e buscar alcançar o outro a quem amar…

Registro fotográfico de 2014, no Litoral Norte de São Paulo.