Ontem, o meu pensamento girava em torno de um sofá acolhedor, de onde assistiria à Copa de Mundo de Clubes e assistir a uma das séries que acompanho. Trabalhei por vinte horas no dia anterior em um evento no interior do Estado, mais propriamente em Cerquilho. Deixei-me dormir demais já que não havia nenhum compromisso agendado para o dia, a não ser o citado acima. Eis que lá pelas 14h fui informado que a família sairia, à pedido da mais nova que iria a uma festa junina perto de onde reside, no Tatuapé.
Este homem de família se sente impelido a interagir, mesmo quando não se sente à vontade para isso. Normalmente, estou ocupado nos finais de semana devido à minha atividade de sonorização e iluminação de eventos. Ontem, eu estava livre e lá fomos nós atravessar a cidade da Zona Norte até à Leste em dia de retorno de feriadão de Corpus Christi prolongado e de Parada Gay.
Excesso de veículos na MarginalTietê, além de trechos interditados, chegamos além do horário programado, mas à tempo de aproveitar a quermesse de rua da igreja local. Noite tépida, 16ºC. Muita gente em movimento constante e em filas para consumir as guloseimas oferecidas. A decoração, colorida, girava em torno das franjas e bandeirinhas de papel, balões alegóricos, fogueiras de luzes. Percebi que paulistano gosta de pagar caro para comer comida em pratos de plástico, vasilhas térmicas e copos descartáveis. Uma jovem bandinha de garagem tocava músicas dos Anos 80. Uma volta no tempo em uma rua que ainda preservava construções da época em uma região que passa por um forte processo de gentrificação. Aliás, como em toda São Paulo.
Consumi um bom caldo verde. Após pegarmos mais um salgado, visualizei um brechó aberto entre as barracas. Visualizei um cachecol listrado que me chamava desde dentro da loja. Ele me remeteu a um quê de nostalgia de algo que não havia vivido, mas sendo de brechó, alguém o usou com propriedade e ocasião. Aproveitando que esfriava, logo o coloquei. Eu me senti distinto. E esquisito, segundo o resto da família.
Mas o calor que me protegia o pescoço compensava qualquer observação adversa. Quando fui pagar, a senhora perguntou se eu era músico. Respondi que trabalhava com eventos musicais. Ela disse que era atriz e sabia distinguir os tipos envolvidos em arte. Já em casa, a Romy me agradeceu a noite. E eu, com o meu cachecol listrado, intrigado conjecturei que simplesmente estar presente tenha sido suficiente pelo agradecimento. O que remeteu ao meu pai, um senhor ausente.
Registro de 1983, ilustrativa, da mesma época do pôster referido no texto.
“É muito estranho quando você encontra uma pessoa que fez parte do seu Passado, mas que nunca tinha visto pessoalmente” – enviei essa mensagem na noite de sábado, via Whatsapp, para o grupo formado por minhas filhas e mulher. Estava sonorizando uma festa privada de aniversário, em que havia a participação de algumas celebridades. Uma das minhas filhas, a Ingrid, perguntou a quem eu havia encontrado. Respondi: “Luiza Brunet – é muito mais atraente que muita mocinha!”. Ela respondeu: “Nossa! Deve ser, mesmo!”. Para comprovar, mandei uma foto que tirei discretamente. A Romy comentou: “Nossa! Muito ‘diva’, mesmo!”. Completou que a achava mais bonita que a filha (também modelo).
Um dos mandamentos de quem trabalha em eventos particulares é o de não divulgar imagens ou informações a respeito, principalmente quando apresenta restrições claras quanto a isso, como era o caso, ainda em se tratando de figuras públicas. Portanto, apesar de fazer jus à sua beleza, não a divulgarei aqui. Ali é mostrada a beleza da maturidade em plena forma.
Na sequência de mensagens, comentei que quando a Tânia visitou a minha casa, quando ainda éramos solteiros, viu em uma das paredes de meu quarto, um pôster de corpo inteiro de La Brunet, dessas que se veem em borracharia, com o dorso e as pernas à mostra, vestindo apenas a parte de baixo de um biquíni.
Apesar de pretender me mostrar um cara diferente, que não valorizava tanto a forma para além do conteúdo, fazia questão de ter àquele à vista. Lembro-me de ter comentado que me impressionava especificamente o olhar da modelo (não tão conhecida quanto se tornou depois) em pose relaxada e confiante. O rapaz sem experiência via naquela imagem a representação do poder da sedução. Carregava um olhar penetrante, que nos invadia e que parecia dizer: ”Vocês é que estão nus!”.
E era assim que me sentia – intimidado por parecer desnudado diante da bela mulher. Decorridos mais de vinte e cinco anos, lá estava a minha musa em carne e osso, tão perto do meu olhar. Fiz questão de me manter à distância, observando os seus movimentos, como agiria um “voyer” que de fato eu era quando a “conheci”. Mesmo porque, estava naquele ambiente apenas para cumprir as minhas funções profissionais.
Mesmo que pudesse, não o faria. Há sensações que devemos manter intactas no Passado, para encontrá-las sempre frescas quando vamos buscá-las em nossa memória. Conquanto a beleza física de Luiza Brunet seja facilmente constatada, ainda hoje, através de inúmeras postagens pessoais e jornalísticas, o que faço questão de manter indelevelmente em minha mente é impressão de profundidade d’alma causada pelos olhos escuros da típica mulher brasileira de tez morena dos Anos 80, a qual nunca passará.
Instado a declarar a minha lista de músicas preferidas ou que atualmente me tocam, não deixei de pensar sobre como muitas vezes, ao montar nossas referências musicais, caminhamos por paisagens que preferimos ver — nesse caso, ouvir — que nos sejam confortáveis. Há temas que nos agridem e, por esses, devemos passar ao largo. A não ser que tenha que fazê-lo por dever de ofício, como é o meu caso, por trabalhar com música. Há ocasiões em que tenho montar playlists com “obras” diametralmente opostas ao meu gosto pessoal. Poderia se supor que por serem normalmente criações atuais e por eu não ser tão novo, esteja desvinculado do cenário musical atual. No entanto, há muitos trabalhos recentes em que se percebe frescor e criatividade, que podem vir a fazer parte de um movimento mais amplo. Muitas delas, se incorporam a outras vertentes artísticas ou vice versa. Algumas outras, se tratam de bons trabalhos isolados, destacados de movimentos geralmente patrocinados pela indústria fonográfica. Coloco à disposição links de músicas que me mobilizam, algumas mais recentes, outras mais antigas. São exemplos do meu gosto musical. Espero que possam igualmente tocar a quem se predispuser a ouvi-las.
Esta canção de Maria Gadú me pegou desprevenido. A minha reação a ela é puramente emocional. Fala sobre perda, ainda que a trate de uma maneira suave e poética. Talvez, diante de um tempo em que perdemos parentes, amigos próximos e distantes, conhecidos e nem tanto — brasileiros de todos os cantos — o tema da menina que tentava entender a ausência da pessoa mais importante da sua vida me tocou profundamente. É claro que a voz da Maria Gadú, delicada e de belíssimo timbre, ajuda a nos envolver. Desde que surgiu, a cantora e compositora produz pérolas da MPB, que espero ouvir por muitos anos.
A partir do final dos anos 80, muitos artistas franceses, a maioria deles de Paris e da vizinha Versalhes, começaram a produzir uma variante de música eletrônica francesa que a crítica internacional chamou de French House e que os franceses chamaram de French Touch. Daft Punk e Air são os representantes mais famosos no Brasil, assim como o Justice, de uma geração posterior. O movimento inspirou pelo menos dois grandes diretores de cinema contemporâneo, Sofia Coppola e Michel Gondry. Aqui, apresento um dos hits que levou o Daft Punk a vencer o Grammy de 2014, trazendo a voz suingada de Pharrel Williams e a guitarra de Nile Rodgers, músico e produtor proveniente do movimento Disco, o que bem caracteriza o trabalho de aglutinar referências de todos os tempos para construir o seu rico repertório. A notícia não tão boa, mas de certa maneira esperada, é que a dupla francesa se separou no começo deste ano.
Marcelo Jeneci é um dos nomes mais promissores da MPB surgidos recentemente. Sua trajetória como músico de estúdio e acompanhante de outros nomes de maior destaque midiático já tem vários anos e quando finalmente seu trabalho foi exposto, percebeu-se a qualidade inegável de sua obra. O vídeo Pra Sonhar, extraído de Feito Para Acabar, seu disco lançado em 2010, mostrado acima, é um dos mais representativos que já vi para divulgação de uma música e que faça jus à bela composição e lindo arranjo como peça representativa de uma visão de vida mais refrescante e positiva da união de pessoas que se amam.
Don McClean chegou a mim por Castles In The Air, canção por qual me apaixonei. Era uma época que eu não tinha recursos para conhecer melhor a sua obra. Com o tempo, soube que a sua carreira, iniciada em meados dos Anos 60, estava ligada ao Folk Music, vertente da qual conhecia Bob Dylan, John Denver e Joan Baez. Produziu outros sucessos como American Pie, Since I Don’t Have You, Love Hurt e Crying. Em Starry, Starry Night, creio ter interpretado muito bem o embate entre a genialidade e o desajuste de alguém como Vicent Van Gogh, sua inadequação pessoal e artística diante do mundo.
O disco Tribalistas estourou em 2002. Gravado pelo trio de compositores e cantores Marisa Monte, Arnaldo Antunes e Carlinhos Brown, com o seu primeiro disco obtiveram uma imensa vendagem. Quinze anos depois, em 2017, lançaram a segunda obra, também um imenso sucesso. A diferença está na forma da aferição do sucesso, feita pela replicação de visualizações pela Internet, baixa de downloads, além da forma tradicional de CDs. A música Ânima, lançada no segundo Tribalistas, eu diria que me representa cabalmente e resume exemplarmente a minha filosofia de vida.
Ferris Bueller’s Day Off, de 1986, um filme produzido nos Estados Unidos, com direção de John Hughes, apresenta muitas referências da música inglesa ao longo de sua duração. A cena apresentada acima tornou-se uma das mais icônicas da cultura Pop ao unir diversas linguagens artísticas. A música que encadeia a cena é Please, Please, Please, Let Me Get What I Want, do The Smiths, uma das minhas bandas favoritas, inglesa como a The Academy Dreams, que a interpreta. A começar por The Beatles, a pedra fundamental, que também tem uma música no filme, passando por The Clash, Sex Pistols, Simple Minds,Duran, Duran, Culture Club, The Cure, The Police, Depeche Mode, Pet Shop Boys, The Human League, Eurythmics, chegando ao Queen, The RollingsStones, Led Zeplin,New Order (e Joy Division), Black Sabbat, Iron Maiden, Elton John, Eric Clapton, Genesis, Pink Floyd, Supertramp, Yes, Rod Stewart e ao deus David Bowie, entre tantos outros nomes, para ficar apenas nos surgidos de 60 a 90, a Inglaterra soube absorver as diversas influências musicais norte-americanas e devolvê-las mais criativas e interessantes. Podem me acusar de viver um passado congelado, mas essa turma eu ouço até hoje.
Elis Regina faz parte da minha playlist desde sempre. Ela estaria fazendo por estes dias 76 anos de vida. Morreu, mas nunca morrerá. Nesta canção de Belchior, outro compositor que sempre ouço, e que com quem quase vim a trabalhar em um projeto de apresentações em universidades, ela faz uma interpretação com o coração exposto, técnica irrepreensível e voz a serviço da emoção, aliás, característica indissociável de seu estilo vocal. Ouço muitas outras mulheres — Gal Costa, Zizi Possi, Adriana Calcanhoto, Marisa Monte, Marina Lima, Roberta de Sá, Maria Bethânia — além de muitas outras que construíram a tradição de excelência das cantoras brasileiras, como Leny Andrade, Doris Monteiro, Claudette Soares, Sylvia Telles, Astrud Gilberto, Wanda Sá, Nara Leão, Maysa e Elizeth Cardoso.
Nos anos 50, 60 até 70, mais ou menos, além das americanas, as rádios tocavam músicas do mundo todo, especialmente da América Latina, Caribe, como europeias, principalmente latinas — francesas, portuguesas, italianas — mas também de outros culturas. Era uma programação eclética, em que havia espaço para todos os gostos. Com o passar do tempo, a indústria fonográfica foi homogeneizando tantos os lançamentos dos “produtos” musicais, assim como a divulgação começou a atender critérios econômicos. Afinal, custava caro gravar um disco, transformá-lo em sucesso e investir em artistas que trouxessem retorno financeiro. A situação atual mudou muito quanto ao acesso à divulgação, porém parece nunca mais teremos, popularmente, as opções em termos de qualidade e variedade que existia antes. A música italiana foi uma forte influência há 60, 50 anos. Muitos artistas da Jovem Guarda gravaram em italiano ou fizeram versões dos sucessos da Bota. Aqui, os jovens do Il Volo interpretam uma das belas canções dos Anos 60 que embalou a minha meninice e ainda me encanta pelo estilo do bel canto dos cantores italianos tradicionais influenciados pelos tenores.
Eu ouço as músicas do pessoal do Clube da Esquina sempre que posso. Descobri que, estranhamente, o repertório criado por eles é um grande companheiro de passadas em minhas caminhadas. Milton Nascimento, Toninho Horta, Wagner Tiso, Lô Borges, Beto Guedes, e Márcio Guedes preenchem, entre outros, temáticas que vão de visões da Natureza como participante de histórias de amor a viagens oníricas e com sentidos misteriosos e/ou interpretativos. No texto Coração de Minas, falo dessa minha conexão com as canções desenvolvidas por eles desde os Anos 60 e que até hoje me emocionam.
Queenrÿche talvez possa parecer um ponto fora da curva na playlist até agora apresentada, mas explicarei a razão de colocá-la, mesmo porque gosto muito da banda, principalmente na fase em que Geoff Tate era o vocalista. Quando assisti ao vídeo acima, eu ainda não trabalhava com sonorização. Além da excelência vocal do frontman e categoria dos músicos, fiquei extasiado com a qualidade sonora do show ao vivo, na relação entusiasta, totalmente fora do contexto do que eu considerava como comportamento típico do japonês (que até então eu ouvira falar), além do uso de roupas e adereços que mimetizavam o vestuário hard rock / heavy metal ocidental. Depois, conheci Silent Lucility, Anybody Listening?, I Will Remmember, entre outras, que vez ou outra, surgem em minhas listas.
Genialíssimo, Caetano é nosso! E O Quereres sou eu, em minha apresentação carnal, no mundo visível, material. Também amo Gil. Em Drão, um texto em que falo do meu Guru, realço suas qualidades ímpares. Mas Caetano me contraria e me surpreende. Ao sabê-lo controverso, perdoo a minha própria contradição — O Quereres — que sou. Assim como, durante muito tempo, Djavan me embalou em suas sonoridades verbais e como Arnaldo Antunes me absolveu, já que, adolescente, compunha músicas bastante parecidas com as que faz. A todos eles, não deixo de ouvir nunca…
Como faixa bônus, por que não colocar uma canção em que participei como ator na gravação do clipe? Não por mim, mas por pelo talento do ator e diretor, Weslei Wes Santos, jovem, porém bastante conhecedor dos artifícios da representação e da arte cinematográfica. A equipe que nos acompanhou, igualmente composta por novos valores, como o cinegrafista Pedro Oliveira, tornou tudo mais simples e efetivo. A música é de Marcos Wilder, que bebe de boas referências sonoras para compor uma canção envolvente.
Corria meados dos Anos 80 e o Rock Nacional adquiria um fôlego inédito desde a época da Jovem Guarda, vinte anos antes. A banda Paralamas do Sucesso havialançadoem 1984, o Álbum Passo do Lui e entre os vários êxitos do disco estava “Óculos”. Para quem se tornou um “quatro olhos” aos doze anos de idade, aquela canção expressou muitas coisas que todos nós, meninos que portamos lentes em armações sentimos: a rejeição das meninas, o uso delas como anteparos da tristeza ou acentuação da alegria ou até a atratividade um tanto duvidosa do “ar de intelectual” que poderia ser confundido com estranheza ou bobeira.
Eu percebi que estava começando a perder a acuidade visual depois dos onze e lancei mão de óculos de meu pai guardados em uma gaveta, que pouco o vi usar. Como em muitas ocasiões antes, o Sr. Ortega estava fora de casa. Quanto aos óculos, as lentes deviam apresentar um grau maior do eu necessitava. Doía meus olhos ao usá-los, além de deformar as imagens diante de mim. Eu os punha e os tirava frequentemente. Até que, acidentalmente, caíram. A armação não impediu que as lentes grandes e pesadas fossem preservadas. Fizeram-se em cacos. Passei a usar o maior caco para poder acompanhar as lições escritas na lousa. Apesar do medo em relatar o ocorrido ao Sr. Ortega, em uma das estadas em casa, tive que abrir o jogo. Achei estranho como aceitou o fato sem me criticar, como quase sempre fazia por qualquer coisa que dissesse ou fizesse. Ele me levou para fazer exame de visão com um oculista para aviar uma receita. Comprou novos óculos e voltou a sumir.
Minha personalidade passou a usar óculos. Quem começa a usá-los, começa a perceber que aquele dispositivo pode ser usado como apoio para quem não precisa de subterfúgios para se expressar. Para mim, foi assim. Acabei um tanto prejudicado no esporte, principalmente no futebol. Sonhador, como tantos garotos, em me tornar jogador profissional, percebi que tinha que reinventar meu estilo. Outros sentidos e possibilidades se sobressaíram. Soube que o Pelé também era míope, a ponto do técnico da Seleção de 70, anterior a Zagallo – João Saldanha – querer colocá-lo no banco. Obviamente, eu não era um Pelé. Mas sabia que não era ruim. Durante um certo período, tentei levar esse projeto adiante. Estava quase para desistir quando o meu irmão gastou uma parte de seu salário na compra de lentes de contato para mim. A minha performance melhorou muito.
Porém, outros projetos ganharam corpo. Eu estava cada vez mais ensimesmado e os óculos passaram a funcionar como escudos. Continuava a jogar futebol, agora como diversão. De tempos em tempos, com o crescimento da miopia, tive que comprar outros óculos. Lentes de contato, apenas para atividade física competitiva. Quando surgiu a operação corretiva, de início não tinha recursos para fazê-la. Depois, mais velho, percebi que os óculos passaram a fazer parte de mim. Atualmente, não cogito deixar de usá-los. Acrescentou-se a hipermetropia e o astigmatismo. Um dia, minha visão será obliterada pelo tempo. Os olhos são os órgãos que, entre todos, refletem mais cabalmente a passagem do tempo, pelo menos, por enquanto. Com o avanço da ciência, talvez encontremos caminhos para enxergarmos prescindindo deles, com conectores artificiais ligados diretamente ao receptor da visão – o cérebro – que verdadeiramente produz as imagens que vemos e interpretamos.
Além dos probleminhas com meus amigos, atualmente tento encontrar um modo de não embaça-los com o uso da máscara de proteção. Para os olhos, já os tenho. Sou tão apegado a eles que, os atuais, rachados por causa das várias quedas, os mantenho unidos em um só corpo atados com fitas isolantes pretas – para não “dar muito na vista”. Infelizmente, brevemente terei que trocá-los. Esses amigos de anos ficarão na reserva. Como o antigo, os guardarei com carinho. Sabedor de muitas histórias vividas comigo, sentirei saudade suas. A morrer e renascer em muitas ocasiões, desde os doze anos renasço com óculos. Ao final de tudo, certamente morrerei com eles.