“É muito estranho quando você encontra uma pessoa que fez parte do seu Passado, mas que nunca tinha visto pessoalmente” – enviei essa mensagem na noite de sábado, via Whatsapp, para o grupo formado por minhas filhas e mulher. Estava sonorizando uma festa privada de aniversário, em que havia a participação de algumas celebridades. Uma das minhas filhas, a Ingrid, perguntou a quem eu havia encontrado. Respondi: “Luiza Brunet – é muito mais atraente que muita mocinha!”. Ela respondeu: “Nossa! Deve ser, mesmo!”. Para comprovar, mandei uma foto que tirei discretamente. A Romy comentou: “Nossa! Muito ‘diva’, mesmo!”. Completou que a achava mais bonita que a filha (também modelo).
Um dos mandamentos de quem trabalha em eventos particulares é o de não divulgar imagens ou informações a respeito, principalmente quando apresenta restrições claras quanto a isso, como era o caso, ainda em se tratando de figuras públicas. Portanto, apesar de fazer jus à sua beleza, não a divulgarei aqui. Ali é mostrada a beleza da maturidade em plena forma.
Na sequência de mensagens, comentei que quando a Tânia visitou a minha casa, quando ainda éramos solteiros, viu em uma das paredes de meu quarto, um pôster de corpo inteiro de La Brunet, dessas que se veem em borracharia, com o dorso e as pernas à mostra, vestindo apenas a parte de baixo de um biquíni.
Apesar de pretender me mostrar um cara diferente, que não valorizava tanto a forma para além do conteúdo, fazia questão de ter àquele à vista. Lembro-me de ter comentado que me impressionava especificamente o olhar da modelo (não tão conhecida quanto se tornou depois) em pose relaxada e confiante. O rapaz sem experiência via naquela imagem a representação do poder da sedução. Carregava um olhar penetrante, que nos invadia e que parecia dizer: ”Vocês é que estão nus!”.
E era assim que me sentia – intimidado por parecer desnudado diante da bela mulher. Decorridos mais de vinte e cinco anos, lá estava a minha musa em carne e osso, tão perto do meu olhar. Fiz questão de me manter à distância, observando os seus movimentos, como agiria um “voyer” que de fato eu era quando a “conheci”. Mesmo porque, estava naquele ambiente apenas para cumprir as minhas funções profissionais.
Mesmo que pudesse, não o faria. Há sensações que devemos manter intactas no Passado, para encontrá-las sempre frescas quando vamos buscá-las em nossa memória. Conquanto a beleza física de Luiza Brunet seja facilmente constatada, ainda hoje, através de inúmeras postagens pessoais e jornalísticas, o que faço questão de manter indelevelmente em minha mente é impressão de profundidade d’alma causada pelos olhos escuros da típica mulher brasileira de tez morena dos Anos 80, a qual nunca passará.
*Texto de 2014