Fifty*

Há treze anos*, ao nono dia de outubro, completava meio século de vida. Como legenda da imagem coloquei que estava me sentindo meio a meio. Estava fazendo o Curso de Educação Física e conseguia, mesmo estudando com jovens com metade da minha idade, acompanhar as atividades práticas. Esta foto foi feita num ambiente festivo – um evento surpresa – que reuniu parentes e amigos em um buffet próximo de casa. Nunca imaginei que o sujeito que jamais havia tido uma festa de aniversário quando menino, pudesse participar de uma montada especialmente para si. Agradeço à todos que dela participaram. E, principalmente, à minha família, que pôde me proporcionar esse momento único.

#TBT #viveremorreremsp #fifty

#TBT Do #TBT

No Dia das Bruxas e da Poesia (em homenagem ao nascimento de Drummond) de 2011, fiz uma pequena postagem que achei pertinente. Desde então, sinto que não mudou muito o meu estado mental.

À época, há exatos doze anos, fazia o 5°. Semestre do curso de Educação Física na UNIP-Marquês. Escrevia algumas crônicas postadas no Facebook, mas por respeitar muito a função da escrita, apesar de meu espírito de escritor, eu não me assumia como tal.

“Gosto de pensar enquanto ando. Hoje, pensei bastante… Coisas do coração… Ainda bem que temos a cabeça para tal mister! Como já disse Pessoa, ‘se o coração pensasse, pararia’.”

Em 2015, ao ser chamado por Lunna Guedes para compor o time da Scenarium, “saí do armário” para me anunciar como escritor. O que significa transformar em palavras a vida que acontece. Registros que podem cair no ostracismo por falta de qualidade ou por exigir o esforço da leitura e da interpretação. O que é uma construção mental. Em tempos em que a distração é o objetivo, focar seus olhos e pensamentos em desenvolver uma interação, vai contra a modernidade de simplesmente ver a vida acontecer, sem se envolver. Levamos a arte do voyeurismo à quintessência. E dá-lhe fórmulas prontas e imagens manipuladas para nos dirigir a atenção…

Excertos Temporais

Excerto de 2022

Após anúncios de raios e trovões, acabou por chover pesadamente. A luz do Sol ficou escondida pelo corpo da Terra que gira sobre o seu eixo, enquanto passeia pelo espaço nesta parte da Via Láctea a 100.000 km/h. Durante todo o dia a revolução atuou, a translação se perpetuou, as estações representada neste quadrante pelo Verão, nos aqueceu, No entanto, a minha lembrança se fixou na solitária nuvem, desgarrada da grande nebulosidade, tão mais alta e distante. Com o tempo, deve ter sido absorvida pelas outras nuvens, maiores e mais fortes. Não duvido que tenha se precipitado em água agora há pouco, feito lágrimas do céu. Há casos em que a solidão não é uma opção, a liberdade não existe e o fim é compulsório…

Excerto de 2017

A tarde findava em tons de azul. Debaixo da chuva leve, o homem solitário caminhava a esmo, a colher imagens da imensidão azulada… Convenientemente, o último dia de veraneio terminou sem a luz dourada do Sol… A solidão é azul…

Excerto de 2013

A chuva, ciumenta, assumiu o controle do curso do dia. No entanto, agora à tarde, ela não pôde impedir o triângulo amoroso entre a Terra, o Céu e o Sol. Silenciosamente, os três combinaram de se encontrar no leito macio do horizonte… O encontro foi breve, porém… Logo, entre raios e trovões, a chuva, furiosa, reassumiu o controle da situação. Pois é, quem está na chuva, é para se molhar!

Imagem de 2011, em excerto de 2022

Há onze anos, em Outubro de 2011, completava meio século de vida. Como legenda da imagem coloquei que estava me sentindo meio a meio. Estava cursando Educação Física e conseguia, mesmo estudando com jovens com a metade da minha idade, acompanhar as atividades práticas. Esta foto foi feita num ambiente festivo — uma festa surpresa — que reuniu parentes e amigos em um buffet próximo de casa. Nunca imaginei que o sujeito que nunca havia tido sequer uma festa de aniversário quando menino, pudesse participar de uma montada especialmente para si. Agradeço à todos que dela participaram. E, principalmente, à minha família, que pôde me proporcionar esse momento único.

#Blogvember / Muitas vezes Eu Findei Antes Do Fim

Antes de eu a conhecer – a über-poeta americana Emily Dickson – eu falei de minhas mortes em vida e dos consecutivos renascimentos. Creio que seja um processo comum a muita gente, tantas vezes não percebido, nem mencionado com tanto alarde. Eu mesmo só me dei conta dessas situações extremas como passagens bem delimitadas ao ser convocado a escrever uma minibiografia para a Scenarium por ocasião do lançamento de meu primeiro livro.

Porém, há muitas pequenas mortes no decorrer de nossa história – a de pessoas próximas e de outras – emblemáticas por seu simbolismo, e as íntimas, mais parecidas com cristais que se estilhaçam como a corações partidos. Uma das lições que tomei como parâmetro no curso de Educação Física (que decidi fazer depois de uma das minhas “mortes”) relatam os estágios do desenvolvimento físico em que as células se regeneram continuamente, cada vez mais adaptadas e aptas a suportarem maiores cargas. Feitos Fênix – imagem comum a diversas culturas – renascemos das cinzas e tornamos essas pequenas mortes anteparos para aprendizados pessoais. Ou, a depender das características das circunstâncias e condição mental, obstáculos para vivermos plenamente as próximas etapas da vida, com o surgimento de consequências difíceis de serem superadas.

Recentemente, em termos, descobri que sempre fui um menino ansioso. Um dos fatos que me fez perceber essa condição foi saber que a ansiedade pode levar uma pessoa a ter descontrole em seu desenvolvimento fisiológico. Fiz xixi na cama até aos sete ou oito anos de idade, o que muito me envergonhava. Mas era inevitável, até conseguir me esforçar para acordar antes de acontecer. Há situações mais graves que são quase definitivos, causando resultados permanentes, só tratáveis com medicação e tratamento psicológico constante. Como o transtorno do estresse pós-traumático. Um distúrbio de ansiedade exacerbada que é manifestada em decorrência do portador ter sofrido experiências de atos violentos ou de situações traumáticas. Seria como viver no limite entre a existência e a iminência de deixar de existir.

Quando Emily Dickson coloca em palavras temas que em sua época sequer eram especulados de forma tão eloquente em beleza e significados, percebe-se que podemos sublimar esses momentos e superá-los com arte e profundidade – Poesia, enfim. Tenho conseguido lhe dar com minhas perdas tentando transcender em vida, como se fosse alguém que sonha a vida que vive. Ou por perceber conscientemente que a sonha mesmo. Um sonho delirante, mas controlável… até irromper na triste realidade de existir.

Foto por Jeremy Bishop em Pexels.com

Participam: Roseli Pedroso / Suzana Martins / Lunna Guedes / Mariana Gouveia

Nos Tempos Da Faculdade De Educação Física*

Salto com o auxílio do plinto, na aula de Atletismo do Profº. José Luís Fernandes – 2010

Entre 2009 e 2013, fiz Licenciamento E Bacharelado Em Educação Física. Quando eu o iniciei tinha então 48 anos e fui incentivado pela Tânia, preocupada com possíveis sintomas da chamada “Síndrome do Ninho Vazio” pela ausência cada vez mais acentuada das nossas três meninas na minha rotina diária. Com dois cursos anteriores não terminados na área de Ciências HumanasHistória E Letras, na USP – decidi terminar o terceiro na área da Saúde justamente pelo desafio físico e cronológico: um velho entre os jovens. Até um tempo antes, pensava que ter feito o curso foi muito importante apenas para mim em termos de entendimento do corpo e seu funcionamento, já que acabei por não atuar na área, o que também nunca foi a minha intenção, apesar de ter surgido algumas oportunidades.

Com as Lembranças do Facebook surgindo de tempos em tempos, recuperei muitas mensagens enviadas por meus pares perguntando sobre todos os assuntos, cada vez mais estimulados pela atenção com a qual os atendia. Percebi que a minha maior missão não fora somente me aprimorar no autoconhecimento e desenvolvimento da consciência corporal, mas especialmente auxiliar os meus companheiros de turma da Educação Física, hoje atuantes como professores em escolas, instrutores em academias e “personal trainers“.

Logo no Primeiro Semestre, cheguei a sofrer restrições de alguns devido à minha curiosidade em fazer perguntas no final da aula, os impedindo de sair antes do término. Sintomaticamente, muitos deles foram ficando pelo caminho. Com a continuação do curso fui ganhando a confiança da turma e passando coordenar a realização de alguns trabalhos na parte teórica. Na parte prática, não ficava devendo (quase) nada aos demais alunos, excetuando aqueles que mesmo na idade deles talvez não conseguisse alcançar. graças à tecnologia dos modernos celulares, pude registrar grande parte da minha incursão rica em experiências com jovens em busca de um sonho. O texto abaixo é de 2013*, na fase final do curso.

“Pessoal, como alguns que me acompanham sabem, estou no oitavo e último semestre do curso de Educação Física. Uma das disciplinas que tenho na grade chama-se Psicologia Aplicada Ao Esporte. O esporte competitivo tem exigido e carreado cada vez mais recursos para que o atleta ou a equipe ao qual ele está inserido apresentem resultados satisfatórios frente aos grupos para os quais atuam – clubes, torcidas e patrocinadores.

Dessa forma, a Psicologia como disciplina tem amplo campo de atuação nessa área de atividade humana. Mas, como lembra o meu professor nessa disciplina, Ricardo Rico, não uma Psicologia independente das motivações e aspectos mentais e emocionais que movem os atletas, ou seja, a Psicologia que conhecemos aplicada no esporte, porém gerada no âmbito de competitividade extrema ou, como diria eu, a vida levada ao limite da exibição de força, aplicação (e transgressão) de regras, vibração, aprendizado de como vencer e (mais importante, porque ocorre com a maioria dos competidores) como perder – enfim, uma Psicologia do Esporte.

Na última segunda-feira, o meu grupo tinha que apresentar uma entrevista com um ‘Coach‘, um especialista cada vez mais requisitado para atuar de forma individual ou coletiva junto a grupos profissionais e/ou sociais que buscam alcançar realizar metas objetivas. Devido a vários motivos que não irei declinar, domingo de manhã ainda não havíamos conseguido a entrevista prometida e eu tive que recorrer, meio a contra gosto (porque poderia parecer que fosse um abuso de confiança), à minha lista de amigos ‘facebookianos‘ e um deles, o Alberto Centurião, se predispôs a responder o questionário que elaboramos.

Foi uma agradável surpresa para mim que uma pessoa do quilate de Centurião tenha se colocado tão generosamente à disposição para tal empreitada em um domingo de Dia das Mães, praticamente na hora do almoço dessa data especial. Ele foi consciencioso e prestativo de tal forma que me senti impelido a agradecer-lhe publicamente aqui neste espaço. Meu grupo e eu realizamos a apresentação da entrevista e, aparentemente, fomos bem na empreitada. Despeço-me agradecendo à mamãe do Centurião que merece um beijo grande e um abraço forte por ter forjado um homem como o seu filho”.