“Para além do estranhamento do uso do tempo verbal, a campanha veiculada nos ônibus municipais de São Paulo para os passageiros que logo mais se transformarão, em algum momento, em pedestres, encerra a mensagem do perigo que vivemos todos nós, cidadãos desta metrópole, por simplesmente caminhar por ela. O meu pai já nos advertia, a mim e a meus irmãos, há tantos anos — “Quando for atravessar a rua, olhe para um lado, olhe para o outro, olhe para trás, olhe para frente e olhe para cima para ver se não há algum avião caindo na cabeça!”. O Gil já sabia: o tempo é rei e tudo pode estar por um segundo. E eu acrescento: às vezes, por um passo. Neste caso, a velocidade (tempo X distância) torna-se fundamental para escaparmos de sermos colhidos pelo motoboy que se dirige urgentemente para entregar o frasco de remédio que salva uma vida ou para levar o vestido de festa tardiamente pronto para o casamento de logo mais à noite.
Lembro-me de um episódio de alguns anos que me deixou perplexo pelo sincronismo macabro que o engendrou. Cinco passos a menos ou a mais, por exemplo, teriam salvado a vida da garota esmagada pela massa do guindaste atraído do alto do edifício em construção na Paulista até a calçada coberta por um toldo azul, que deveria proteger os passantes de pequenos objetos que despencassem do alto. Neste caso, a precisão cirúrgica do Destino mostrou-se insuperável. Imaginei à época que se tivesse ela se apressado em encontrar o namorado na porta do cinema ou se atrasado para dar uma penteada ou duas a mais em seus cabelos e sua supérflua paixão ou a sua preciosa vaidade teria salvado a ela e nós de vermos empastelado de sangue a sua cabeça que, há pouco, dava expressão a todas essas suas necessidades…”.
*O texto acima foi escrito anos antes, lá pelo início dos 2000. Neste dia 7 de Fevereiro, pelas 7h18 da manhã, dezenas de pessoas tiveram as suas vidas poupadas por seguirem o conselho de Caetano Veloso. Perguntado certa vez se o poeta que caminhava por caminhos alternativos obedecia aos sinais de trânsito, ele respondeu: “Claro, são sinais…”. Se algum dos veículos avançasse a sinalização do semáforo, como é comum acontecer numa manhã em que os paulistanos estão tentando chegar aos seus compromissos, o não cumprimento poderia levá-lo ao óbito.
Eu e minha família utilizamos a linha do ônibus atingido. A minha filha caçula estaria na região nesse horário se não fosse um atraso providencial. Com a interdição da Avenida Marquês de São Vicente, ficou impedida de ir ao trabalho. O sincronismo de certos fatos, analisados a posteriori se assemelham a contas matemáticas macabras de adição e subtração, divisão e multiplicação. O resultado? Noves fora, nada…
um domingo este domingo início de um dezembro indeciso decisivo final do 22 que já foi 17 que devia ser zero vou à academia castigar o corpo que não carpe não planta não colhe sem atividade funcional funciona apenas para comer imposição de viver ingerir beber se alimentar excretar fazer a roda viva do chico girar pelo celular as minhas velhas canções algumas parece que ouço pela primeira vez porque o mundo é outro ainda sendo o mesmo cíclico atemporal o tempo é rei de gil guru “não me iludo tudo permanecerá do jeito que tem sido transcorrendo transformando tempo e espaço navegando todos os sentidos” quantificando a física enquanto tento qualificar a minha expressão física de estar a minha curiosidade em continuar viver pode se confundir com medo mas não a curiosidade é a mesma em fenecer dois dias antes “descobri” que a vacina faz mal à saúde um companheiro de trabalho me “informou” palavra de seu pastor como não acreditar? crê que a ciência que desenvolveu seu instrumento de trabalho é a mesma que mata em doses e contradições algumas entre tantas como discernir? qual o grau de claridade clarividência clareza que nos faz ter certeza de sua certidão? pobre rebanho sem rumo caminho pelo caminho calçado que contorna uma árvore se fosse direto feriria a grama o caminho reto nem sempre é o correto retorno depois de fazer o corpo suar havia prometido a mim doar para uma preta senhora magérrima em situação de rua ela e seus cães residentes da marquise da loja de pets hoje fechada quando abre desloca seus trapos e restos de um lado para o outro da avenida dorme sob chuva sol nuvens lua e estrelas sem porta janela muro teto livre enquanto nos cercamos de medidas protetivas não a encontro somente seus companheiros de quatro patas doam companhia à sua solidão proteção ao entulho que ela venderá volto para a casa almoço a imagem da senhora dando restos de comida para as criaturas irmãs de sua confraternidade me invade me devasta volto pelas ruas passeio por minha consciência quão são reais nossas existências? eu a encontro sentada entre os seus me aproximo de seu olho esquerdo esbranquiçado estendo a mão envergonhado ofereço uma nota de cinquenta reais aceita por favor? como a pedir alivia minha dor? sorri um sorriso choroso de idade indeterminada nossa! obrigado moço! devo ser tão velho quanto ela fujo da minha emoção
Para além do estranhamento pelo uso do tempo verbal, a campanha veiculada nos ônibus municipais de São Paulo (na imagem acima) para os passageiros que logo mais se transformam em pedestres em algum momento, encerra a mensagem do perigo que vivemos todos nós, cidadãos desta metrópole, em simplesmente caminhar por ela.
O meu pai já nos advertia, a mim e a meus irmãos, há tantos anos – “Quando for atravessar a rua, olhe para um lado, olhe para o outro, olhe para trás, olhe para frente e olhe para cima para ver se não há algum avião caindo na cabeça!”.
O Gil já sabia: o tempo é rei e a nossa vida pode estar por um segundo (Tempo Rei). E eu acrescento: às vezes, por um passo. Neste caso, a velocidade (tempo X distância) torna-se fundamental para escaparmos de sermos colhidos pelo motoboy que se dirige urgentemente para entregar o frasco de remédio que salva uma vida ou para levar o vestido de festa tardiamente pronto para o casamento de logo mais à noite.
Lembro-me de um episódio de alguns anos que me deixou perplexo pelo sincronismo macabro que o engendrou. Cinco passos a menos ou a mais, por exemplo, teriam salvado a vida da garota esmagada pela massa do mini guindaste atraído do alto do edifício em construção na Paulista até a calçada coberta por um toldo azul, que deveria proteger os passantes de pequenos objetos que despencassem do alto. Neste caso, a precisão cirúrgica do destino mostrou-se insuperável.
Imaginei, à época, que tivesse ela se apressado em encontrar o namorado na porta do cinema ou se atrasado para dar uma ou duas penteadas a mais em seus cabelos, a supérflua paixão ou a preciosa vaidade teria nos salvado de vermos empastelado de sangue na calçada a sua cabeça que, um pouco antes, dava expressão a todas essas suas necessidades…
O ano, 1979. Aos 17 anos, eu era um assíduo telespectador da TV2 Cultura de São Paulo e via programas dos mais variados. De especiais de teledramaturgia, como Teatro 2; de variedades, como Ação Super 8; de entrevistas, como Vox Populi; a musicais, como MPB Especial e iniciativas como o 1° Festival Universitárioda Canção, que se transformou num marco do movimento musical chamado Vanguarda Paulista.
Talvez saudoso dos festivais dos anos 60 e 70 da TV Excelsior e da TV Record, busquei assistir todas as apresentações. Quando surgiu no palco a Banda Sabor de Veneno, comandado por Arrigo Barnabé, a sensação de estranhamento, a princípio, deu lugar a um crescente entusiasmo, culminando em uma irresistível impressão de que via o sol nascer de novo, em plena noite, apesar de presenciar tudo por um aparelho televisor em preto e branco. Foram duas apresentações — “Infortúnio” e “Diversões Eletrônicas” — que mostraram outra possibilidade de se fazer música brasileira.
Nos vídeos adiante, estão explicitadas as influências que dirigiram as construções dos temas e as repercussões que obtiveram do público presente. Eu, por mim, celebrei essas pérolas musicais como se fossem clássicos instantâneos. Quem tiver a paciência de assistir os vídeos até o final talvez estranhem e se perguntem a razão que leva alguém que cita como exemplos de influências importantes de representantes da MPB—Maysa Matarazzo, Milton Nascimento, Caetano Veloso, Gilberto Gil e Elis Regina— a versar sobre algo totalmente diferente dessa matriz de maneira tão entusiasmada. O critério que utilizo é a profundidade da repercussão que causou em minha visão artística.
Foi um verdadeiro marco que percebo como fundamental, independente da altíssima qualidade de várias outras produções que os compositores brasileiros apresentaram ao longo dos últimos cem anos, na linha popular. “Diversões Eletrônicas” remete à popularização dos locais onde havia máquinas de jogos eletrônicos, como o fliperama e outros, além de mecânicos, como pebolim, que eu e meus colegas do colegial frequentávamos com assiduidade e alegria. Talvez, com frequência demais e alegria demais.
Ao final, um adendo sobre Aizita Nascimento, a apresentadora do festival. Tinha voz bonita e postura de rainha. Era a única presença negra na Mídia brasileira de então no setor jornalístico, que eu me lembre. Formada em Enfermagem em 63, participou do concurso de Miss Guanabara, tornou-se vedete, foi uma das Certinhas do Lalau, trabalhou em Teatro e Cinema, além de programas e novelas de TV. No final dos anos 80, deixou a vida artística e voltou a exercer a sua profissão primordial, o que faz até o dia de hoje. Linda, pioneira e corajosa.
Instado a declarar a minha lista de músicas preferidas ou que atualmente me tocam, não deixei de pensar sobre como muitas vezes, ao montar nossas referências musicais, caminhamos por paisagens que preferimos ver — nesse caso, ouvir — que nos sejam confortáveis. Há temas que nos agridem e, por esses, devemos passar ao largo. A não ser que tenha que fazê-lo por dever de ofício, como é o meu caso, por trabalhar com música. Há ocasiões em que tenho montar playlists com “obras” diametralmente opostas ao meu gosto pessoal. Poderia se supor que por serem normalmente criações atuais e por eu não ser tão novo, esteja desvinculado do cenário musical atual. No entanto, há muitos trabalhos recentes em que se percebe frescor e criatividade, que podem vir a fazer parte de um movimento mais amplo. Muitas delas, se incorporam a outras vertentes artísticas ou vice versa. Algumas outras, se tratam de bons trabalhos isolados, destacados de movimentos geralmente patrocinados pela indústria fonográfica. Coloco à disposição links de músicas que me mobilizam, algumas mais recentes, outras mais antigas. São exemplos do meu gosto musical. Espero que possam igualmente tocar a quem se predispuser a ouvi-las.
Esta canção de Maria Gadú me pegou desprevenido. A minha reação a ela é puramente emocional. Fala sobre perda, ainda que a trate de uma maneira suave e poética. Talvez, diante de um tempo em que perdemos parentes, amigos próximos e distantes, conhecidos e nem tanto — brasileiros de todos os cantos — o tema da menina que tentava entender a ausência da pessoa mais importante da sua vida me tocou profundamente. É claro que a voz da Maria Gadú, delicada e de belíssimo timbre, ajuda a nos envolver. Desde que surgiu, a cantora e compositora produz pérolas da MPB, que espero ouvir por muitos anos.
A partir do final dos anos 80, muitos artistas franceses, a maioria deles de Paris e da vizinha Versalhes, começaram a produzir uma variante de música eletrônica francesa que a crítica internacional chamou de French House e que os franceses chamaram de French Touch. Daft Punk e Air são os representantes mais famosos no Brasil, assim como o Justice, de uma geração posterior. O movimento inspirou pelo menos dois grandes diretores de cinema contemporâneo, Sofia Coppola e Michel Gondry. Aqui, apresento um dos hits que levou o Daft Punk a vencer o Grammy de 2014, trazendo a voz suingada de Pharrel Williams e a guitarra de Nile Rodgers, músico e produtor proveniente do movimento Disco, o que bem caracteriza o trabalho de aglutinar referências de todos os tempos para construir o seu rico repertório. A notícia não tão boa, mas de certa maneira esperada, é que a dupla francesa se separou no começo deste ano.
Marcelo Jeneci é um dos nomes mais promissores da MPB surgidos recentemente. Sua trajetória como músico de estúdio e acompanhante de outros nomes de maior destaque midiático já tem vários anos e quando finalmente seu trabalho foi exposto, percebeu-se a qualidade inegável de sua obra. O vídeo Pra Sonhar, extraído de Feito Para Acabar, seu disco lançado em 2010, mostrado acima, é um dos mais representativos que já vi para divulgação de uma música e que faça jus à bela composição e lindo arranjo como peça representativa de uma visão de vida mais refrescante e positiva da união de pessoas que se amam.
Don McClean chegou a mim por Castles In The Air, canção por qual me apaixonei. Era uma época que eu não tinha recursos para conhecer melhor a sua obra. Com o tempo, soube que a sua carreira, iniciada em meados dos Anos 60, estava ligada ao Folk Music, vertente da qual conhecia Bob Dylan, John Denver e Joan Baez. Produziu outros sucessos como American Pie, Since I Don’t Have You, Love Hurt e Crying. Em Starry, Starry Night, creio ter interpretado muito bem o embate entre a genialidade e o desajuste de alguém como Vicent Van Gogh, sua inadequação pessoal e artística diante do mundo.
O disco Tribalistas estourou em 2002. Gravado pelo trio de compositores e cantores Marisa Monte, Arnaldo Antunes e Carlinhos Brown, com o seu primeiro disco obtiveram uma imensa vendagem. Quinze anos depois, em 2017, lançaram a segunda obra, também um imenso sucesso. A diferença está na forma da aferição do sucesso, feita pela replicação de visualizações pela Internet, baixa de downloads, além da forma tradicional de CDs. A música Ânima, lançada no segundo Tribalistas, eu diria que me representa cabalmente e resume exemplarmente a minha filosofia de vida.
Ferris Bueller’s Day Off, de 1986, um filme produzido nos Estados Unidos, com direção de John Hughes, apresenta muitas referências da música inglesa ao longo de sua duração. A cena apresentada acima tornou-se uma das mais icônicas da cultura Pop ao unir diversas linguagens artísticas. A música que encadeia a cena é Please, Please, Please, Let Me Get What I Want, do The Smiths, uma das minhas bandas favoritas, inglesa como a The Academy Dreams, que a interpreta. A começar por The Beatles, a pedra fundamental, que também tem uma música no filme, passando por The Clash, Sex Pistols, Simple Minds,Duran, Duran, Culture Club, The Cure, The Police, Depeche Mode, Pet Shop Boys, The Human League, Eurythmics, chegando ao Queen, The RollingsStones, Led Zeplin,New Order (e Joy Division), Black Sabbat, Iron Maiden, Elton John, Eric Clapton, Genesis, Pink Floyd, Supertramp, Yes, Rod Stewart e ao deus David Bowie, entre tantos outros nomes, para ficar apenas nos surgidos de 60 a 90, a Inglaterra soube absorver as diversas influências musicais norte-americanas e devolvê-las mais criativas e interessantes. Podem me acusar de viver um passado congelado, mas essa turma eu ouço até hoje.
Elis Regina faz parte da minha playlist desde sempre. Ela estaria fazendo por estes dias 76 anos de vida. Morreu, mas nunca morrerá. Nesta canção de Belchior, outro compositor que sempre ouço, e que com quem quase vim a trabalhar em um projeto de apresentações em universidades, ela faz uma interpretação com o coração exposto, técnica irrepreensível e voz a serviço da emoção, aliás, característica indissociável de seu estilo vocal. Ouço muitas outras mulheres — Gal Costa, Zizi Possi, Adriana Calcanhoto, Marisa Monte, Marina Lima, Roberta de Sá, Maria Bethânia — além de muitas outras que construíram a tradição de excelência das cantoras brasileiras, como Leny Andrade, Doris Monteiro, Claudette Soares, Sylvia Telles, Astrud Gilberto, Wanda Sá, Nara Leão, Maysa e Elizeth Cardoso.
Nos anos 50, 60 até 70, mais ou menos, além das americanas, as rádios tocavam músicas do mundo todo, especialmente da América Latina, Caribe, como europeias, principalmente latinas — francesas, portuguesas, italianas — mas também de outros culturas. Era uma programação eclética, em que havia espaço para todos os gostos. Com o passar do tempo, a indústria fonográfica foi homogeneizando tantos os lançamentos dos “produtos” musicais, assim como a divulgação começou a atender critérios econômicos. Afinal, custava caro gravar um disco, transformá-lo em sucesso e investir em artistas que trouxessem retorno financeiro. A situação atual mudou muito quanto ao acesso à divulgação, porém parece nunca mais teremos, popularmente, as opções em termos de qualidade e variedade que existia antes. A música italiana foi uma forte influência há 60, 50 anos. Muitos artistas da Jovem Guarda gravaram em italiano ou fizeram versões dos sucessos da Bota. Aqui, os jovens do Il Volo interpretam uma das belas canções dos Anos 60 que embalou a minha meninice e ainda me encanta pelo estilo do bel canto dos cantores italianos tradicionais influenciados pelos tenores.
Eu ouço as músicas do pessoal do Clube da Esquina sempre que posso. Descobri que, estranhamente, o repertório criado por eles é um grande companheiro de passadas em minhas caminhadas. Milton Nascimento, Toninho Horta, Wagner Tiso, Lô Borges, Beto Guedes, e Márcio Guedes preenchem, entre outros, temáticas que vão de visões da Natureza como participante de histórias de amor a viagens oníricas e com sentidos misteriosos e/ou interpretativos. No texto Coração de Minas, falo dessa minha conexão com as canções desenvolvidas por eles desde os Anos 60 e que até hoje me emocionam.
Queenrÿche talvez possa parecer um ponto fora da curva na playlist até agora apresentada, mas explicarei a razão de colocá-la, mesmo porque gosto muito da banda, principalmente na fase em que Geoff Tate era o vocalista. Quando assisti ao vídeo acima, eu ainda não trabalhava com sonorização. Além da excelência vocal do frontman e categoria dos músicos, fiquei extasiado com a qualidade sonora do show ao vivo, na relação entusiasta, totalmente fora do contexto do que eu considerava como comportamento típico do japonês (que até então eu ouvira falar), além do uso de roupas e adereços que mimetizavam o vestuário hard rock / heavy metal ocidental. Depois, conheci Silent Lucility, Anybody Listening?, I Will Remmember, entre outras, que vez ou outra, surgem em minhas listas.
Genialíssimo, Caetano é nosso! E O Quereres sou eu, em minha apresentação carnal, no mundo visível, material. Também amo Gil. Em Drão, um texto em que falo do meu Guru, realço suas qualidades ímpares. Mas Caetano me contraria e me surpreende. Ao sabê-lo controverso, perdoo a minha própria contradição — O Quereres — que sou. Assim como, durante muito tempo, Djavan me embalou em suas sonoridades verbais e como Arnaldo Antunes me absolveu, já que, adolescente, compunha músicas bastante parecidas com as que faz. A todos eles, não deixo de ouvir nunca…
Como faixa bônus, por que não colocar uma canção em que participei como ator na gravação do clipe? Não por mim, mas por pelo talento do ator e diretor, Weslei Wes Santos, jovem, porém bastante conhecedor dos artifícios da representação e da arte cinematográfica. A equipe que nos acompanhou, igualmente composta por novos valores, como o cinegrafista Pedro Oliveira, tornou tudo mais simples e efetivo. A música é de Marcos Wilder, que bebe de boas referências sonoras para compor uma canção envolvente.