08 / 05 / 2025 / O Dia Seguinte

Apenas para contextualizar, ontem houve uma passeata na Avenida Paulista pedindo anistia para aqueles que tentaram dar um Golpe de Estado comandado por alguns militares, militantes à mando do Ignominioso Miliciano que está em prisão domiciliar portando o delicado adereço da tornozeleira eletrônica. Essa é uma demanda “caso” o ex-capitão expulso do Exército com desonra por seus pares por arquitetar planos de explodir bombas no recinto da Força a qual servia. Eu, sinceramente creio que seja uma pessoa com sérios problemas mentais e, aparentemente de ordem genética, já que seus filhotes — do 01 ao 05 — apresentam deformações comportamentais parecidas. Ou isso ou nunca o exemplo de uma péssima criação deixou efeitos tão colossais nas mentes de crianças malcomportadas.

Uma dessas “crianças” — como o próprio o pai salientou — arquitetou um contra-ataque contra o julgamento de seu pai por quebra das regras democráticas. Com a ascensão do Agente Laranja nos Estados Unidos, ele conseguiu se imiscuir num grupo próximo ao presidente americano para levar adiante a aplicação de uma tarifa de 50% sobre todos os produtos brasileiros exportados para os EUA, mesmo que isso prejudicasse (como prejudicou) os próprios empresários e consumidores americanos. Tirante o tiro no pé contra o seu País, a contrapartida exigida foi a paralização do julgamento do seu espelho aqui. Portanto, vocês do Futuro que eventualmente vier a ler este texto, saibam que, um dia, uma enorme bandeira americana foi estendida tendo um pontinho verde-amarelo do seu lado, apenas para sinalizar onde estávamos como se fosse uma marca no mapa.

Quem foi à Avenida Paulista, antigo centro financeiro do Brasil, deslocado para a Faria Lima — porque nada é permanente — tomado de um ímpeto em defender um sujeito tão néscio que não trabalharia numa empresa para fazer os serviços mais simples: incapaz, inconsequente, destrambelhado e mal intencionado, que não dá para entender a razão de tal devoção. A explicação mais básica é terrível — essas pessoas pensam de igual maneira. São contra as regras democráticas, não admitem a inclusão, a diversidade cultural e de gênero, apoiam a misoginia e a homofobia como plataforma de defesa da família tradicional de cunho patriarcal. Além de envolver a religião cristã de cunho evangélico de viés americano como orientativo ou manipulador de ações governamentais.

E sabemos que já foi o tempo em que a Igreja está separada do Estado. Ao que parece, isso apenas serve de adesismo para caracterizar esse movimento como de ótica religiosa. Enfim, Deus, Família, Ódio, Propriedade, Rachadinha, Joias, Negacionismo e Antidemocracia devem ser defendidas. Nessa passeata do Mal, pelo menos se constatou que o Governador do Estado está nu. Finalmente revelou que por baixo do discurso indeciso de antes tornou-se francamente à favor do Golpe, militarista que nunca deixou de ser. E segundo eles mesmos já proclamaram — a verdade vos libertará.

10 / 07 / 2025 / O Rei Do Mundo E Seu Quintal Do Sul

Cena de tentativa de Golpe de Estado nos EUA em 6 de Janeiro de 2021

E eis que supostos patriotas conseguiram fazer com que o autoproclamado Rei do Mundo ameaçasse o Brasil, seu maior quintal ao sul do Continente Americano, com sanções caso o Judiciário Brasileiro continue com o julgamento do Ignominioso Miliciano e seus asseclas que, segundo o soberano cor-de-cenoura, é algo injusto, uma grande violência. O caso da invasão das sedes do Três Poderes e sua depredação foi copiada da invasão do Capitólio incentivada pelo Rei no dia da diplomação de Joe Baiden.

Então, de certa maneira, como conseguiu não ser impedido pelas leis norte-americanas que voltasse a concorrer às últimas eleições presidenciais, ele deve achar que o caso o brasileiro possa ser considerado uma espécie de mal exemplo para o mundo do que poderia ter acontecido na ocorrência criminosa de invasão e tentativa de autogolpe para continuar no poder. Nada diferente do que o grupo no poder antes de Lula tentou fazer. Não deu certo porque os comandos do Exército e da Aeronáutica não quiseram participar, excetuando o da Marinha. Com o racha no Alto Comando Militar, o plano não foi em frente.

O caso de tentativa do atual mandatário americano à época, talvez tenha sido meio improvisado, mas não deixou de ser menos violento, com alguns mortos no processo. As duas situações foram engendradas no bojo dos movimentos da extrema-direita, com orientação originada em território americano por assessores “informais”, mas bem próximos do presid… Rei do Mundo. Diante do fato de que reis tão poderosos não costumam terem as suas ordens contrariadas, o Rei cor-de-cenoura supõe que as suas diretivas não mereçam contestação.

Nunca imaginei que os EUA fosse passar por esse processo despótico e distópico, à George Orwell, durante a minha vida. Agora deseja que o Brasil deixe de julgar as ações violentas e antidemocráticas de 8 de Janeiro de 2023 e todas as ações precedentes que desaguaram na invasão da sede dos Três Poderes porque seu aliado e admirador fálico “patriota” está sendo julgado depois de passar quatro anos de seu desgoverno pregando o golpe.

Diante dos juízes do Supremo Tribunal Federal ele negou tudo o que passamos um quadriênio de terror vendo. Enfrentando uma Pandemia que relutava aceitar a gravidade, só imaginou partir para a vacinação em massa quando vislumbrou a possibilidade de faturar milhões na compra de vacinas. Durante a sua administração foi executado o desmonte do setor burocrático administrativo para poder justamente enfraquecer quaisquer mecanismos de controle aos seus desejos despóticos.

A super taxação de 50% sobre os produtos de exportação brasileiros pelo Rei é uma jogada que trará algumas consequências. A primeira que passa pela minha cabeça, além da desestruturação da economia brasileira e causar maior inflação ao seu próprio País, à princípio, é jogar o Brasil no colo da China. Os seus investimentos no País para a construção de uma super ferrovia que cruzará o Brasil do Porto de Salvador até a fronteira com o Peru foi apenas o começo, além de outros acordos comerciais.

Obviamente, não interessa aos brasileiros que fiquem dependentes da China, assim como não interessa que fiquem presos aos EUA. Como foi até hoje. O surgimento do BRICS, segundo o déspota, não o preocupa. Mas ao tentar abortar o seu crescimento revela o contrário. O tal não deseja que o Dólar perca a posição de Moeda Padrão, já que é esse sistema que financia o seu incomensurável déficit econômico.

O que é interessante é que o País que até outro dia se dizia farol da Liberdade Democrática esteja se configurado em um centro despótico, com iniciativas dignas de Ditaduras aos quais ataca com armas de última geração. Dessa maneira, qualquer atitude tomada pelo Brasil para enfrentar esse ataque à Constituição Brasileira se configura como defesa da Lei e da Ordem Institucional nacional.

Nunca quis visitar os EUA. Essa fascinação das pessoas pela terra do Tio Sam para mim foi sempre supervalorizada. Não preciso passear pelas estradas americanas para sentir o clima On The Road de Jack Kerouac. Basta lê-lo. Ou para perceber que o racismo é um uma das maiores chagas americanas. Assim como aqui. Bastou ver um homem branco pisar no pescoço de George Floyd durante meia hora ou mais até sufocá-lo para entender.

Aqui, no Brasil, homens pretos são mortos porque estão correndo para não perderem o ônibus, após saírem do trabalho. E as ações do Ignominioso Miliciano ajudou tornar explícito esse pendor de certos setores da Sociedade após 400 anos de sistema escravocrata aflorado como postura aberta em rede social como tendência sócio-política. Dada a situação, poderemos sofrer, mas não podemos deixar de nos opormos à tentativa de golpe, agora levado adiante por um sujeito de fora que se acha a última cenoura do pacote.

23 / 02 / 2023 / Um Golpe

Seg, 10/02/2025 15:04

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g o v . b r

Atenção obdulio_ortega@hotmail.com
CNH EM PROCESSO DE SUSPENSÃO
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Equipe gov.br

Acima, está reproduzido o aviso recebido por e-mail. Sei que um golpe. Primeiro, porque o DETRAN não envia informações desse tipo através do correio eletrônico. Segundo, por mais que tenha um carro no meu nome, dirigido prioritariamente por minha filha mais nova, eu não tenho CNH.

Por uma opção que adotei quando moço, antes mesmo de vir a casar, decidi não dirigir. Decisão que fazia parte do meu projeto de vida que era não me deixar envolver pelas “obrigações” que o Sistema impõe, como a sacramentar que um homem só ganha . Depois de me casar, fui “estimulado” (quase obrigado) a tirar a carta de condutor. Esposa e filhas gostariam de ver o marido e o pai dirigindo.

Eu não fiz muitas aulas, mas considerava que conseguiria passar pela prova de volta no quarteirão, parada na subida, retomada de percurso, estacionamento (a chamada baliza) e fui bem até aí. Quando saí, a mesma motorista do carro à frente, que já tinha parado repentinamente na subida, parou e eu não tive o reflexo para brecar. O instrutor usou o seu pedal para não batermos o carro. Isso, na terceira oportunidade que empreendia a prova.

É claro que faltou aulas práticas para melhorar o meu desempenho, mas o problema é que sempre considerei que nem todos têm a capacidade necessária para conduzir um veículo. Nas mãos erradas, é uma arma letal. O Brasil tem um dos maiores números de mortos (quase 8 por hora), além de pessoas com danos físicos permanentes. São números de uma verdadeira guerra civil. Um golpe em nossa dignidade humana.

BEDA / O Golpe De 1º De Abril

O meu pai sempre disse que o golpe de 31 de Março de 1964, na verdade ocorreu no dia seguinte 1º de Abril. Como não havia chance de comprovação, devido à falta de informações confiáveis, por falseamento de documentações, eu simplesmente acreditei porque, muito jovem, achava que meu pai não mentia. Obviamente, com o tempo, percebi que não apenas que ele mentia como seus sonhos de revolução à esquerda cederam ao peso da realidade de um projeto malfadado tanto ideológica quanto materialmente, vilipendiado que foi com a chegada ao poder do partido que ajudou a fundar.

Mas vez ou outra ouvia, aqui e ali, que o que os golpistas chamaram de Revolução de 64, se deu realmente no dia seguinte. Os documentos foram se acumulando, principalmente resultantes de relatos diretos, com o encadeamento par-e-passo dos fatos que levaram os militares ao poder. Definitivamente, o momento em que o Presidente João Goulart deixou Brasília, na noite do dia 1º de Abril, rumo a Porto Alegre consagra a sua deposição. Apesar de haver alguma movimentação no dia anterior, apenas a tomada do Forte de Copacabana, no Rio de Janeiro, na manhã de 1º de Abril, deve ser dado como o marco inicial do golpe. Fonte insuspeita, o velho General Cordeiro de Farias, anotou: “A verdade é triste dizer é que o Exército dormiu janguista no dia 31 de Março. E acordou ‘revolucionário’ no dia 1º de Abril”.

Documentos apresentados posteriormente, outorgaram a data de dia 31 de Março como o da deposição de João Goulart. O que é interessante é essa ojeriza ao 1º de Abril como o da “Revolução” porque não quisessem sua vinculação ao “Dia da Mentira”. Reveladoramente, os arquitetos do golpe temiam que o movimento de rejeição à política janista carregasse a pecha de falsidade ou engodo. Porém, apesar desse primeiro embuste quanto a alteração da data, o que ocorreu depois, não foi mentira. Com o tempo, o regime de exceção instalado, perseguiu, prendeu, torturou e matou ou fez desaparecer os seus opositores, principalmente a partir do AI-5 de 1968. Até 1985, o movimento que anunciou ter surgido para pacificar o País, de fato o submeteu a 21 anos de cabresto, violência e corrupção ocultada pelo controle dos meios de comunicação.

Infelizmente, passados 35 anos desde então, vemos crescer a insanidade que coloca a Ditadura Militar como a salvação do Brasil. É um pesadelo daqueles que parece não conseguirmos acordar. Como se não pudéssemos construir uma sociedade que não prescinda de supervisão armada. Como se essa parcela armada e fardada da população seja um repositório moral indiscutível de brasileiros. Certamente, apenas desvairados, oportunistas ou desvairados oportunistas possam desejar que voltemos a cenários passadistas e atuações antiquadas, sem aplausos e sucesso.

Referências: Blog do Mário Guimarães

Adriana Aneli Alê Helga – Claudia Leonardi Darlene Regina
Mariana Gouveia – Lunna Guedes / Roseli Pedroso

Os Mafiosos*

Tony Montana

Antonio Raimundo Montana, conhecido como Tony Montana, é o personagem fictício interpretado por Al Pacino no filme Scarface, codinome, advindo de uma cicatriz no rosto, é resultado de uma briga quando criança. Seu pai o abandonou quando era pequeno e o relacionamento com sua mãe e irmã sempre foi instável. Refugiado ilegal cubano, fugitivo do regime comunista de Fidel Castro, seu amigo Manolo “Manny” Ribera em um acordo com um chefão das drogas de Miami, em troca de  alguns serviços, resultou no green card para Tony, que trabalhava como lavador de pratos em uma lanchonete até entrar definitivamente na máfia que controlava o comércio de entorpecentes. Traços marcantes do personagem eram o uso abusivo de cocaína e o assassinato frio, com requintes de crueldade de suas vítimas. Acabou se casando com Elvira, a loira personagem de Michelle Pfeiffer, ex-esposa de seu antigo patrão. Scarface pode ser considerado um dos grandes filmes sobre a Máfia do cinema americano, juntamente com The Godfather e Goodfellas.

Além disso, Scarface, de 1983, com o argumento de Oliver Stone e direção de Brian De Palma, inspirou outras mídias e modelos de expressão:

  • O jogo Grand Theft Auto: Vice City tem muitos traços que indicam serem inspirados no filme e em Tony. O personagem principal do jogo se chama Tommy Vercetti. A mansão dele é idêntica à de Tony, bem como uma casa onde se acha um banheiro sujo de sangue com uma serra elétrica, uma das cenas do filme.
  • Foram criados dois outros jogos em sua homenagem: Scarface: The World Is Yours Scarface: Money, Power, Respect, ambos lançados em 2006.
  • Vários rappers aderiram à expressão: “Money, Power, Respect”  ̶  o grupo The Lox  fez um CD com esse nome.
  • Também foi criado um jogo de celular em sua homenagem. A trama do jogo é parecida com Mafia Wars e se chama Scarface: The Rise of Tony Montana.
  • rapper e integrante do grupo de K-pop sul-coreano BTSAgust D (Suga) fez uma música em referência a ele em sua mixtape solo intitulada Agust D.
  • Um miliciano brasileiro atuante no Rio de Janeiro, o adotou como ídolo e ao ser preso, encontrou-se bonecos na prateleira inspirados no personagem Tony Montana, junto a um pequeno cartaz com a inscrição AI-5.

O Ato Institucional nº5  (AI-5), baixado em 13 de dezembro de 1968, durante o governo do Gal. Costa E Silva, foi a expressão mais significativa da Ditadura Militar brasileira, que durou de 1964 a 1985. Vigorou até dezembro de 1978 e produziu uma série de desdobramentos arbitrários de efeitos duradouros, como a morte e desaparecimento de opositores. Definiu o momento mais duro do regime, dando poder de exceção ao governo para punir arbitrariamente os que fossem críticos do regime ou inimigos atuantes. Isso incluía prisões sem justificativas e torturas realizadas por agentes militares e civis para a obtenção de possíveis informações de ações que viessem a atacar o governo.

No campo cultural, censurou inteiramente ou vetou partes de roteiros de cinema, peças de teatro, novelas de TV, músicas, livros e jornais. Em lugar de notícias, alguns periódicos passaram a dar receitas culinárias. A Imprensa foi impedida de noticiar acontecimentos que denunciassem ou minimamente indicassem algo que viesse a demonstrar desvios de conduta dos participantes do chamado “governo revolucionário”.

O que os militares denominaram de Revolução foi basicamente um golpe de estado realizado pelas Forças Armadas, no mesmo formato que imperou no continente latino-americano durante décadas do século XX, normalmente ligados à direita patrocinada pelos Estados Unidos da América. Em sentido contrário, o exemplo mais famoso de uma revolução influenciada pela esquerda tradicional foi a cubana, liderada por Fidel Castro. Seria por isso que o Fabrício Queiróz teria Tony Montana como ídolo, por ele ser um fugitivo do Regime Castrista? Ou por que ele ter angariado tanto poder a ponto de ser um exemplo de sucesso na seara do crime? Ou a realidade que ele vive espelha exatamente o clima de violência e negação de humanidade ao qual se acostumou na formação da quadrilha da qual participa? Isso explicaria a falta de empatia de seu Chefe direto? Será que tanto ele quanto o Chefe conseguem distinguir entre realidade e ficção?

Eu não sei de quase nada, mas desconfio de muita coisa. Normalmente, por observação. O fascínio por poder dessa turma que atua no governo brasileiro mistura alhos com bugalhos e desvios de conduta com estilos formais que denotam projeções de personagens maiores do que suas ações. É comum se refestelarem no uso de interjeições, palavras de ordens e palavrões. “Fuck” foi pronunciada 182 vezes por Tony no filme Scarface. 37 palavrões foram proferidos na reunião ministerial de 22 de abril de 2020. 29 deles, pelo Chefe do grupo. Apraz aos nossos mafiosos promover atos kitsch associados à riqueza, como pilotarem jet-esquis ou se mostrarem montados a cavalos em público, sobranceiros.

Gostam de alardearem atributos com ares de arrogância e de realizarem movimentos que demonstrem força. Algo como, por exemplo, dizer que tem histórico de atleta e fazer excêntricos “abdominais de pescoço”. Suas atitudes são baseadas em profecias ou restauração de paraísos perdidos, utilização de frases bíblicas que, vez ou outra, vão de encontro a ideais de dominação hegemônica de um País originalmente múltiplo em termos raciais, sociais, religiosos e econômicos como o nosso. Uma pandemia, a saber que provavelmente os eleitos de Deus estariam protegidos contra ela, viria bem a calhar para eliminar parte da população, exatamente aquela que representa a menos interessante para quem deseja um país padrão  ̶  pobres, velhos e doentes crônicos  ̶   tomadores de recursos. Deixaria correr solta a manifestação de sua força se não fosse a intervenção das outras instâncias institucionais.

Associada às iniciativas negacionistas, abominam o Conhecimento e a Ciência. Guindados ao poder pela pregação de seu evangelho particular, buscam desmantelar a Educação e as plataformas de expressão de artistas que exprimam um estilo de vida que destoem de seu projeto. Efetivamente, atacam um outro flanco do ambiente pernicioso que aviltaria o ideal de Pátria sem ideologia  ̶  a Cultura  ̶  na verdade, uma ideologia branca, de viés fascista-miliciano. Não é por outro motivo que propõem liberdade de armamento para a população. Que população seria essa? Minhas filhas, a Marineide, o Seu Zé da esquina, escritores, artistas, religiosos, locutores esportivos? Ou milicianos, que já usam armas com desenvoltura e já participam das máfias que prosperam à sombra do vácuo do Estado?

O Escritório do Crime de Rio das Pedras, na Zona Oeste do Rio de Janeiro, constitui um desses grupos de milicianos. Surgiu inicialmente como matadores de aluguel e, aos poucos, cresceu com a adesão de “de agentes de segurança do estado, entre servidores da ativa, aposentados e afastados. O grupo se imiscuiu em atividades ilegais, como a grilagem de terras, a construção e venda de imóveis sem licença, a extorsão de moradores e de comerciantes e o controle e cobrança de serviços essenciais como água, gás, luz e transportes públicos. A quadrilha também negocia permissões para que candidatos possam pedir votos nas áreas que domina. Só faz campanha ali quem paga pedágio”. Não duvido que possa ter se tornado, de fato, em reduto de votos de simpatizantes da milícia, como a famiglia que está em Brasília, ao molde dos antigos “currais eleitorais” da política brasileira, em que se colocavam eleitores em cercados até serem liberados para a votação. Os modernos currais se expandiram pelas redes sociais, armados de fake news, lançadas alegremente por uma fake elite e robôs pagos a soldo por empresários fakes.

Adriano Nóbrega, ex-capitão do BOPE, líder do grupo miliciano Escritório do Crime, em 2005 foi homenageado em projeto de resolução proposto por Flávio Bolsonaro, então deputado do PP, com a Medalha Tiradentes, a mais alta honraria da Assembleia Legislativa do Rio, arquivo vivo no caso da morte da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes. Depois de permanecer escondido com a ajuda de políticos e outros criminosos, está morto. Sua esposa, sumiu. Sua mãe, que foi assessora do mesmo Flávio, desapareceu. Fabrício Queiróz, amigo de 30 anos de Jair Bolsonaro, operador financeiro do grupo chefiado por Flávio, foi preso há pouco, na casa do advogado da famiglia. A amizade com Adriano “se formou dentro da Polícia Militar do Rio. Em 2003, os dois amigos participaram de uma ação da PM na Cidade de Deus que resultou na morte de um técnico de refrigeração. Há 17 anos, esse caso se arrasta entre a polícia e o Ministério Público, à espera de uma conclusão”. A ajuda de políticos poderosos tem preservado Queiróz de não ser punido. Sua esposa, Márcia, é fugitiva procurada. Não sei se o Santo Tony Montana, mesmo que com armas em punho, poderá ajudá-lo nessa etapa em que os soldados devem sumir ou se calar para o bem da segurança do Chefe e subchefes.

*As informações factuais deste texto foram amealhadas através do Wikipédia, órgãos de Imprensa como G1, Revista Época, El País, noticiosos de rádio, TV, YouTube e por observações e vivências pessoais.