10 / 07 / 2025 / O Rei Do Mundo E Seu Quintal Do Sul

Cena de tentativa de Golpe de Estado nos EUA em 6 de Janeiro de 2021

E eis que supostos patriotas conseguiram fazer com que o autoproclamado Rei do Mundo ameaçasse o Brasil, seu maior quintal ao sul do Continente Americano, com sanções caso o Judiciário Brasileiro continue com o julgamento do Ignominioso Miliciano e seus asseclas que, segundo o soberano cor-de-cenoura, é algo injusto, uma grande violência. O caso da invasão das sedes do Três Poderes e sua depredação foi copiada da invasão do Capitólio incentivada pelo Rei no dia da diplomação de Joe Baiden.

Então, de certa maneira, como conseguiu não ser impedido pelas leis norte-americanas que voltasse a concorrer às últimas eleições presidenciais, ele deve achar que o caso o brasileiro possa ser considerado uma espécie de mal exemplo para o mundo do que poderia ter acontecido na ocorrência criminosa de invasão e tentativa de autogolpe para continuar no poder. Nada diferente do que o grupo no poder antes de Lula tentou fazer. Não deu certo porque os comandos do Exército e da Aeronáutica não quiseram participar, excetuando o da Marinha. Com o racha no Alto Comando Militar, o plano não foi em frente.

O caso de tentativa do atual mandatário americano à época, talvez tenha sido meio improvisado, mas não deixou de ser menos violento, com alguns mortos no processo. As duas situações foram engendradas no bojo dos movimentos da extrema-direita, com orientação originada em território americano por assessores “informais”, mas bem próximos do presid… Rei do Mundo. Diante do fato de que reis tão poderosos não costumam terem as suas ordens contrariadas, o Rei cor-de-cenoura supõe que as suas diretivas não mereçam contestação.

Nunca imaginei que os EUA fosse passar por esse processo despótico e distópico, à George Orwell, durante a minha vida. Agora deseja que o Brasil deixe de julgar as ações violentas e antidemocráticas de 8 de Janeiro de 2023 e todas as ações precedentes que desaguaram na invasão da sede dos Três Poderes porque seu aliado e admirador fálico “patriota” está sendo julgado depois de passar quatro anos de seu desgoverno pregando o golpe.

Diante dos juízes do Supremo Tribunal Federal ele negou tudo o que passamos um quadriênio de terror vendo. Enfrentando uma Pandemia que relutava aceitar a gravidade, só imaginou partir para a vacinação em massa quando vislumbrou a possibilidade de faturar milhões na compra de vacinas. Durante a sua administração foi executado o desmonte do setor burocrático administrativo para poder justamente enfraquecer quaisquer mecanismos de controle aos seus desejos despóticos.

A super taxação de 50% sobre os produtos de exportação brasileiros pelo Rei é uma jogada que trará algumas consequências. A primeira que passa pela minha cabeça, além da desestruturação da economia brasileira e causar maior inflação ao seu próprio País, à princípio, é jogar o Brasil no colo da China. Os seus investimentos no País para a construção de uma super ferrovia que cruzará o Brasil do Porto de Salvador até a fronteira com o Peru foi apenas o começo, além de outros acordos comerciais.

Obviamente, não interessa aos brasileiros que fiquem dependentes da China, assim como não interessa que fiquem presos aos EUA. Como foi até hoje. O surgimento do BRICS, segundo o déspota, não o preocupa. Mas ao tentar abortar o seu crescimento revela o contrário. O tal não deseja que o Dólar perca a posição de Moeda Padrão, já que é esse sistema que financia o seu incomensurável déficit econômico.

O que é interessante é que o País que até outro dia se dizia farol da Liberdade Democrática esteja se configurado em um centro despótico, com iniciativas dignas de Ditaduras aos quais ataca com armas de última geração. Dessa maneira, qualquer atitude tomada pelo Brasil para enfrentar esse ataque à Constituição Brasileira se configura como defesa da Lei e da Ordem Institucional nacional.

Nunca quis visitar os EUA. Essa fascinação das pessoas pela terra do Tio Sam para mim foi sempre supervalorizada. Não preciso passear pelas estradas americanas para sentir o clima On The Road de Jack Kerouac. Basta lê-lo. Ou para perceber que o racismo é um uma das maiores chagas americanas. Assim como aqui. Bastou ver um homem branco pisar no pescoço de George Floyd durante meia hora ou mais até sufocá-lo para entender.

Aqui, no Brasil, homens pretos são mortos porque estão correndo para não perderem o ônibus, após saírem do trabalho. E as ações do Ignominioso Miliciano ajudou tornar explícito esse pendor de certos setores da Sociedade após 400 anos de sistema escravocrata aflorado como postura aberta em rede social como tendência sócio-política. Dada a situação, poderemos sofrer, mas não podemos deixar de nos opormos à tentativa de golpe, agora levado adiante por um sujeito de fora que se acha a última cenoura do pacote.

12 / 01 / 2025 / Encontro Calado

voltei a encontrá-la
estava entre amigos
ainda que não quisesse
beijei o seu rosto abaixo a luz difusa
de seus olhos de entornos vincados
visíveis apesar da maquiagem
exprimiu um sorriso sem dentes
eu invadira o seu espaço de forma brutal
sabia que a incomodava
com o meu cheiro de antigo amante
o qual fazia questão que mantivesse
sem perfume fantasia industrializado
gostava de cheirar meu pelos
beijar a minha boca de língua intrusa
que descia por pescoço colo mamas pequenas
umbigo perfeito
e triângulo das bermudas
coxas joelhos e pés
que expunha o seu coração de joelhos
costas musculosas ombros que segurava
meu mundo de homem
foi um encontro calado sequer um “tudo bem?”
mas o rumor que ainda percorre por minhas veias
de lembranças alardeia que nunca a esquecerei…

Foto por Cameron Casey em Pexels.com

BEDA / Bárbara

Bárbara era Bárbara…
Já devia desconfiar que barbarizasse
a minha vida.
Eu, feito o Império Romano,
me supunha inexpugnável.
Mas bastou que os seus olhos
me invadissem o espírito,
para me desestruturar o corpo e a mente.
As minhas defesas desarranjadas
cederam aos seus incríveis movimentos
no palco de guerra.
Não esperava que passadas tão simples,
avanços coreografados quadro a quadro
fossem sinônimos de requintada arte
de vencer obstáculos construídos
com esmero durante uma existência inteira —
de forma morna, segura, seca, estéril…
Meus toscos soldados da moralidade
caíram feito moscas, um a um.
Subjugado, tanto quanto seduzido,
sabia que a minha dolorosa prisão
um dia acabaria com gosto de retorno
sempre possível-impossível ao cativeiro.
A guerra tem esses altos e baixos,
entradas e saídas…
derramamento de sangue, suor, lágrimas,
o suficiente para baixá-los
e observar por onde eu piso…
Se voltar a reerguer as minhas defesas,
já saberei que neste deserto,
quanto menor o invasor
mais hábil a sua ação…
Mas não há mais tempo, tempo meu…
Não amaldiçoo o momento
em que me rendi,
nem as batalhas que sentia perder
a cada vez que venci.
Nunca me senti tão vivo enquanto morria…

Poema participante de BEDA: Blog Every Day August

Denise Gals Mariana Gouveia / Roseli Pedroso / Lunna Guedes / Bob F / Suzana Martins Cláudia Leonardi

Projeto 52 Missivas / São Dias De Olhar Pelo Buraco Da Fechadura…

E o que vejo pelo buraco neste primeiro quarto… de século, Gaia?

Próximo a mudança das estações, mais uma invasão. Homens, tanques, mísseis, blindados, irmãos matando irmãos. Passado o primeiro mês da guerra, não há solução na linha do horizonte…

Enquanto neste quadrante, a invasão de biomas inteiros aumentam dia-a-dia desde há muitas estações com motosserras, fogo e tratores, reduzindo a cinzas no solo empobrecido ou arrancando nossas irmãs árvores de seus lugares de origem para servirem aos que se intitulam senhores de seu corpo. Mais um efeito do Patriarcado, não importando a ideologia?

O clima tem se modificado, como sabe, por nossas interferências indevidas no fluxo natural da vida. Os ciclos não se cumprem, a não ser o de guerras de tempos em tempos para lembrarmos o quanto é fátuo matar e morrer por causas delirantes e ilusórias. Enquanto isso, a ferimos inoculando veneno em suas veias-rios, agredindo os seus úteros-mares, os entulhando de lixo.

Armamos armadilhas improvisadas as quais chamamos de casas em encostas de zonas degradadas que certamente virão a ruir mais cedo ou mais tarde. Ou próximos de nascentes e mananciais de água, as degradando. Sempre achei corajosa a opção de pessoas virem a viver em zonas com possibilidade de terremotos, como os residentes da cidade de São Francisco, localizada sobre a Falha de San Andrés. No Brasil, não é opção, mas falta de…

O buraco da fechadura tem se alargado e o que era para ser reservado e preservado, é escancarado e arrancado como se fosse infindável. Sei que nosso estilo de vida causa a morte de nossos companheiros de jornada. E que esse cortejo de seres extintos nos levará à nossa própria extinção.

O que eu especulo é se conseguiremos sobrepujar nossa atração pelo abismo e pararemos para voltarmos a nos conectar na mesma vibração que seu corpo emana, quando nos sentiremos como células-filhas acolhidas em seu corpo luminoso de azul.

Gaia, até onde deixará que iremos antes que faça o que for preciso para sobreviver?…

Participam: Mariana Gouveia / Lunna Guedes