tudo poderia ficar para depois
mas as lembranças não adiam a estadia
enquanto os esquecimentos fazem morada permanente
não há mágoa mas há
para mim vivo não dias porém eternos minutos
passo a passo e em cada um deles para cada memória
aleatória
uma parte de sombra e perdas
porque não fui feito para interagir mal consigo
lhe dar comigo me olvido de mim
esqueço quem sou
para onde vou
não sei de onde vim
me sinto apartado do mundo mas nele vivo
quantas vezes no chuveiro olho para os meus pés
em contato com o piso alagado de reminiscências
que escoam pelo ralo
a água é meu elemento preferido principalmente a salina
nas ondas peito os enfrentamentos e afogo
meus desejos enquanto os afago
sim
eu os tenho sou movido por eles os refuto conscientemente
ainda que os concretize
na temporada junto ao mar chuvas constantes
raios que matam e ferem
após um dia em inquietude desejei ir para a areia
tarde em escuridão de nuvens carregadas
efeitos de zcas el niño la niña seres humanos
apesar disso entrei oceano adentro
me banhei de penitência pensando que talvez morresse
cercado de solidão a minha miopia imperante
meus últimos pensamentos na desconhecida
de todos
visão para outro estado de ser
talvez morresse naturalmente
fulminado por um raio
mas sobrevivi para continuar
a magoar…
Foto por cottonbro studio em Pexels.com
Participação: Lunna Guedes / Mariana Gouveia / Claudia Leonardi / Roseli Pedroso / Bob F.




