25 / 04 / 2025 / BEDA / Horto*

Ontem, precisava estar comigo mesmo e sentir vibrar o meu corpo de uma maneira que pudesse me sentir vivo, apesar da catástrofe que se abateu sobre o País nos últimos dois anos e meio por escolha da maioria de nós.

A Pandemia de Covid-19 realçou a fratura exposta da sociedade brasileira, como se fôssemos um paciente em coma após um acidente. Se vamos nos recuperar coletivamente? Eu, não sei… Mas pessoalmente, estou tentando sobreviver da maneira que posso. Busquei estar comigo mesmo ao mesmo tempo que percebesse a minha conexão com o exterior natural.

Para isso, fiz o percurso de cerca de 4 Km a pé até o Parque Estadual Alberto Löfgreen e por lá caminhei outros 5 ou 6 Km e voltei. O acesso é permitido apenas com uso de máscara e a prática do distanciamento social, o que é fácil já que o espaço é amplo.

O sol inclinado da tarde outonal ajudava a tornar tudo mais belo e prazeroso. As indicações dos percursos são claras, mas isso não impediu que eu entrasse por um trecho fechado e “me perdesse”. Isolado, pude registrar uma foto sem máscara em meio a Mata Atlântica preservada do Horto Florestal.

O mais importante para mim foi conseguir me reconectar com a vida para além das notícias tenebrosas não apenas vindas do Brasil, mas do mundo afora. Nunca foi tão imprescindível buscar vida mundo adentro…

*Postagem de 2021

BEDA / Varrição

varrer o quintal
tarefa enfadonha?
para mim um ritual
faço com o prazer escatológico
de quem reúne estrelas na varrição
restos de galáxias que se chocam
em auto consumação apocalíptica
no chão jaz restos biológicos
vestígios da morte etapa da vida
renovada em movimentos necessários
imprecisos distantes de nosso controle
em meia hora passeio pela existência
presença passagem passageira
do feto à caveira num átimo
em reinícios etapas a cada passo
transfiro as folhagens para novo canteiro
reposição de matéria orgânica
imponho o ciclo natural do qual participamos
aceito…
a eternidade é um estado de espírito…

Texto de participante de BEDA: Blog Every Day August

Claudia Leonardi / Lunna Guedes / Mariana GouveiaRoseli Pedroso / Suzana Martins / Bob F

Mã*

Mães, eu desejo a todas vocês um dia em que possam usufruir do amor de seus filhos, estejam por perto ou distantes, fisicamente, o que não talvez não importe tanto, principalmente porque mães e filhos apresentam uma conexão umbilical, literal, durante a gestação, e espiritual, sempre.

Não conheço nenhum vínculo tão íntimo quanto o de uma mãe e seu filho. De certa forma, para confessar um sentimento menor, eu invejo esse poder incrível que vocês, mulheres, detêm. Quando as minhas filhas reclamaram por não ter o dia exclusivamente voltado para homenagearem a Tânia, brinquei que elas só eram suas filhas porque um dia eu decidira ser pai e formar família. Foi apenas uma tentativa canhestra para caber nesse amplo sentimento de gratidão e benção.

Porém, sempre haverá um porém, essa ligação natural também passa por ser construída e, portanto, pode ser destruída quando emoções efervescentes vêm a tona, conflitando os relacionamentos bastante fortes entre dois seres que se amam, mesmo quando não querem admitir.

Afora isso, os filhos têm dificuldade em aceitar que as mães sejam, também, mulheres, que carregam sonhos pessoais que fogem da alçada circunscrita a eles, seus filhos. Segundo essa postura, mães separadas de seus pais não poderiam ter desejos, não deveriam querer arranjar namorados, não precisariam de outra pessoa ocupando os seus pensamentos ou ter ideias que não sejam voltadas exclusivamente para eles. Onde já se viu?

Se ela vier a conseguir vencer as resistências, tenderá buscar para si alguém que igualmente pareça ser um bom pai, uma concessão ao fato de ser mãe, além de mulher. Por tudo isso e por muito mais, ser mãe é sofrer com todas as contradições, por ser a maior, por ser a melhor, por ser a total, por ser a absoluta definição do amor.

A foto acima é de Maria Madalena Nuñez Y Nuñez Blanco Prieto Ortega, ao completar 77, em 2009. Ela nos deixaria fisicamente em fevereiro do ano seguinte.

*Texto de 2015. Essas definições de uma mãe, parte da minha experiência com a Dona Madalena. Atualmente, mesmo tendo passado apenas oito anos, mudei muito fortemente parte das minhas posturas. Principalmente quando vim a saber sobre episódios de trauma pós-parto em que a puérpera pode vir a sofrer, com sintomas de medo intenso, desamparo, perda de controle e horror, podendo rejeitar a seu bebê. Ou quando por circunstâncias evitáveis, mães prefiram fechar os olhos para os assédios sexuais sofridos por suas filhas ou abusos físicos e psicológicos por aos filhos perpetrados pelo novo companheiro.

BEDA / Reconexão*

Postei há um ano antes:

“Ontem, precisava estar comigo mesmo e sentir vibrar o meu corpo de uma maneira que pudesse me sentir vivo, apesar da catástrofe que se abateu sobre o País nos últimos dois anos e meio por escolha da maioria de nós.

A Pandemia de Covid-19 realçou a fratura exposta na sociedade brasileira, como se fôssemos um paciente em coma após um acidente. Se vamos nos recuperar coletivamente? Eu, não sei… Mas pessoalmente, estou tentando sobreviver da maneira que posso.

Busquei estar comigo mesmo ao restaurar a minha conexão com o exterior natural. Para isso, fiz o percurso de cerca de 4 Km a pé até o Parque Estadual Alberto Löfgreen e por lá caminhei outros 5 ou 6 Km e voltei. O acesso é permitido apenas com uso de máscara e a prática do distanciamento social, o que é fácil já que o espaço é amplo.

O Sol inclinado da tarde outonal ajudava a tornar tudo mais belo e prazeroso. As indicações dos percursos são claras, mas isso não impediu que eu entrasse por um trecho fechado e “me perdesse”. Isolado, pude registrar uma foto sem máscara em meio a Mata Atlântica preservada do Horto Florestal.

O mais importante para mim foi conseguir me reconectar com a vida para além das notícias tenebrosas não apenas vindas do Brasil, mas do mundo afora. Nunca foi tão imprescindível buscar vida mundo adentro…”.

*Texto de Abril de 2021, em que estávamos em uma situação muito difícil. Atualmente, aparentemente estamos saindo da Pandemia, mas para o final do ano os prognósticos não são tranquilizadores com a continuação da Guerra da (na) Ucrânia e as eleições de outubro sob o fogo cruzado do Ignominioso Miliciano.

Participam do BEDA: 
Lunna Guedes / Alê Helga / Mariana Gouveia / 
Cláudia Leonardi