13 / 11 / 2025 / Blogvember / Dizemos Com Os Olhos Do Silêncio…

que não é mudez… me expresso pelo olhar a curiosidade em saber
quem é você quem sou eu porque estamos aqui apesar de todas as probabilidades
desse encontro de corpos de presenças de sentenças ditas e não ditas
de histórias pessoais famílias diferentes expectativas e desejos diferenciados
como não nos afastamos por tantas contrariedades idades dificuldades?
amor silencioso e potente
consumado de forma doce e voraz
que sejamos súditos dele e dele nos sirvamos
que sejamos eternos enquanto amamos…

Participação: Lunna Guedes

12 / 11 / 2025 / Blogvember / Para Que Você Vendeu O Seu Tempo?

ou para quem vendeu o seu tempo?
para si para outros alguém que o conhece?
alguém com quem se importa se doa se magoa?
por que avilta seu corpo sua mente
descrente
de que mereça mais do que cumprir a rotina
imposta por outros que não conseguem
sequer lhe agradecer seu talento
sua dedicação sua capacidade sua sagacidade?
trocam a palavra que o enalteceria por dinheiro
que compra a sua distância zelosa ao olhar pelo monitor
para quem o aluga em troca de renda
mas sei que não conseguira escapar ou sequer assim deseja
melhor aceitar que as coisas sejam assim
que se dará de corpo e sonhos a quem com mais afinco o arrenda.

Participação: Lunna Guedes / Mariana Gouveia

Foto por Joel Zar em Pexels.com

11 / 11 / 2025 / Blogvember / Atrás Do Olhar Das Meninas Sérias

o que se esconde atrás do olhar das meninas sérias?
o futuro de tantas que surgem impetuosas em seus desejos
de progredirem em um mundo que lhes são adverso
que crescem em funções e ações que lhes eram vedadas
porque são capazes são sagazes são espertas são ousadas
que percebem encontrarem inimigos entre homens velhos e jovens
os primeiros não conseguem lhe dar com o novo
os segundos ouvem histórias de tempos passadiços
em que dominavam o mundo apenas por carregarem penduricalho
entre as pernas e de si sentem pena
por que no meu tempo?
tudo seria mais fácil…
elas não querem mais gerar meus filhos como acontecia antes
meu pai me conta como era bom
o homem era disputado símbolo social de pertencimento
as meninas sérias querem ser mais do que mães
querem criarem-se a si mesmas tornaram-se melhores pessoas
fazerem o futuro prosperar em autonomia e autossuficiência
serem múltiplas femininas se quiserem
fêmeas se desejarem
companheiras de homens se lhe for conveniente
de mulheres se preferirem
poderem escolher quando e quanto entre o sim e o não
pela mente ou pelo coração…

Participação: Lunna Guedes / Mariana Gouveia

03 / 11 / 2025 / Blogvember / Deslizar De Alegria Nos Cortes Que O Silêncio Impõe

caminho por ruas calmas de uma primavera indecisa
como são todas primaveras
não é a toa que nasci em outubro
a estação parece mimetizar a minha personalidade em desatino
ou sou eu a imitar suas preferências titubeantes
entre chover ou queimar as cabeças dos transeuntes
com o sol a pino
passo por casas antigas que imitam um tempo passadiço
por algum motivo lembro de minha mãe
deslizo de alegria nos cortes de alegria que o silêncio impõe
numa época que o novo deus é chamado de inteligência artificial
numa delas um velho casal se surpreende por sua cachorrinha vir em minha direção
abanando o rabo como se me conhecesse de outra vida
perguntou a ela (não a mim) se já me conhecia
respondi que talvez tenha reconhecido a minha aura
massageei o seu pescoço de pelo cor de cobre com um carinho paternal
fui pai de outros tantos durante toda a minha vida
que não duvido que ela seja a reencarnação de um deles
mais à frente passo por um jardim composto com requintes de simplicidade
duas rolinhas se posicionam descansando da faina de trazer alimento para os filhotes
parei para observá-las se deixaram fotografar
registrei como quem escreve uma cena de uma tarde que arrefece
entre o tudo e o nada
direciono o meu olhar escolho a composição da página
eternizo o verso e reverso do casal de poesia alada…

Participação: Lunna Guedes / Mariana Gouveia

24 / 09 / 2025 / Estrela Do Mar Celeste

Tarde, quase noite,
saí para pescar no mar vermelho
do céu…
Por entre retas paredes de corais
e rochedos de formas estranhas,
balançava a vegetação
ao sabor do vento acidental…
Por fim,
quando já alcançava
o seu refúgio final,
consegui capturar,
através do olhar,
a estrela do mar continental…