A Luz passeia pela pedra
Toma posse da tarde ígnea
Varre a tonalidade nívea
Dos rostos humanos de cera.
Etiqueta: pedra
1º / 07 / 2025 / As Cicatrizes
não importa a estrutura que apresentemos
cicatrizes haverá
faz parte de existir
seja animal planta pedra
em nosso corpo seja em perna
braço cabeça mão
seja de amor no coração
na pedra a diferença da composição
mineral química cristalina vulcânica
não difere da estrutura do meu peito
endurecido após tantos revezes no amor
sou como o senhor da eternizada dor…
Arpoador
quero… desejo… vou de encontro… invado… devagar…
passos silentes sobre a areia e a pedra…
o meu corpo recebe em ondas as águas mornas do abraço marinho
desta manhã que se anuncia receptiva ela também me deseja
as águas se mostram aparentemente turbas rebeldes
consigo ler a sua dinâmica de mulher apaixonada fogo em forma aquosa
os meus membros a penetram como um cavaleiro de espada em riste
em uma batalha que já perdi sei desde o início mas guerreio
fardo de homem que ao oceano ama e por ele se derrama em sal
eu o decomponho e o absorvo em minha mente
de querer amoroso marolas se disfarçam de amantes
desfaço-me em pequenas porções de moléculas de oxigênio e hidrogênio
o meu ego apartado de mim é lançado no mar profundo
me entrego ao beijo da amada no amanhecer revelador
raios de sol por testemunha
de que sou seu amor morro para esta existência em gozo
transformado em milhões de gotas
a rebater na arrebentação junto às pedras do arpoador…
O Reverso*

O reverso da medalha…
O outro lado da moeda…
O tempo que retorna…
O Clima que responde…
Aos efeitos reiterados
Dos delirantes
E alienados!
A Terra gira — se transforma!
Mas mantém a lei constante
De que tudo é inconstante
Incluindo o Homem
Que sobre ela pisa…
Volto no Tempo — transmudo
A noite em dia
Trago o Sol
Para mais perto da chuva
De ontem
Mais longe da água que verterá
Amanhã
Festejo o interregno
Que hoje faz descansar
A cidade de pedra…

*Poema publicado em 2015
B.E.D.A. / Fome De Pedra
Eu não sei o que acontece, mas não são poucas as vezes que eu sinto uma tremenda vontade de abocanhar esta cidade de asfalto e pedra!
Degluti-la quase toda e a vomitar inteira, renovada e rediviva.
Quando a vejo tão aparentemente desabitada, como nesta manhã de domingo, ainda sei que por trás de suas paredes, portas e janelas, o drama da vida se apresenta implacável e comovente…
Amores acordaram abraçados…
Traições foram postas à luz…
Amizades passaram a noite insones apenas no bate-papo livre e sem rumo…
O desejo de ser feliz pode ter encontrado guarida nos peitos e as paixões nos corpos. ..
Ou, tristemente, podem ter se perdido entre os desvãos dos prédios e das ruas sem saída da Metrópole insana que desperta…
*Manhã de um domingo de agosto de 2016.
Participam do B.E.D.A.:
Lunna Guedes
Adriana Aneli
Cláudia Leonardi
Mariana Gouveia
Roseli Pedroso
Darlene Regina



