Pode ser a última lua… A última vez que atua… Pode ser a sua última noite… A derradeira hora do açoite… O último abraço e o colo quente… O último suspiro e o beijo ardente… A última chance de perdoar… A última oportunidade de amar…
Tenho por mal hábito discorrer sobre tudo e nada. Produzo elocubrações confusas e rasas, em muitas oportunidades. Em outras, viajo para fora do contexto ou acerto sem querer em coisas mais profundas e interessantes. Feito um pescador, tenho recolhido antigas publicações antes que sejam deletadas pelos seres invisíveis do Senhor Algoritmo ou seja lá quem for quem comande a Rede. Na época de BEDA, na falta de ideias novas, essas recordações vem bem a calhar.
PRISIONEIROS (2016)
Quem está solto? Quem está preso?… As calopsitas passeiam pela gaiola a se sentirem seguras, mesmo com a aproximação de um suposto predador. As plantas do jardim estão cercadas para que elas não sejam prejudicadas por invasores. Da mesma forma, nós nos imaginamos protegidos por grades nas janelas, portas e portões de ferro… O que diferencia uns prisioneiros de outros? O que é liberdade?…
LUNAR (2016)
Pode ser a última Lua… A última vez que atua… Pode ser a sua última noite… A derradeira hora do açoite… O último abraço e o colo quente… O último suspiro e o beijo ardente… A última chance de perdoar… A última oportunidade de amar…
PRINCESA ISABEL (2011)*
Vista da Praça Princesa Isabel, onde vemos o Duque de Caxias estacionado com o seu cavalo e seu braço em riste com uma espada, para sempre. À esquerda, abaixo, um catador de papel, figura onipresente na região e, mais ao longe, no horizonte, Cristo, no topo do prédio do Colégio Sagrado Coração de Jesus, observa o domingo na Cracolândia. Bem ao fundo, temos o perfil da Serra da Cantareira — Em registro fotográfico de Março de 2009.
*Atualmente, a Praça Princesa Isabel está cercada por todo o seu perímetro por grades. Meses antes, estava ocupada por um acampamento de pessoas em situação de rua, viciados e traficantes de drogas, num amálgama que demonstra a evidente falha em solucionar as contradições do Sistema.
— Mãe!… Mãe?… — Oi, filho!… — Oi, mãe! Como vai a senhora? — Eu me sinto plena, meu filho! — Que bom, mãe! — Por que me chamou pessoalmente?… Não sabe que estou sempre com você? — Sim! Eu a sinto o tempo todo comigo… Sabe que é… Estou vendo todo mundo postar coisas bonitas sobre as suas mães… Quis participar… — Não precisa, meu filho! Eu sei do seu amor por mim!… Não seria vaidade de sua parte?… Por se autodenominar escritor? — Pensei nisso… Por isso, pensei em não postar nada… Mas, para ser sincero, senti uma imensa necessidade de fazê-lo… Então, quis colocar algo que fosse seu, uma palavra ou uma frase sua… — Tem certeza que quer mesmo, menino?… Talvez você não goste tanto do que eu venha a dizer… — Sério? Apenas tenho seguido o meu coração, mãe… Quando eu erro, erro por amor, tanto quanto a senhora, quando estava presente fisicamente… — O que eu aprendi vivendo do outro lado da vida é que somos seres errantes e errôneos, na maior parte das vezes… Mas errar por amor é o melhor motivo, melhor do que qualquer outro… — Que lindo, mãe!… me sinto melhor… — Mas, isso não é tudo, querido… Você me pediu uma palavra, talvez um conselho e vou lhe dar… — Sim, Dona Madalena… — Perdoe!… Perdoe e se perdoe, do fundo do seu coração!