A cada dia que pergunto algo ao céu,
ele responde de forma diferente.
Mas o sentido é o mesmo — a vida
é movimento e transformação…
Adriana Aneli / Alê Helga / Claudia Leonardi / Darlene Regina
/ Mariana Gouveia / Lunna Guedes / Roseli Pedroso
A cada dia que pergunto algo ao céu,
ele responde de forma diferente.
Mas o sentido é o mesmo — a vida
é movimento e transformação…
Adriana Aneli / Alê Helga / Claudia Leonardi / Darlene Regina
/ Mariana Gouveia / Lunna Guedes / Roseli Pedroso

A foto acima, faz parte da série “Papai É Bombadinho”, nomeação dada por minha caçula, Lívia. Na época, há seis anos, a minha intenção ao postá-las era demonstrar o esforço que fazia para me manter ativo naquela etapa da vida em que muitos desistiam de se movimentar ou praticar alguma atividade física por suposta falta de tempo – o que era comum acontecer também comigo – tanto quanto agora. Muito mais comumente, é por simples falta de vontade, para não dizer: preguiça.
O principal fator para prefiramos deixar a preguiça tomar conta de nosso corpo é que se exercitar dói. Sim, não vou mentir – ao começarmos um programa de atividades físicas, a dor é nossa companheira constante e sugiro que não tentem reduzi-la com o uso de relaxantes musculares, porque isso, conforme eu aprendi, de certa maneira faz com que você perca parte dos benefícios dos exercícios. A dor é uma resposta muscular à adaptação do organismo à nova demanda do nosso corpo. No entanto, após o doloroso processo de adaptação, você começa a perceber que os resultados surgem e você passará a se tornar um assíduo praticante de exercícios. Chegará até – olha que loucura – a sentir falta daquela dorzinha de quem passa por esse período inicial.
O fato é que sempre gostei de atividade física – jogar futebol, voleibol, basquetebol, correr, nadar. Porém, com o passar dos anos, gradativamente, fui deixando de me movimentar. É claro que o meu peso aumentou, não só pela inatividade como também pela alimentação desequilibrada, no tempo, na proporção e qualidade devidas. Aliado a outros fatores, tive alguns problemas de saúde, culminando com uma crise hiperglicêmica no final de 2007.
Desenvolvi silenciosa, mas inevitavelmente, uma Diabetes Milittus, Tipo II, associada a hereditariedade, a idade e ao estilo de vida. Cheguei a 715 mg/dl quando o índice normal deva girar em torno de 100 mg/dl, isso, depois de tomar insulina na veia. Cheguei ao hospital bem mal, com a visão turva, mal podendo caminhar. Estava quase reproduzindo a morte de um grande amigo meu, o Wanderley Santos, que se foi em uma crise dessas. Fui salvo por minha mulher, Tânia, que percebeu que os meus sintomas – sede intensa, vontade de urinar a todo momento, visão nublada e uma irritabilidade insuportável – correspondiam aos de uma Diabetes, doença que não sabia sequer ter desenvolvido.
Após sair da internação, usei insulina injetável durante algum tempo, mas não mais. Sucedida a pior fase, adotei uma dieta mais equilibrada e incentivado por minha mulher e filhas – Livia, Romy e Ingrid, decidi voltar a estudar, nesse caso, justamente Educação Física. Talvez sentisse necessidade em compreender como ocorre o desenvolvimento do corpo humano – sempre ocorre desenvolvimento, mesmo que negativo – e de que maneira podemos lidar com as circunstâncias envolvidas nesse processo.
A musculação tem me ajudado a controlar a minha Diabetes e os fatores envolvidos na explicação de como isso ocorre são um pouco técnicos e não será aqui que discorrei a respeito, mas persiste o fato de que são fatores marcantes e óbvios seus benefícios em meu organismo. Percebam que nomeio a Diabetes com letra maiúscula, porque é uma forma de demonstrar respeito por um mal cada vez mais presente na vida das pessoas, caso não se revertam rapidamente as condições de nosso estilo de vida atual.
No entanto, para ver como o mundo dá voltas, em fevereiro fez dois anos que não entro em uma academia. Quando falamos em estilo de vida, isso inclui as circunstâncias gerais do lugar onde vivemos. Para compensar o avanço do custo de vida, tenho que trabalhar muito mais do que antes, fico mais cansado e o tempo é curto para outras coisas, como me exercitar convenientemente. Como minha atividade me permite me movimentar bastante, diria que faço um trabalho físico funcional – literalmente. Função e funcionamento orgânico em conjunto. É o que temos para hoje…


Há expressões que tem o poder de definir situações, registrar momentos, estabelecer conexões, parafrasear a realidade. Uma delas é “foda-se”. Ou “foda-se!”, para torná-la mais enfática. Considerando que “foder” é um verbo de ampla conotação, que tanto poderá ser utilizado para exaltar uma ação ou acentuar uma ofensa, sua aplicação é quase uma panaceia para resumir determinadas circunstâncias.
Utilizado como recomendação terapêutica em momentos muito estressantes, “ligar o foda-se” ou proclamar um “que se foda” é uma solução conveniente quando não temos o que fazer em alguns casos ou instantes, como deixar o barco correr, até que possamos reconquistar a condução do percurso. Ou largar mão definitivamente de algo que supúnhamos essencial e que venhamos a perceber que não fosse tão intenso assim. É considerada uma atitude zen.
“Foda-se!” é mais comumente usado para xingar alguém e, em muitas circunstâncias, poderá ser substituído por “vá tomar no cu!” ou “que se dane!”. A intenção é que a pessoa se dê muito mal, se estrepe, sofra muito. Não são poucos os que recebem com satisfação essa exclamação. A vítima do xingamento, muitas vezes buscou a reação verbal extremada e se sentirá recompensada por ver explodir na boca do suposto injuriante a mais excelsa das expressões de ódio.
Uma análise mais extensa do “foda-se” também significará que se peça ao alvo do (hipotético) impropério que se auto-satisfaça sexualmente. “Foder” é um verbo que é bastante empregado para designar relações sexuais. É usado intimamente por vários parceiros para ilustrar o que desejam de maneira prazerosa. “Foda-se!”, nesse caso, é encarado como um desejo de bem-estar dirigido ao alvo da expressão.
Sem querer complicar o quadro, posso dizer que há momentos que gostaria de mandar um “foda-se!” teleguiado a alguns sujeitos. Tanto quanto ficaria animado em desejar a mim mesmo diante do espelho, mãos a postos: “foda-se gostosamente!”. Assim como amaria foder com alguém, no melhor dos sentidos. E, se mais nada adiantar, posso sucumbir à tentação de “ligar um foda-se” geral em resposta a tudo o que está acontecendo neste País.
