Vale Do Matarazzo*


Quantas informações pode conter uma foto? Nesta, tirada de um posto de Inspeção Veicular (para quem é de fora de São Paulo, era uma inspeção para verificar os índices de emissão de poluentes de um veículo, a ser paga pelo proprietário do mesmo, o qual ele apenas recebe o valor de volta se passar na primeira vez, o que muitíssimas vezes não ocorre já que os parâmetros são muito baixos), podemos ver três velhas chaminés, constituindo a chamada “Casa das Caldeiras” à esquerda.

À direita, um dos prédios de um novíssimo conjunto residencial, fazendo sombra à primeira casa do homem mais rico do Brasil no começo do Século XX, responsável por cerca de 1% do PIB à época. Tratava-se de Francisco (Francesco Antonio Maria) Matarazzo, que construiu no Vale da Barra Funda, ao longo de alguns quilômetros, o primeiro grande parque industrial de São Paulo, o maior complexo da América Latina — as Industrias Reunidas Matarazzo — com fábricas que produziam vários tipos de produtos, de alimentos a condimentos. Linhas de trem, às quais podemos ver as estruturas das torres eletrificadas, recebiam as matérias-primas e levavam os produtos para todos os cantos do País.

Como nada é para sempre, a fortuna construída pelo pioneiro, foi dissipada por seus herdeiros. Ao fundo, ainda vemos parte do Shopping Bourbon e o andamento da construção do novo estádio da Sociedade Esportiva Palmeiras, cujo o terreno onde se localiza foi uma doação do Conde, assim condecorado pelo governo italiano em 1917, tornando-se Don Francesco Antonio Maria, Il Molto Onorevole Conte Matarazzo (Castellabate, 9 de março de 1854 — São Paulo, 10 de dezembro de 1937).

*Texto de 2013

BEDA / Prá Sonhar…

Teve uma forte sensação de vertigem, como se um vale inteiro se abrisse diante de si e ficasse à beira de um precipício, apenas seguro pelas pontas dos pés. Quando a viu pela primeira vez a reconheceu como se sempre a esperasse. Não era somente bonita, mas igualmente intensa e radiante a sua presença. Ele a seguiu com os olhos e percebeu que algo deteve os seus passos, porque ela se voltou em direção aos seus olhos. Ficou estática, se bem que parecesse evoluir em volteios pelo ar e começou a sorrir um sorriso de reconhecimento. Sim! Ali estava a pessoa a qual pertenceria a partir daquele instante em diante, como se antes já soubesse que assim seria. Ela se apartou de seu grupo e ele ficou onde estava, já que cairia se fosse em frente. Logo, estavam juntos. Ele, seguro ao segurar a sua mão, caminhou acima do vale que atravessava a alma. Não duvidou de mais nada, como se o mundo finalmente fizesse sentido. Apenas não compreendia como conseguira respirar até então sem a presença de sua amada. Finalmente, compreendeu que a vida e a morte são irrelevantes fronteiras da existência. Tudo era, apenas e tão somente, amor.

Adriana Aneli Alê Helga – Claudia Leonardi Darlene Regina
Mariana Gouveia – Lunna Guedes / Roseli Pedroso