28 / 11 / 2025 / Blogvember / Subi As Escadas Da Noite…

…. a lua por testemunha as luzes citadinas não atrapalharam
a minha visão do esplendor estelar quase como se fosse um presente
de algum deus noturno
olha observe a minha grandeza o universo à disposição de sonhar
o quanto quiser ou puder imagine como quando criança peter pan
e os meninos perdidos a enfrentar homens maus feito o capitão gancho
o pó de pirlinpimpim nos dando a faculdade de voar por entre os astros
escapar da fome da miséria da dor das diferenças impostas por impostores
da violência apenas porque tem o “defeito da cor” dos pusilânimes
que se dizem messias o enviado que tripudiou dos doentes
dos desvalidos dos empobrecidos a combater ao lado dos empobrecidos de espírito
enfim encarcerado mas ainda por alguns reverenciado
porque os descerebrados se reproduzem como mosquitos
ainda farão muito ruido produzirão zumbidos em série vezes xis
espalharão o mal por estradas atulhada de zumbis…

Participação: Lunna Guedes

Foto por Min An em Pexels.com

Morto-Vivo

Morto-Vivo
Eu, em 2015 – um dos meus mortos…

Halloween. Día De Los Muertos. Finados. Todas essas manifestações avançam vivas com o passar dos anos, ganhando ou perdendo adeptos… O lado assustador da vida – o terror da morte – tem surgido em versões caricatas, se sobrepondo aos aspectos religiosos e/ou folclóricos. Acabamos por testemunhar desfiles-fantasias de mutilados, seres do submundo e mortos-vivos pelas ruas, perfeitamente ignorados pelos verdadeiros e costumeiros zumbis cotidianos do ano todo.

Como já disse  a respeito desta época, alguns dos meus mortos – pessoas com as quais convivi – estão tão mais vivos em mim do que alguns dos vivos com os quais compartilho o mesmo tempo e espaço… Isso me levou a perceber que carrego, dentro de meu “corpo” outros mortos, além daqueles de carne e osso que já passaram. São, ou melhor, foram eu mesmo, em algum momento, que não atuam mais como protagonistas, porém dos quais me recordo quando caminhavam, sendo eu.

Dessa forma, sou também um morto-vivo que passeia com muitos de mim a me assombrar, dos quais guardo episódios, confidencio segredos, discordo de antigas condutas e dos quais, da maioria deles sinto muita saudade. Ainda que gostasse da ideia que se manifestassem, sei que eles não sobreviveriam à pressão da vida que levo atualmente.

Reconheço que eles foram importantes para a minha trajetória e que deles me alimentei para chegar até este ponto da vida, em que consigo lidar com o fato de que só estou vivo porque eles morreram em mim e por mim, figurativa e cabalmente.