A metamorfose se deu, de início pelo olhar… O movimento dela o paralisou. Como se fotografasse cada gesto, aprisionou dentro de si a evolução do casulo à borboleta — da flor ao céu — asas da imaginação…
Quis recuar quando suas vozes ocuparam o mesmo ambiente — palco de suas atuações… Percebeu que fluíam sonoras conversas de palavras entrecortadas, caladas… As lacunas preenchidas de desejos perfeitos em suas incompletudes.
Quebradas as barreiras — distâncias de centímetros-quilômetros — peles sem proteção, mentes despertas, liberta de atavismos e consequências, o imediato transformado em eterno, se reconheceram outros, os mesmos…
Ele, transmutado de Jackyll em Hyde, de homem em lobo, de mortal em vampiro, de Clark em Superman — todos e ninguém, vivia ausente de si… Passou a respirar o vácuo se não aspirasse o hálito da paixão…
Transformação irremediável, perigosa, instável, liberdade de viajante encarcerado, não trocaria o permanente desconforto do atual caos da criação do mundo pela antiga estabilidade da morte em vida…
A metamorfose se deu, de início pelo olhar… O movimento dela o paralisou. Como se fotografasse cada gesto, aprisionou dentro de si a evolução do casulo à borboleta — da flor ao céu — asas da imaginação…
Quis recuar quando suas vozes ocuparam o mesmo ambiente — palco de suas atuações… Percebeu que fluíam sonoras conversas de palavras entrecortadas, caladas… As lacunas preenchidas de desejos perfeitos em suas incompletudes.
Quebradas as barreiras — distâncias de centímetros-quilômetros — peles sem proteção, mentes despertas, liberta de atavismos e consequências, o imediato transformado em eterno, se reconheceram outros, os mesmos…
Ele, transmutado de Jackyll em Hyde, de homem em lobo, de mortal em vampiro, de Clark em Superman — todos e ninguém, vivia ausente de si… Passou a respirar o vácuo se não aspirasse o hálito da paixão…
Transformação irremediável, perigosa, instável, liberdade de viajante encarcerado, não trocaria o permanente desconforto do atual caos de criação do mundo pela antiga estabilidade de morte em vida…
Ontem, varria o quintal quando vi restos de um ovinho de lagartixa, bichinho que admiro muito. Fiquei feliz com os passinhos imaginados do Hemidactylus mabouia recém-nascido por nosso quintal, espaço que considero um abrigo da vida, incluindo plantas, pássaros visitantes, aranhas, borboletas e outros insetos. Eu sempre fui fascinado por Ciências e quando criança acreditava que as simpáticas lagartinhas que subiam pelas minhas paredes eram descendentes diretas dos dinossauros. Eu era fascinado pela Origem das Espécies, de Darwin, e as via como representantes ao alcance dos olhos da seleção natural e adaptação dos seres que pululam pelos continentes e oceanos.
Criador de galinhas e amante dos pássaros, principalmente pela capacidade de voar, sonho de todos nós, nunca havia imaginado que esses seres fossem resultado da adaptação daqueles que dominaram o planeta por 160 milhões de anos. O termo “evolução” visto no sentido de aprimoramento é demonstrado cabalmente quando percebemos que o necessário foi feito para que as antigas espécies que aqui viviam, se adaptassem para aproveitar os recursos disponíveis. Se estivessem ainda caminhando entre nós, não teriam chance de continuarem ativos. Um meteoro os aniquilou em pouco tempo, a nossa espécie o faria não tão rapidamente, mas assim como faz com as que se adaptaram às circunstâncias terríveis do clima instável que resultou do choque, certamente ocuparia seus habitats, os matando.
Somos como um meteoro. Nós estamos aqui há apenas 200 mil anos. A força do impacto de nossa presença é equivalente a de um corpo imenso vindo do espaço que colidiu neste planeta de 4 bilhões e meio de anos. Em pouco tempo, extinguimos diversas espécies de plantas e de animais, devastando grandes áreas em terra e no mar. Supostamente desenvolvemos um cérebro com imensa capacidade cognitiva. Contudo, a nossa inteligência parece estar voltada para uma sanha conscientemente destrutiva. Se não for precipitado por algum acidente, deverei morrer até a chegada de meados deste século. E sinto que não verei a nossa espécie evoluir para a cultura de preservação da vida pela simples percepção de sua vital importância para a nossa própria preservação.
Recentemente, chegaram a mim Elton John e as três Kardashians— galo e galinhas garnisés — proporcionando uma viagem na minha história pessoal. Diferente de 50 anos antes, desde há muito sei que são descendentes dos colossais animais que caminharam pelo chão no qual pisamos. Eu os vejo não apenas com o respeito que sempre dei a todos os seres, franciscano que sou, mas também por sua história antiga, apesar da conformação recente em termos de características morfológicas. Mesmo porque a adaptação das espécies ao meio é constante. Um pouco mais tarde, li a notícia da descoberta do ovo que abrigou “Baby Yingyang”, fóssil do embrião de um bebê dinossauro perfeitamente preservado. Pertencente ao grupo dos terópodes oviraptorídeos, parentes distantes das aves, a projeção em vídeo de sua existência me emocionou. Hoje, dia de #TBT, não vejo algo que mereça maior homenagem do que a lembrança de uma vida de 66 milhões de anos, ainda que não tenha chegado a eclodir em toda a sua potencialidade.
A metamorfose se deu, de início
pelo olhar…
O movimento dela o paralisou.
Como se fotografasse cada gesto,
aprisionou dentro de si a evolução
do casulo à borboleta –
da flor ao céu –
asas da imaginação…
Quis recuar quando suas vozes
ocuparam o mesmo ambiente –
palco de suas atuações…
Percebeu que fluíam sonoras
conversas de palavras
entrecortadas,
caladas…
As lacunas preenchidas de desejos
perfeitos em suas incompletudes.
Quebradas as barreiras –
distâncias de centímetros-quilômetros –
peles sem proteção,
mentes despertas,
liberta de atavismos
e consequências,
o imediato transformado em eterno,
se reconheceram outros,
os mesmos…
Ele,
transmutado
de Jekyll em Hyde,
de homem em lobo,
de mortal em vampiro,
de Clark em Superman –
todos e ninguém,
vivia ausente de si…
Passou a respirar o vácuo
se não aspirasse o hálito da paixão…
Transformação
irremediável,
perigosa,
instável,
liberdade de viajante
encarcerado,
não trocaria o permanente desconforto
do atual caos da criação do mundo
pela antiga estabilidade da morte
em vida…
Eu estava a caminho do meu trabalho, quando ouvi “Quase Sem Querer”, do Legião Urbana. Talvez passe das duas centenas a quantidade de vezes que a ouvi. Cheguei a cantar essa música para um afeto antigo em pleno ônibus na volta da faculdade pelos anos 80. Gostava da letra, apreciava a canção e a sinceridade do Renato Russo ao entoá-la.
No entanto, por uma dessas circunstâncias estranhas, no momento que a ouvi outro dia, o texto dela me fulminou com um raio. Muito do que era dito ali se encaixava perfeitamente em minha vida como se colocasse as últimas peças de um enorme quebra-cabeças. Quase me envergonhei por ver ressurgir o arroubo juvenil de trinta anos antes.
O meu gosto musical mudou bastante e muitas vezes, por critérios de suposta evolução cultural, abrimos mão de apreciar coisas do passado para parecermos mais elitizados ou para não parecer que temos um “presente congelado”. Talvez seja triste que algo feito há décadas repercuta em mim de forma tão veemente, talvez seja saudável.
Em resumo, apenas sei que declaro a minha cíclica humanidade, pois “tenho andado distraído, impaciente e indeciso e ainda estou confuso, só que agora é diferente: estou tão tranquilo e tão contente… Quantas chances desperdicei quando o que eu mais queria era provar pra todo o mundo que eu não precisava provar nada prá ninguém? Me fiz em mil pedaços prá você juntar e queria sempre achar explicação para o que eu sentia. Como um anjo caído, fiz questão de esquecer que mentir pra si mesmo é sempre a pior mentira. Mas não sou mais tão criança a ponto de saber tudo… Já não me preocupo se eu não sei porque, às vezes o que eu vejo, quase ninguém vê e eu sei que você sabe, quase sem querer, que eu vejo o mesmo que você… Tão correto e tão bonito. O infinito é realmente um dos deuses mais lindos. Sei que às vezes uso palavras repetidas, mas quais são as palavras que nunca são ditas? Me disseram que você estava chorando e foi então que percebi como lhe quero tanto… Já não me preocupo se eu não sei porque, às vezes o que eu vejo quase ninguém vê e eu sei que você sabe quase sem querer que eu quero o mesmo que você…”.