Perpendiculares*

madrugada alta

em quarto crescente

dois quartos de ano

sem lhe falar

longa noite de escuridão

buraco aberto no peito

feito a lua no firmamento

bala perdida de amor perdido

em sangue coagulado

morro lentamente

paira em minha mente

se ela ainda pensa em mim…

*Poema de 2021

Não sou Diego Rivera, mas Frida me ama… Neste estranho mês de julho, tenho pensado muito em minha mãe, que nasceu neste mesmo mês, há 85 anos. Ela está conosco apenas em espírito desde 2010. Por uma dessas “coincidências”, minha mãe chama-se Madalena, o mesmo nome de Magdalena Carmen Frida Kahlo y Calderón, que nasceu na mesma data de 6 de julho, 25 anos antes da menina Nuñes Blanco. Frida, a minha, tem uma personalidade a ser desvendada por nós, que convivemos com esse ser com “olhinhos de avelã”, como diz a Romy, que, aliás, tem o nome inspirado em uma atriz que eu muito admiro. Todas as “nossas cãs” tem nomes fortes – Penépole (de Ulisses), Domitila (de Castro), Maria Betânia e Lolla (Corra) Lolla. São coisas do surrealismo que é viver…

*Texto de 2017

A minha irmã assiste ao programa Sr. Brasil, com Rolando Boldrin, mais uma forma de homenagem à minha mãe, que adorava assisti-lo nas manhãs de domingo. Em certa passagem, o grande Boldrin conta sobre um padre que vê um caboclo adentrar à sua igreja à luz do dia. O padre pergunta ao tal: “Veio confessar?” – Ao que o sujeito responde: “Não! Tô esperando juntar…”. Agora, eu pergunto: quantos pecados devemos juntar até nos redimirmos, afinal? Com a vida corrida de hoje, sabendo que iremos pecar, inevitavelmente, não vejo porque não fazermos liquidação de débitos, também nesse quesito.

Eu me lembro que para fazer a primeira comunhão, muito garoto que era, tinha que confessar as minhas faltas para o padre, que sorria a cada uma que disse ter cometido: briguei com a minha irmã, xinguei um colega na escola, desobedeci a ordem da minha mãe em não empinar pipa na rua… Como eu era pecador!

*Texto de 2011

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