Estaciono [estaciono não no tempo ou na vida-movimento] (Flávia Côrtes) 

sou uma pessoa cortês
quero conviver com civilidade
com próximos e estranhos
desejo que o mundo prospere
que sejamos felizes
sem separação de direito
entre os marginalizados
e os nobres das cortes
que todos vivamos sem cortes
de víveres para os empobrecidos
que vivamos felizes em danças e cantos
que se realizem em todos os campos
o progresso humano
o crescimento de oportunidades
a abertura de horizontes
o afastamento das injustiças de antes
o encontro da arte com a vida
o aprimoramento da arte de viver
e de viver a arte
que os ruídos se resumam a farfalhares
rumores de riachos limpos de águas potáveis
do som das ramagens nos jardins
que sigamos em direção ao crepúsculo
sem impedimentos de perspectivas solares
e quando eu parar estarei no futuro
num estacionamento de casas móveis
porque todos estarão em todos os lugares
escolherei um ponto perto duma árvore
onde um pássaro canoro fez o seu ninho
estaciono [não no tempo ou na vida-movimento]
ficarei enquanto o meu coração desejar
ou enquanto a poesia se revelar…

Participam: Mariana Gouveia / Roseli Pedroso / Suzana Martins / Lunna Guedes