Página da mais recente publicação de minha autoria — O Cão Branco. Está no formato de plaquete, uma alternativa interessante para projetos literários independentes como são os que eu pratico, sob os auspícios da Scenarium Livros Artesanais. Nessa edição, eu respondo a uma carta de Lunna Guedes, mencionando a experiência da tentativa de resgatar um cão provavelmente abandonado, a relacionando a um personagem de sua infância, um homem que ficou passeando em sua mente desde então, parado na Estação Ferroviária de Nervi, em Gênova, na Itália.
Eu me tornei escritor quando assumi que essa era a identificação pela qual queria ser conhecido. Publicar um livro apenas referendou o desejo de menino materializado no meu primeiro livro, que veio a se chamar REALidade, lançado em 2017. É constituído por crônicas que publicava nas redes sociais, além de algumas outras, inéditas. É uma edição que envelheceu bem. Gosto muita dela.
A minha atividade profissional implica em certo trabalho físico. Tenho uma pequena empresa de locação de equipamentos de som e luz para eventos festivos e/ou artísticos. Melhor dizendo, eu loco serviço de sonorização e iluminação. Trabalho com muitos artistas da música, do teatro e também em eventos empresariais. Frequento ambientes o mais diversos e não são poucas as vezes que volta e meia me chegam histórias das mais simples até as mais estranhas, ainda que verdadeiras. Instado por minha editora a incrementar uma história de abuso infantil, fui mergulhando nos meandros que envolvem o poder e a manipulação de pessoas através da minha personagem — Elizabeth Gonçalves — em Senzala, uma novela. Na foto das páginas não estranhem as minhas unhas sujas. Faz parte do rescaldo da manipulação dos equipamentos da minha atividade. Muito menos vergonhosas que o quadro que talvez pareça pintado em tintas fortes demais, mas que chegam a ficar distante da realidade dura e crua.
Eu gosto de poesia desde garoto. Eu me identificava, quando adolescente, com os poetas do Mal do Século (XIX) — Álvares de Azevedo, Casimiro de Abreu, Fagundes Varela e Junqueira Freire. Adorava declamar Castro Alves e fui bastante apaixonado pela poesia de Gonçalves Dias, principalmente pelos versos de I-Juca-Pirama. Mais maduro, Mario de Andrade e Drumond de Andrade ocuparam a minha mente com as suas incursões na realidade. Eu sempre escrevi poesia. Assim como os poetas do final do Século XIX, incursionava pela dor de amor. Era um amor sem destinatária. As minhas musas eram idealizadas, muitas à partir de pessoais reais (que nunca souberam ser musas involuntárias), outras, atrizes do cinema e da televisão. Mais recentemente, fui escolhido à participar de um Coletivo patrocinado pela Scenarium —ANDARILHA. Fiquei feliz, ainda que tenha mudado bastante a minha escrita poética, tentando inovar nas imagens e nos temas. É um belo projeto que fiquei contente em participar.
RUA 2 foi o segundo livro que lancei. Foi escrito numa fase pessoal difícil, em que a seca temática foi bastante severa. Abertas as comportas, logo começou a fluir histórias relatadas através de minha experiência na Periferia da Zona Norte de São Paulo. Compostas por contos curtos, relatam situações comuns do cotidiano periférico, sempre com pontuação dramática, muitas vezes, violenta. Talvez resquícios da morte de meu pai, com quem tive várias diferenças ao longo da vida.
Uma das situações em que meu pai causou repercussão longeva em mim, foi a sua atitude em relação ao fato de que eu ter tido incontinência urinária até os meus oito anos, por aí. Apenas mais recentemente li que essa característica pode ser causada por sintoma exacerbado de Ansiedade. Aliás, apenas nos últimos anos eu aceitei que sempre fui ansioso. Essas crises de ansiedade acabou por gerar um isolamento voluntário por um mês que me salvou de uma crise mais severa. É claro que isso acabou no papel. Gerei mais um livro: Curso de Rio, Caminho do Mar — que não está nesta publicação, mas que me ajudou a sair do estado mental no qual estava mergulhado. Ajudou bastante mergulhar igualmente nas águas das praias de Ubatuba.
Participam:
Claudia Leonardi
Mariana Gouveia
Lunna Guedes
Roseli Pedroso
Silvana Lopes






A vida sempre nos presenteando com belas ou bizarras histórias. Gostei de suas páginas!
Sempre um prazer espiar páginas que eu costurei, rá
wow!! 90Sobre Navegar E Amar